No Brasil, paciente com infec��o generalizada morre em 56% dos casos
Mais da metade (55,7%) dos pacientes internados com sepse (infec��o generalizada) nas UTIs brasileiras acaba morrendo, revela pesquisa em 229 unidades de terapia intensiva. � o estudo mais abrangente j� feito no pa�s.
Nos EUA, a taxa de mortalidade � de 32%. Em pa�ses da Europa, como a Fran�a, de 30%. Na Austr�lia, de 18%.
A sepse come�a com uma infec��o– uma pneumonia ou uma cistite, por exemplo–, que, n�o tratada adequadamente, se espalha e compromete o funcionamento de v�rios �rg�os e pode levar � morte.
A s�ndrome responde hoje por 25% da ocupa��o de leitos em UTIs no Brasil e � a principal causa de morte nessas unidades, segundo o Ilas (Instituto Latino Americano da Sepse), que realizou a pesquisa em �mbito nacional.
A alta taxa de mortes � explicada por uma s�rie de fatores. Come�a com o desconhecimento da popula��o, que demora em procurar um hospital quando tem uma infec��o. Quando l� chega, pode encontrar equipes mal preparadas para fazer o diagn�stico precoce da s�ndrome.
Estudo de 2010 mostra que 44% dos m�dicos que atendem em hospitais do pa�s n�o sabiam reconhecer a sepse.
"Quanto mais tarde for diagnosticada a sepse, maior a mortalidade", diz o m�dico intensivista Luciano Azevedo, do Hospital S�rio-Liban�s e coordenador no pa�s de uma campanha mundial de combate � sepse.
A dona de casa Odete Santos, 69, morreu de sepse ap�s duas semanas de sintomas que come�aram com fortes dores no joelho (tinha artrose). Levada ao pronto-socorro do plano de sa�de, recebeu inje��es de corticoide.
"As dores s� pioraram. Ela passou a ter febre, tontura, �nsia de v�mito. No hospital, receitaram Plasil. S� foi internada quando j� estava praticamente em coma", lembra a filha, Odete, que tem o mesmo nome da m�e.
FALTA DE RECURSOS
O levantamento mostra que n�o h� diferen�as significativas entre os �ndices de morte nos hospitais p�blicos e privados–ao todo, foram analisados hospitais p�blicos e privados bons e ruins. A amostra � representativa das UTIs de adultos do pa�s –equivale a 13% das unidades. Foram investigados 2.705 pacientes internados.
Editoria de arte/Folhapress | ||
Segundo Fl�via Machado, vice-presidente do Ilas e professora da Unifesp (Universidade Federal de S�o Paulo), outro dado mostrado no estudo � que a falta de recursos nos hospitais tamb�m est� associada � alta mortalidade.
Nos hospitais com mais verba, ela foi de 52%. Nos mais carentes, de 66,4%.
Segundo Fl�via, com treinamento e recursos necess�rios, � poss�vel reduzir as mortes. Ela cita estudo feito em nove hospitais de uma operadora de sa�de que mostrou uma redu��o de 53% na taxa de mortalidade por sepse (de 55% para 26%) ap�s treinamento das equipes.
POPULA��O
O desconhecimento da popula��o sobre a sepse tamb�m � mostrado em estudos. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, encomendada pelo Ilas, mostra que apenas 7% dos brasileiros j� ouviram falar a palavra sepse. Na Alemanha e nos EUA, o �ndice � de 49% e 44%, respectivamente.
"As pessoas n�o conhecem os sinais [da sepse] e retardam a ida ao hospital. Nos hospitais p�blicos, elas sabem que v�o enfrentar superlota��o, dificuldade de atendimento", explica Azevedo.
Os principais sinais da s�ndrome s�o febre, mal estar, fraqueza, tontura e falta de ar. "Muita gente pensa que sepse s� ocorre na UTI. Mas, em 40% dos casos, os pacientes j� v�m do pronto-socorro com a s�ndrome", diz Fl�via.
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