O Hospital da Mulher abre oficialmente suas portas nesta quarta-feira (14) com a missão de receber as pacientes do Hospital Pérola Byington e de se estabelecer como maior centro de saúde especializado no atendimento à mulher da América Latina.
A unidade com mais de 50 mil m² foi construída na avenida Rio Branco, na região da cracolândia, e o primeiro desafio será garantir a segurança de funcionários e pacientes.
Neste ano, usuários de drogas deixaram as vias mais próximas ao hospital, um investimento de R$ 245 milhões. Porém, bastou a reportagem tirar o celular do bolso para receber o conselho de que ali não seria um bom lugar para deixar o aparelho à mostra.
"Não teríamos outra área com essa metragem próxima à região do centro e a terminais de ônibus, inclusive para facilitar o acesso", afirma o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.
Ao mesmo tempo, acrescenta ele, o local atende as estratégias de reurbanização da região central traçadas pelos governos estadual e municipal –nos últimos meses, foram realizadas diversas operações policiais na região, com dispersão dos usuários de drogas.
Para lidar com a situação, a Inova Saúde afirma que contará com um quadro de vigilantes internos e externos, bombeiros e seguranças para o apoio dos pacientes. A empresa diz que possui nove postos de segurança 24 horas e um sistema de monitoramento com câmeras com sensores de calor que ajudam a prever movimentações suspeitas e no reconhecimento facial.
"As imagens são enviadas em tempo real ao Centro de Controle de Operações do Hospital, onde todos os processos e imagens são monitorados e, se necessário, é feito imediatamente um aviso para a Guarda Civil Metropolitana e para a Polícia Militar", diz a empresa.
A Inova administrará o Hospital da Mulher com o Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil de São Paulo). A primeira organização cuidará da chamada bata cinza –setor administrativo, segurança e limpeza, por exemplo –e a segunda, da bata branca –a parte que envolve os profissionais de saúde.
O modelo de PPP (parceria público-privada), defende Gorinchteyn, permite agilizar serviços, atendimentos e a manutenção dos equipamentos. Também facilita as contratações necessárias para o aumento de consultas, exames e procedimentos.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, os atuais 867 servidores do Hospital Pérola Byington serão mantidos, mas, quando estiver em plena operação, o novo hospital necessitará de 1.200 colaboradores entre médicos, enfermeiros e técnicos. A contratação dos novos funcionários ocorrerá gradativamente pelo Seconci, e os interessados podem enviar seus currículos para o email [email protected].
A Inova também estima quase 500 vagas para profissionais como secretárias e telefonistas, entre profissionais já contratados e a serem selecionados. As contratações devem ser encerradas em outubro, e os interessados podem enviar os currículos para o email [email protected].
"Atualmente, são 128 leitos, enquanto o Hospital da Mulher terá 172. Passaremos a ter um espaço muito maior, com 92 leitos cirúrgicos, 10 leitos de hospital dia, 10 leitos de UTI, 60 leitos clínicos. Também ampliaremos em 66% os serviços voltados ao tratamento de câncer, com equipamentos de última geração", afirma o secretário.
A nova unidade contará com tomografia com sedação, ressonância magnética e oferecerá sessões de radioterapia, algo não disponível no Pérola. O Hospital da Mulher também ampliará o atendimento a pacientes que necessitam do serviço de fertilização, seja para preservação de óvulos antes de tratamentos oncológicos, seja para pacientes não oncológicas.
Quando estiver em pleno funcionamento, o que deve ocorrer em 2023, estima-se que o hospital realizará 19,8 mil sessões de radioterapia, 21 mil de quimioterapia e 23,7 mil de hormonoterapia. São previstos por ano 12,8 mil internações e 107 mil atendimentos ambulatoriais.
Mudança de nome
Outro desafio será reforçar a marca Hospital da Mulher. A proposta original era manter na nova unidade o nome Hospital Pérola Byington, mas a Cruzada Pró-Infância proibiu a utilização.
"Não posso passar o nome de uma OS (organização social) para outra OS. Se fosse o governo do estado que continuasse lá e não uma PPP, com certeza permitiríamos o nome pela excelência do trabalho e porque seria patrimônio público. O governo estadual fez um trabalho excelente aqui, só não autorizamos porque iria para um processo privado", explica Rosa Maria Marinho Acerba, superintendente-geral da Cruzada Pró-Infância.
A entidade foi fundada por Pérola Byington e por Maria Antonieta de Castro e é dona do hospital na Bela Vista, alugado por R$ 380 mil mensais para o governo estadual. "Como perderemos esse aluguel, uma das nossas metas é reabrir o hospital e poderemos utilizar o nome", conta Acerba.
Ela comenta que há planos de saúde interessados no prédio e que, se não for possível alugar para um deles, a própria Cruzada retomará a prestação de serviços de saúde que já exerceu no passado.
"Administrávamos o hospital até 1989 e depois nos especializamos em creches. Não gostaríamos de reassumir porque é muito trabalhoso e já temos 33 creches, mas nada nos impede de retomar. Queremos manter o legado. Não vamos transformar em um prédio de escritórios ou vender para a construção de casas", afirma.
Nos próximos meses, a entidade realizará obras no edifício, como a construção de uma escada de emergência, e seu conselho analisará as diferentes opções.
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