A oposto Chumba mediu Tandara da cabeça aos pés antes de a bola subir na Ariake Arena. A líbero Agripina Kundu seguiu a recomendação do técnico Luizomar de Moura: divertiu-se na quadra dos Jogos Olímpicos. Wacu pediu para fazer uma selfie com Gabi.
Sorrindo, o time de vôlei feminino do Quênia deixou Tóquio com cinco derrotas em cinco jogos e sem o gosto de vencer um set.
Eliminada na primeira fase, a equipe africana se despediu com uma derrota para a seleção brasileira por 3 sets a 0, parciais de 25/10, 25/16 e 25/8, na manhã de segunda-feira (2).
Classificado em primeiro lugar do Grupo A, o Brasil jogará na quarta-feira (4) contra o Comitê Olímpico Russo, às 9h30 (de Brasília).
Já as quenianas sonham voltar aos Jogos sem ter que esperar quase 17 anos, como ocorreu entre Atenas-2004 e Tóquio-2020.
“É a primeira vez que estou nas Olimpíadas, fiz o meu melhor e estou muito feliz. Levarei a recordação de estar aqui pelo resto da minha vida”, diz Agripina Kundu, 28. “Fiz o que Luizomar pede e me diverti.”
As quenianas só conseguiram ficar à frente do Brasil no placar uma vez, no segundo set, quando fizeram 2 a 1. Mesmo em constante desvantagem, comemoraram cada ponto com entusiasmo.
O Quênia é conhecido como potência no atletismo, e foi no atletismo que conquistou 96 de suas 103 medalhas olímpicas. As outras sete foram no boxe.
Na contramão desse processo, o vôlei tem uma estrutura quase amadora, e nem todas as atletas conseguem sobreviver apenas com rendimentos do esporte.
O pernambucano Luizomar de Moura assumiu a preparação das quenianas dois meses antes de a competição ter o seu início no Japão.
Sua contratação foi viabilizada pela FIVB (Federação Internacional de Voleibol), que tem um projeto para auxiliar o desenvolvimento da modalidade na África. Durante a preparação, Luizomar apresentou vídeos de como as atletas brasileiras treinam e atuam.
“A Tandara me inspira muito, quis aproveitar o máximo próximo dela. Nestas Olimpíadas, tive a oportunidade de ver de perto os grandes times, como Brasil, China, Itália”, falou a oposto Chumba, 22. “Foi algo muito importante estar aqui. Sou nova e aprendi bastante.”
Como parte do compromisso com a FIVB, Luizomar deverá entregar um relatório do trabalho realizado e dos possíveis avanços.
“Eu saio com uma experiência extremamente fantástica, vivi intensamente essa preparação da equipe do Quênia, além de poder aprender mais da cultura africana, da sua história, e isso não tem preço. Fui recebido com muito carinho”, falou o técnico, que deixou a quadra chorando.
“Espero que, em um espaço curto, a gente posso mostrar não só a alegria das quenianas mas uma evolução física e tática.”
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.