O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) afirmou, em entrevista a jornalistas na manhã desta quarta-feira (13), que irá declarar estado de emergência assim que a cidade de São Paulo chegar ao coeficiente de incidência de 300 casos por 100 mil habitantes. Hoje, a cidade tem 295 casos por 100 mil habitantes.
O município totalizou até 6 de março 35.417 casos da doença, número 1.668,1% maior do que o mesmo período de 2023, quando houve 2.003 confirmações. Os dados são provisórios.
Os distritos em epidemia por dengue saltaram de 15 para 31 em uma semana. A zona norte lidera, com 12 deles: Freguesia do Ó, Cachoeirinha, Perus, Tucuruvi, Pirituba, Jaraguá, Vila Medeiros, Vila Maria, Tremembé, Anhanguera, Jaçanã e São Domingos.
Segundo Nunes, o decreto não seria tão importante, uma vez que já vem tomando medidas preventivas para o combate à dengue. "Nós já estamos em emergência, essa é a verdade, há bastante tempo. Independentemente do decreto oficial", disse, se referindo às ações da Prefeitura.
Também estiveram presentes no evento o secretário de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, e a secretária de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Aline Cardoso.
A previsão da gestão é de que a cidade atinja o platô (isto é, quando há uma estabilização de novos registros antes da queda) de casos em abril. "A declaração é para receber recurso federal, se vier é bom, mas não estamos aguardando por isso", afirmou.
Especialistas, no entanto, ainda dizem que o pior da epidemia está por vir.
De acordo com Nunes, a Prefeitura de São Paulo tem tido dificuldades para conseguir apoio do governo federal. Segundo ele, pedidos já foram feitos ao Ministério da Saúde para que a pasta envie vacinas contra dengue à capital, mas as solicitações não foram atendidas. De acordo com a pasta, as vacinas contra dengue são enviadas para os municípios com alta incidência da doença e que tenham populações-alvo, no momento crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, com maior risco da doença.
Nunes anunciou ainda um pacote de medidas para reforço no combate à doença, que inclui a ampliação no horário de atendimento em 80 AMAs (Atendimento Médico Ambulatorial) até às 22h, o reforço de 3.200 agentes de saúde nas 32 subprefeituras do município e o apoio de 6.500 mães já contratadas pelo Programa Operação Trabalho que vão ajudar na conscientização sobre o combate ao mosquito.
Outra medida anunciada pela prefeitura é a ampliação no uso dos chamados carros nebulizadores (inseticidas) contra o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, e a contratação de 500 médicos para a instalação de tendas de atendimento à população em alguns pontos da cidade. Segundo a pasta, serão implementados R$ 240 milhões em recursos adicionais para as ações anunciadas.
Na ocasião, o coordenador da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), Luiz Artur Vieira Caldeira, falou sobre funcionamento das armadilhas de dengue nas quais a Prefeitura investiu R$ 19 milhões no ano passado.
Conforme noticiado pela Folha, 28% do valor empenhado pelo órgão em 2023 foi gasto na distribuição de 20 mil armadilhas contra o mosquito. Para cada unidade, foram gastos R$ 400. No entanto, uma versão similar já foi desenvolvida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) ao custo de R$ 10 a unidade.
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