Campe�es em ins�nia, idosos precisam de atividades para dormir melhor
Avener Prado/Folhapress | ||
Maria Jos� Barata Dias, 69, dorme r�pido mas tem um sono bastante irregular e fragmentado |
A aposentada Maria Jos� Barata Dias, 69, acorda duas vezes ao longo da noite, todos os dias. "Acontece naturalmente. Eu vou dormir �s 21h. Perto da meia-noite eu levanto, vou ao banheiro, tomo �gua, chupo uma laranja e volto a dormir. Antes das 4h da manh�, acordo de novo. Antes das seis, eu j� estou de p�".
Os dist�rbios do sono s�o muito mais comuns em idosos do que na popula��o mais jovem. Eles roubam a chance de essas pessoas desfrutarem do sono reparador de que tanto precisam.
A ins�nia muitas vezes passa batida em check-ups m�dicos de rotina, o que reduz a qualidade de vida e agrava outros problemas f�sicos e emocionais, incluindo a perda de fun��o cognitiva.
Seus efeitos s�o devastadores quando ela surge todas as noites, seja na dificuldade em adormecer, em continuar dormindo ou em acordar muito antes da hora.
Al�m disso, ela pode estar ligada a outros problemas de sa�de subjacentes, como transtornos psiqui�tricos e incontin�ncia urin�ria. A depress�o pode ser causa ou consequ�ncia da ins�nia persistente. Com a sonol�ncia, tamb�m aumenta o risco de quedas e de fraturas.
Um estudo de 1995 do Instituto Nacional de Envelhecimento dos EUA, feito com mais de 9.000 pessoas idosas, revelou que 42% tinham dificuldade em pegar no sono e em continuar dormindo. � prov�vel que haja mais afetados hoje, quando muitos passam um bom tempo olhando para telas eletr�nicas antes de se deitar -perturbando os ritmos biol�gicos do organismo.
"As pessoas idosas n�o podem ficar encarceradas em um apartamento, em um c�modo. O idoso precisa interagir. � isso que vai refor�ar o ritmo biol�gico", diz a Dalva Poyares, professora da Unifesp.
"� preciso ter em mente que o sono envelhece: durante o dia o idoso tende a ficar sonolento e � noite ter um sono mais fragmentado. As fases mais profundas do sono tamb�m tendem a diminuir. Ele tem mais apneia, mais movimento de pernas..."
No caso de Maria Jos�, ela diz que esses despertares noturnos se intensificaram nos �ltimos 10 anos.
"Aposentadoria, menos atividades, rotinas mais mon�tonas, tirar cochilos ao longo dia. Essas coisas tamb�m favorecem que uma pessoa perca sono ou o divida, diminua o sono noturno." diz a m�dica Rosa Hasan, do Laborat�rio do Sono do Instituto de Psiquiatria da USP.
Existem dois tipos de ins�nia: a prim�ria � fruto de um problema principalmente durante o sono, como a apneia obstrutiva do sono,a s�ndrome da perna inquieta (que afeta 15% a 20% dos adultos mais velhos), ou uma tend�ncia a realizar fisicamente os movimentos vividos em sonhos. A n�o ser que um parceiro observe o que acontece, as pessoas dificilmente ficam sabendo que t�m problemas.
O diagn�stico geralmente vem com um exame especializado: a polissonografia. A pessoa dorme em um laborat�rio, ligada a instrumentos que registram sua respira��o, ritmo card�aco, press�o sangu�nea, movimentos corporais e o tempo passado nas diferentes fases do sono.
A ins�nia secund�ria � a mais comum: decorre de um problema de sa�de subjacente, dos efeitos colaterais de drogas (como o �lcool) e rem�dios, sonecas diurnas e ru�do e luz excessivos no quarto.
O �lcool, ali�s, � um recurso contraindicado para quem quer driblar a ins�nia. Embora d� sonol�ncia, a subst�ncia fragmenta o sono e piora a qualidade do sono REM, importante para consolida��o da mem�ria e descanso mental.
Entre as condi��es m�dicas que causam ins�nia est�o insufici�ncia card�aca, refluxo gastroesof�gico, doen�as pulmonares, artrite, alzheimer e incontin�ncia urin�ria. Tratando-as, a ins�nia muitas vezes � aliviada.
As causas da ins�nia que n�o t�m natureza m�dica podem ser remediadas com uma boa higiene do sono.
Ela consiste em limitar as sonecas a menos de 30 minutos por dia, de prefer�ncia no in�cio da tarde; evitar estimulantes e sedativos; evitar refei��es pesadas e reduzir a ingest�o de l�quidos nas duas ou tr�s horas antes de se deitar; maximizar a exposi��o � luz forte durante o dia e minimiz�-la � noite; criar condi��es confort�veis para dormir e ir para a cama apenas quando se est� com sono.
Para quem n�o consegue pegar no sono depois de cerca de 20 minutos, os especialistas recomendam sair do quarto e fazer algo que relaxa, como ler um livro (impresso sobre papel, e n�o numa tela iluminada), at� ter vontade de voltar para a cama.
Outra dica � fazer atividade f�sica, mesmo que de forma comedida. A ingest�o de son�feros pode ser problem�tica para idosos, que s�o naturalmente mais sens�veis a efeitos colaterais, como sonol�ncia excessiva.
Outras alternativas s�o subst�ncias como melatonina ou valeriana, vendidas em farm�cias de manipula��o. A efic�cia delas ainda n�o foi comprovada por pesquisas.
Existem alimentos que tamb�m podem ajudar a promover o sono, como bananas, cerejas, kiwis, aveia, leite e ch� de camomila -apesar de as evid�ncias tamb�m serem principalmente aned�ticas.
Colaboraram PHILLIPPE WATANABE e GABRIEL ALVES; tradu��o de CLARA ALLAIN
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