Quarenta por cento dos pacientes que receberam prescrição do medicamento Wegovy, da Novo Nordisk, para tratar a obesidade em 2021 ou 2022 ainda o tomavam um ano depois –mais de três vezes a taxa de aderência a medicamentos mais antigos, segundo uma análise de registros médicos e dados de companhias de seguros.
Apenas 13% dos pacientes que começaram a tomar Contrave, da Orexigen Therapeutics, e 10% dos que tomaram Qsymia, da Vivus, entre 2015 e 2022 ainda estavam aviando suas prescrições um ano depois, relataram pesquisadores na quarta-feira (6) na revista Obesity.
As conclusões envolveram 1.911 adultos, 25% dos quais receberam Wegovy, que pertence a uma nova classe de medicamentos contra obesidade conhecidos como agonistas do GLP-1, originalmente desenvolvidos para tratar diabetes tipo 2. Além de afetarem o açúcar no sangue, os fármacos suprimem o apetite e promovem a sensação de saciedade.
Do número total de participantes, 75% eram mulheres, 76% eram brancos, 16% negros e 4,5% hispânicos. A maioria tinha seguro-saúde privado.
Uma maior perda de peso aos seis meses também foi associada à persistência ao fim de um ano, descobriram os pesquisadores.
O estudo não disse por que os pacientes pararam de tomar os medicamentos.
Entre os segurados privados, as taxas de aderência variaram dependendo da seguradora, descobriram os pesquisadores.
"Limitações na cobertura e certos critérios de pré-certificação, como a terapia escalonada, podem contribuir para a não persistência", afirmaram os pesquisadores.
Uma análise de dados realizada em julho de 2023 pela gestora de benefícios farmacêuticos Prime Therapeutics, com 4.255 pessoas com planos de saúde comerciais e que receberam medicamentos GLP-1 prescritos em 2021, descobriu que apenas cerca de um terço ainda os tomava um ano depois.
O Wegovy reduziu o peso em cerca de 15% num ensaio clínico. Cerca de 6,8% dos pacientes que tomaram em testes interromperam o tratamento devido a problemas gastrointestinais e outros eventos adversos.
Nos Estados Unidos, o medicamento tem um preço de tabela de US$ 1.349 (cerca de R$ 6.700) por pacote, enquanto o novo rival da Eli Lilly, Zepbound, está cotado a US$ 1.059,87 (R$ 5.300) por mês, embora a maioria dos pacientes pague menos. [No Brasil, o Wegovy chegará às farmácias em 2024 e custará até R$ 2.484.]
"Os altos custos de novos medicamentos antiobesidade e a não persistência (com esses medicamentos) estão se tornando uma preocupação crescente e podem afetar decisões relativas à cobertura por terceiros", disse o chefe do estudo, Hamlet Gasoyan, da Clínica Cleveland.
Gasoyan pontuou que realizou o estudo para compreender melhor o uso dos tratamentos para obesidade na prática clínica e os empecilhos a seu uso continuado.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.