Apesar de as altas temperaturas não causarem diretamente o câncer de pele, elas favorecem o uso de roupas menores, maior exposição ao sol e, consequentemente, aumentam o risco para o aparecimento da doença.
"É uma relação indireta. Primeiro, o calor está relacionado a uma maior radiação UV (ultravioleta), que é o principal fator para o câncer de pele. Segundo, estimula as pessoas a saírem de casa e se exporem mais à radiação UV. Elas vão à praia, às piscinas e ao parque", afirma Mirella Nardo, oncologista da Oncologia D'or e do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).
De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o Brasil deverá encerrar cada ano, até 2025, com 220.490 casos novos de câncer de pele não melanoma —101.920 em homens e 118.570 em mulheres. O não melanoma é o mais frequente no país, com letalidade baixa.
Para o câncer de pele melanoma —que tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade—, são estimados para o mesmo período 8.980 novas casos, sendo 4.640 em homens e 4.340 no público feminino.
O sol é o principal fator de risco para o câncer de pele. "A exposição ao sol pode ser crônica ou esporádica. A primeira se refere a quem trabalha sob o sol, por exemplo; a outra tem relação com as pessoas que não costumam tomar sol, a não ser nas férias ou no fim de semana.
Estudos mostram que o sol esporádico também favorece o câncer de pele", explica a dermatologista Juliana Toma, especialista em dermatologia oncológica pelo Instituto Sírio Libanês.
Especialistas orientam sobre como aproveitar o sol sem causar danos à saúde.
Quais os fatores de risco para o câncer de pele?
Além do sol, a radiação UV e o histórico familiar ou pessoal de melanona. Ter a pele, os olhos e os cabelos claros aumenta a predisposição. Exposição prolongada e repetida ao sol e a câmaras de bronzeamento artificial integram a lista.
Quais os sinais do câncer de pele?
Manchas que coçam, descamativas ou que sangram; pintas que mudam de tamanho, forma ou cor; e feridas que não cicatrizam em quatro semanas.
O câncer de pele ocorre principalmente nas áreas do corpo que são mais expostas ao sol —rosto, pescoço e orelhas.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia e a American Cancer Society defendem a regra do ABCDE para identificar os sinais sugestivos do melanoma:
- Assimetria: uma metade de uma pinta é diferente da outra;
- Bordas irregulares: contorno mal definido;
- Cor variável: presença de várias cores em uma mesma lesão (preta, castanha, avermelhada);
- Diâmetro: maior que 6 milímetros;
- Evolução: mudanças anormais em pouco tempo (tamanho, forma ou cor).
Em qual horário é desaconselhável ficar sob o sol?
Pelo menos das 10h às 16h, que é o pico de radiação. No período, dê preferência à sombra. Não é contraindicado sair de casa, basta tomar os cuidados necessários, hidratar-se e manter alimentação saudável.
Qual protetor solar é ideal?
A marca não é o mais importante. No mínimo, o produto deve ter fator de proteção 30 —acima de 50 para o rosto—, e proteger contra as radiações UVA e UVB. Quanto maior o número, melhor será a proteção. É recomendável, ainda, usar chapéu, boné e roupas com proteção UVB.
A radiação UVA é constante, o ano inteiro. A UVB tem picos durante o dia e é mais intensa no verão.
Bronzeador com fator de proteção protege a pele?
O uso não é recomendável. O bronzeador estimula as mesmas células que produzem o câncer e você pode ter a ativação de algum tipo de câncer de pele.
Como aplicar o protetor solar?
É importante passá-lo em partes do corpo que geralmente são esquecidas, como nos pés, no couro cabeludo (se for careca ou tiver falhas no cabelo), na boca e atrás das orelhas. O protetor deve ser reaplicado a cada duas horas —imediatamente ao transpirar muito ou entrar no mar ou na piscina. Para quem usa repelente, aplique-o após o protetor.
Como utilizar o protetor solar nas crianças?
Até 6 meses de idade não é recomendável passar protetor solar. A criança deve tomar sol de acordo com a recomendação do pediatra —cerca de 15 minutos antes das 10 horas da manhã e após às 16h. Neste caso, deve-se utilizar barreira física, como chapéu e roupas com proteção UV.
Dos 6 meses até os 2 anos, deve-se usar o protetor físico, indicado para peles sensíveis. O creme forma uma barreira na pele e reflete a luz do sol. É diferente do protetor químico, que absorve a radiação solar e não deixa ultrapassar a pele.
É verdade que a pele negra tem melhor proteção contra o câncer?
Existe uma certa proteção pelo aumento da quantidade de melanina, mas é importante ressaltar que indivíduos negros e de outras etnias também estão sujeitos ao melanoma.
Por que o sol faz mal à pele?
O sol causa mutações nas células da pele que, ao longo dos anos, vão gerar o câncer. O câncer de pele nada mais é do que uma célula que passa a se proliferar desordenadamente porque o DNA sofreu mutação, ocasionando a lesão.
Fontes: Mirella Nardo, oncologista da Oncologia D'or e do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) e a dermatologista Juliana Toma, especialista em dermatologia oncológica pelo Instituto Sírio Libanês
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