O governo João Doria (PSDB) afirmou nesta quarta-feira (1º) que o estado atingiu 15.030 mortes por coronavírus até o fim de junho, dentro do cenário menos pessimista com que trabalhava na pandemia.
Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, zona oeste de SP, a gestão afirmou que previa de 15 mil a 18 mil mortes até o fim do semestre. Doria também voltou a afirmar que o estado está próximo de atingir o chamado platô, quando a curva para de subir e fica estável, antes de cair.
"O comitê há 30 dias estabeleceu essa previsão para o final do mês e ficamos exatamente dentro desse intervalo de confiança", disse o coodenador executivo do comitê de contingência contra o coronavírus, João Gabbardo. Segundo o médico, o aumento da testagem pesou para o salto de casos. O estado foi de 1 para 5.000 mortos em 64 dias; de 5.000 para 10 mil em 23 dias, e de 10 mil a 15 mil em 20 dias.
Gabbardo ressaltou, na entrevista, que a semana atual costuma experimentar um salto de internações por doença respiratória aguda --efeito da chegada do inverno. Mesmo assim, afirmou, houve decréscimo das mortes acumuladas na semana e nova queda é esperada. "A gente terá ultrapassado a semana mais ameaçadora para o sistema de saúde", acrescentou.
Segundo José Henrique Germann, secretário de Saúde de São Paulo, o número de óbitos das últimas 24 horas representou um acréscimo de 1,8% —número que tem se repetido nos últimos dias e que mostraria que o estado está próximo de atingir o platô, afirmou.
Os leitos de UTI ocupados no estado de São Paulo estão em 64,4% e na grande São Paulo em 65,4%. Já a taxa de isolamento do estado, nesta terça-feira (30), foi de 46%.
O governo apresentou dados que mostram como a doença avançou de maneira desigual na capital e no interior.
Ao longo de junho, a capital teve aumento de 57% nos óbitos, passando de 4.564 para 7.162. Os casos, por sua vez, passaram de 66.777 para 127.119, aumento de 90,36%. No interior, as mortes passaram de 3.712 para 7.601, variação de 104,76%. Os casos quae triplicaram de 56.706 para 154.261, aumento de 172%.
Paulo Menezes, coodenador do controle de doenças de São Paula, afirma que na capital já há redução na curva, enquanto no interior a expectativa é que isso aconteça a partir da próxima semana. Ele citou o "aumento do distanciamento social, do uso de máscaras e consequente redução do vírus nessas regiões".
Dados da média móvel de mortes no estado -- que consideram a média de óbitos em sete dias-- mostram que, no dia 30, a média era 242,14, 12% menos do que a média registrada dia 20, de 276,27.
Ainda assim, abbardo admitiu que a flexibilização das atividades no comércio e nos serviços preocupa e pode aumentar a transmissibilidade, mas afirma experiência de outros países mostram que a segunda onda tem tido letalidade menor.
"A primeira atingiu pessoas idosas e com comorbidades, o que compromete o sistema de saúde", disse ele que citou o caso da Flórida e outros estados americanos, que apesar de registrar um aumento no número de casos, a letalidade foi menor.
"Pode aumentar a transmissibilidade, mas não deve aumentar a pressão sobre o sistema de saúde", afirmou. "As pessoas mais jovens saem de casa, mas os idosos permanecem de quarentena. Há mais casos, mas em uma maioria que não é grave."
Doria informou ainda que a vacina do laboratório chinês Sinovac será testada em outros cinco estados, além de São Paulo:Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Ao todo, 12 centros no país devem conduzir as pesquisas, sempre comparando grupos que receberão a vacina a grupos que receberão placebo. Segundo o governador, a expectativa é que a Anvisa aprove o início dos testes ainda nesta semana.
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