A cidade de São Paulo entrou nesta semana pela primeira vez no estágio desacelerado de casos do novo coronavírus, segundo o monitor revisado da Folha de aceleração da Covid-19.
Estar nesse estágio significa que o número de novos casos caiu ao longo do tempo de maneira considerável.
Até terça-feira (8), a capital paulista estava no patamar estável, quando havia número significativo de pessoas sendo infectadas, mas a quantidade de novos casos era constante.
A redução no volume de novos casos nos últimos dias fez a classificação para a cidade ser alterada na quarta (9) —clique aqui para ver a situação da pandemia nos estados e cidades com mais de 100 mil habitantes.
Nos últimos sete dias, a capital vem registrando entre 1 mil e 1,5 mil novos casos diários (considerando a média móvel). Na semana anterior, eram entre 1,4 mil e 2 mil.
O modelo de acompanhamento utilizado pela Folha se baseia na evolução de casos em cada local e tem como parâmetro um período de 30 dias, com mais peso para o período mais recente. Com isso, é medida a aceleração da epidemia, ou seja, a forma como o número de novos casos cresce ou diminui.
É uma metodologia que pode demorar mais para captar os movimentos da pandemia em relação a outros métodos, como a média móvel de sete dias, adotada por governos e veículos de comunicação.
Por outro lado, a metodologia da Folha tende a trazer mais estabilidade nos resultados.
Ainda assim, a variação na alimentação nos bancos de dados utilizados pelos cálculos (secretarias estaduais de Saúde, coletados pelo Brasil.IO) pode alterar artificialmente a classificação, por alguns dias.
No caso da capital paulista, que entrou no modo desacelerado, será preciso verificar por mais alguns dias se a classificação se mantém. O restante do estado, pelo qual a doença se disseminou depois, não acompanhou o movimento e permanece estável.
Fins de semanas prolongados, como o passado, podem trazer atrasos na alimentação dos bancos de dados, que são atualizados nos dias posteriores.
Considerando uma cesta de indicadores, a gestão Bruno Covas (PSDB) já vem relaxando medidas de isolamento social desde meados de junho, com a reabertura gradual do comércio.
A prefeitura considera para suas decisões, além do número de novos casos, o montante de óbitos e ocupação hospitalar --ambos vêm apontando para redução da intensidade da Covid-19.
Neste momento, a prefeitura paulistana analisa se permitirá o retorno gradativo de atividades presenciais nas escolas da cidade. O governo estadual liberou a reabertura das escolas para aulas presenciais a partir de 5 de outubro, caso não haja deterioração do quadro.
A capital está classificada na etapa amarela, a tarceira das cinco do Plano SP, codificadas por cores.
Há expectativa de que nesta sexta-feira (11) ou na próxima (18) a cidade migre para a etapa seguinte, a verde, na qual é permitido aos estabelecimentos funcionar sem maior restrição de horários, desde que com capacidade reduzida a 60% da lotação e mediante o respeita aos protocolos de higiene.
Na fase atual, o horário é reduzido e a lotação limitada a 40%. Grandes eventos, contudo, continuariam suspensos.
Mudança
A Folha fez em 3 de setembro ajustes no monitor de aceleração da Covid-19, para deixar mais estável a definição do estágio que estão o país, estados e cidades com mais de 100 mil habitantes.
O monitor tem como base modelo estatístico desenvolvido por Renato Vicente, professor do Instituto de Matemática da USP e membro do coletivo Covid Radar, e por Rodrigo Veiga, doutorando em física pela USP.
Uma das mudanças no modelo se refere à normalização dos casos, que ajusta os valores para uma escala comum, de forma que seja possível comparar cidades tão diferentes como de São Paulo e Petrolina (PE).
Antes, a normalização era feita a partir do total de casos registrados em cada local. Agora, são considerados os registros dos últimos 14 dias.
O parâmetro anterior havia sido definido com base no que costuma ser o comportamento de uma epidemia e em como a Covid-19 havia se manifestado nos demais países.
Diferentemente do que ocorreu na Europa, que passou por um pico e depois viu os casos caírem, em muitos locais do Brasil a tendência é de um platô: ao chegar ao pico, em vez de começar a diminuir, o número de novos casos se mantém constante.
A versão anterior do modelo nem sempre conseguia captar de forma adequada os platôs e flutuações, e a epidemia podia ficar subestimada em determinados locais. Por vezes a cidade (ou estado) era classificada como na etapa final (reduzido), mas o real cenário em si indicava estabilidade ou desaceleração.
Com a calibragem do monitor, há mais solidez nas classificações. Neste momento, são mais numerosas as localidades nos estágios estável e desacelerado.
Outro ajuste foi feito para atenuar um problema que o Brasil enfrenta desde o início da pandemia, relacionado à estabilidade e qualidade dos dados da doença.
A partir de agora, o monitor passa a considerar o estágio mais presente nos últimos sete dias. Com isso, há maior estabilidade da classificação apresentada diariamente e há redução de mudanças bruscas causadas por instabilidades na divulgação dos dados pelas Secretarias de Saúde
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