Os 40 anos desde os primeiros casos identificados de Aids (síndrome da imunodeficiência humana adquirida, na sigla em inglês) vêm, no Brasil, com a notícia de aprovação de um novo medicamento pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que combina duas substâncias em um só comprimido –avanço que pode significar mais praticidade para soropositivos.
Embora hoje seja uma doença cujo controle é possível e cujos infectados podem viver vidas saudáveis, foi responsável pela morte de cerca de 36,8 milhões de pessoas desde o início da epidemia, em 1981, segundo o Unaids (Programa para Aids da ONU, na sigla em inglês).
Entre as vítimas estão personalidades marcantes das artes e da cultura, caso dos cantores Freddie Mercury, Cazuza e Renato Russo, do cartunista Henfil, do artista Keith Haring e do filósofo Michel Foucault.
A doença foi, a princípio, associada com a comunidade LGBTQIA+, o que levou a políticas excludentes –e de efetividade incerta– para o controle do contágio, como o fechamento de saunas em São Francisco, nos Estados Unidos.
A luta contra a Aids, doença causada pelo vírus HIV, foi marcada por forte politização do acesso e busca por tratamento.
Ativistas gays dos Estados Unidos da organização Act Up, formada em reação à epidemia, chegaram a protestar dentro da catedral St. Patrick's, em Nova York, contra um cardeal que lutava contra a distribuição de camisinhas e a educação sexual em escolas. O episódio ficou conhecido como Ação Pare a Igreja, do inglês "Stop the Church Action".
O protesto foi reencenado na série "Pose", do diretor Ryan Murphy, uma ode à cena dos bailes de Nova York nas décadas de 1980 e 1990, período em que, por causa dos medicamentos ainda em desenvolvimento e cheios de riscos, além de difícil acesso, a comunidade foi fortemente impactada.
A doença foi pano de fundo para uma série de produções, caso do premiado "Clube de Compras Dallas" (2013), que rendeu o Oscar de melhor atuação para Matthew McConaughey, e do musical "Tick, Tick... Boom!" (2021), com direção de Lin-Manuel Miranda.
Recentemente, em meio à pandemia de Covid-19, apareceu até no leque de notícias falsas contra vacinas disseminadas pelo presidente Jair Bolsonaro.
Estimativas do Unaids de 2020 apontam que cerca de 37,7 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo—1,7 milhão de crianças e 53% mulheres e meninas. Especialistas alertam que, caso medidas educativas de prevenção não sejam implementadas, os casos podem voltar a subir.
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