Permanência de Dorival depende de resposta imediata do São Paulo

Diretoria defendeu o trabalho do treinador, mas pode repensar decisão em caso de nova derrota

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O técnico Dorival Júnior comanda o São Paulo durante a derrota por 2 a 1 para o Ituano, em Itu
O técnico Dorival Júnior comanda o São Paulo durante a derrota por 2 a 1 para o Ituano, em Itu - Luciano Claudino/Codigo19/Folhapress/O Globo
Edoardo Ghirotto
São Paulo

O técnico Dorival Júnior ganhou um voto de confiança do departamento de futebol do São Paulo e continuará no comando da equipe ao menos até o jogo deste domingo (25), contra a Ferroviária, no estádio do Morumbi. 

Dorival esteve reunido com o executivo do clube, Raí, e o coordenador de futebol, Ricardo Rocha, antes do treino desta quinta (22), um dia depois da derrota por 2 a 1 para o Ituano, em Itu. Os dirigentes decidiram mantê-lo na equipe, apesar de terem cobrado uma melhora no desempenho. 

Além do jogo diante da Ferroviária, o São Paulo terá na quarta (28) o primeiro duelo válido pela terceira fase da Copa do Brasil. O time jogará contra o CRB, no Morumbi.

"Não queremos pensar jogo a jogo, mas vamos ser coerentes. Temos 41% dos pontos, isso não é normal. Como é que faz se o time perder no domingo? Cada vez fica mais difícil, mas nós não trabalhamos com a hipótese de derrota", disse Rocha à Folha.

Ele afirmou que a diretoria confia no crescimento do time no Paulista. "Seria muito fácil dar uma resposta tirando o Dorival", disse. "Nós temos que entender [a pressão], mas precisamos agir e pensar bem numa saída e em quem vai vir. Não é assim que funcionam as coisas."

Segundo o dirigente, o próprio Dorival manifestou incômodo com os resultados ruins. "Ele sente essa pressão que vem do torcedor, dos jornalistas e da nossa parte. Mas existe a pressão que parte do próprio Dorival. Ele está incomodado, esperava uma atitude melhor."

PRESSÃO

A derrota em Itu, com pênalti perdido por Cueva aos 50 minutos do segundo tempo, foi a segunda consecutiva e a quarta no Paulista. 

A equipe também perdeu na estreia no torneio, contra o São Bento, e nos clássicos diante de Corinthians e Santos. Entre os grandes, é o time que menos pontos somou (10) e o que menos gols marcou (7) no Estadual.

O rendimento é criticado por conselheiros de oposição e até pelos grupos que dão sustentação à gestão do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. A argumentação de ambos é que Dorival não conseguiu dar um padrão de jogo ao time nos dez jogos disputados nesta temporada.

A oposição defende a saída de Dorival e joga a maior responsabilidade pelo desempenho ruim sobre Leco.

O presidente assumiu o clube após a renúncia de Carlos Miguel Aidar, em outubro de 2015. Ele ganhou as últimas duas eleições e cumpre mandato até o fim de 2020.

Dorival é o oitavo técnico da gestão de Leco —três foram interinos. Nenhum título foi conquistado desde a Sul-Americana de 2012.

Entre os conselheiros da situação há um sentimento de desconforto. A maior parte dos grupos aliados entende que o time precisa reagir imediatamente e que a derrota contra o Ituano agravou a situação de Dorival. Há, porém, a compreensão de que as decisões de Raí e Rocha devem ser respeitadas para não ferir a normalidade institucional do clube.

Na madrugada desta quinta, após a chegada do ônibus com a delegação são-paulina ao CT da Barra Funda, um grupo de 70 torcedores organizados se reuniu para protestar contra o rendimento do time. Eles pediram a contratação de Vanderlei Luxemburgo, que está desempregado, para assumir o time.

Dorival chegou em julho de 2017 e salvou o clube do rebaixamento. Dos 26 jogos à frente do time no Brasileiro, venceu 10, empatou 9 e perdeu 7 —aproveitamento de 50% dos pontos.

ELENCO NA BERLINDA

O contrato do técnico é válido até o final deste ano. Ele vem encontrando dificuldades para armar um ataque veloz e eficiente com Nenê, Cueva e Diego Souza. Teve de abolir o plano de escalar jovens das categorias de base no Paulista para tentar entrosar os principais reforços da temporada.

Dorival admitiu que não solicitou as contratações de Nenê e Tréllez, atacante que custou R$ 6 milhões e está no banco. O único atleta veloz que chegou ao São Paulo foi o meia Valdívia —que o técnico diz se encaixar em seu estilo. O jogador ainda não foi escalado como titular.

Segundo Ricardo Rocha, a diretoria não interferiu no trabalho do técnico em nenhum momento. "O Dorival sempre teve liberdade com a gente. As contratações chegaram, então ele precisa colocar os atletas em campo para ver como estão física e tecnicamente. Nós podemos até conversar e opinar, mas a decisão é sempre do treinador", afirmou.

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