Após ofensas racistas, jogador da Inglaterra pressiona Facebook e Twitter a reprimir abusos

Saka aponta como triste realidade que 'poderosas plataformas não estejam fazendo o bastante'

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Erin Woo
Nova York | The New York Times

No Twitter, no Instagram, e no Facebook, pessoas postaram emojis de macacos e epítetos racistas para insultar Saka, Marcus Rashford e Jadon Sancho, todos os três negros, que erraram suas cobranças na decisão por pênaltis contra a rival Itália, na final da Eurocopa. O primeiro-ministro britânico Boris Johnson, o príncipe William e outros rapidamente condenaram a feia erupção de comentários racistas, especialmente contra uma seleção que veio a simbolizar a diversidade racial da Inglaterra.

Saka, 19, pronunciou-se pela primeira vez desde a final de domingo (11). Em declaração divulgada no Twitter, ele condenou o racismo que ele e seus colegas de equipe enfrentaram. Depois de se declarar muito desapontado e de se desculpar pela derrota, Saka criticou Instagram, Facebook e Twitter, instando-os a fazer mais para reprimir os abusos.

Saka lamenta o pênalti perdido na final da Eurocopa - Carl Recine - 11.jul.21/Reuters

“Às plataformas de mídia social Instagram, Twitter e Facebook, eu não gostaria que qualquer criança ou adulto receba as mensagens racistas e dolorosas que eu, Marcus e Jadon recebemos nesta semana”, escreveu Saka. “Sabia instantaneamente o tipo de ódio que eu receberia, e é uma triste realidade que suas poderosas plataformas não estejam fazendo o bastante para deter essas mensagens.”

Os comentários de Saka se somaram aos crescentes apelos para que as plataformas ajam contra o uso de retórica do ódio.

Na quarta-feira (14), Johnson declarou que havia alertado representantes de Facebook, Instagram, Twitter, TikTok e Snapchat de que eles enfrentariam multas, sob a legislação de segurança online planejada para o Reino Unido, caso não removessem as expressões de hostilidade e racismo de suas plataformas.

A Football Association, federação de futebol da Inglaterra, também divulgou um comunicado afirmando que “as companhias de mídia social precisam reforçar sua ação, assumir a responsabilidade, tomar providências para excluir de suas plataformas os responsáveis por abusos, recolher provas que possam resultar em processo e apoiar medidas que libertem as plataformas desse tipo de uso repulsivo”.

O Facebook, que controla o Instagram, anunciou que removeria comentários e contas que tenham se referido de forma abusiva à seleção e que forneceria informações às autoridades sobre ataques racistas contra jogadores ingleses realizados online.

O Twitter anunciou que removeu mais de mil tuítes e suspendeu permanentemente “diversas contas” pela violação de suas regras.

Facebook e Twitter há muito enfrentam problemas para lidar com expressões de ódio em suas plataformas. No ano passado, durante o ápice do movimento Black Lives Matter e pouco antes da eleição presidencial norte-americana, organizações de direitos civis apelaram a anunciantes por um boicote ao Facebook, se este não fizesse mais para combater formas tóxicas de expressão e desinformação em seu site.

A questão se tornou especialmente contenciosa antes da eleição presidencial norte-americana do ano passado, quando o presidente Donald Trump disseminou falsas informações sobre a votação e fez ameaças veladas contra legisladores. Em janeiro, depois que uma turba violenta invadiu a sede do Congresso americano, Twitter e Facebook excluíram Trump de suas plataformas, por mensagens em que enxergaram o potencial de incitar mais violência.

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