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Educa��o f�sica tenta n�o ser s� bate-bola, mas ambi��o � excessiva
A proposta para o ensino de educa��o f�sica presente na segunda vers�o da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), divulgada pelo Minist�rio da Educa��o, peca pelo excesso de ambi��o.
� louv�vel o esfor�o de evitar que a disciplina fique limitada a bate-bolas informais na quadra da escola, como costuma acontecer em muitos lugares, mas fica dif�cil evitar a impress�o de que os respons�veis pelo curr�culo proposto tentaram abra�ar o mundo.
A base prev� que os alunos sejam apresentados �s mais diferentes modalidades esportivas, do handebol ao v�lei, passando pela bocha.
O esbo�o do programa prop�e ainda atividades "de aventura", como trilhas em parques; o aprendizado e valoriza��o de brincadeiras regionais e ligadas � tradi��o folcl�rica; diferentes tipos de dan�a, tamb�m com enfoque nas manifesta��es populares e tradicionais; gin�stica sem e com aparelhos; e a pr�tica de esportes que valorizem a heran�a africana e ind�gena do pa�s, como a capoeira e a huka-huka (luta ritual dos povos nativos do Xingu).
Por maior que seja a boa vontade e o n�vel de conhecimento do professor (o qual, ali�s, precisaria realmente alcan�ar n�veis enciclop�dicos diante de tanto conte�do), � muito improv�vel que ele conseguisse lidar com todos esses itens de forma satisfat�ria ao longo de apenas um punhado de aulas semanais, mesmo que os temas fossem trabalhados ao longo de todos os anos do ensino fundamental, como diz a proposta.
� preciso esclarecer que essa imensa diversidade de temas est� prevista s� para o ensino fundamental, porque quase n�o se detalha no documento o conte�do previsto para os anos do ensino m�dio, os quais, por conta da obsess�o com o vestibular, muitas vezes j� deixam de lado naturalmente a educa��o f�sica.
De qualquer modo, mesmo que as atividades tivessem uma distribui��o mais gradual, incluindo os tr�s �ltimos anos antes da chegada ao ensino superior, ainda seria muita coisa.
objetivo
O ponto mais negligenciado na elabora��o de um curr�culo ambicioso talvez tenha sido a necessidade de dar v�rios passos para tr�s e se perguntar, afinal, qual o objetivo do ensino de educa��o f�sica.
Os gregos antigos, por exemplo, enxergavam a pr�tica de esportes com uma etapa indispens�vel da prepara��o militar dos jovens. Obviamente, n�o � o caso aqui.
Alunos na educa��o b�sica - Por etapa, em milh�es*
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Calend�rio
26.jun.2014 - Plano Nacional de Educa��o � sancionado; lei prev� que o governo crie proposta de base curricular em at� dois anos
16.set.2015 - MEC apresenta a 1� vers�o do documento e abre consulta p�blica; as �reas de hist�ria e gram�tica geraram pol�mica
15.dez.2015 - Minist�rio inicia an�lise das contribui��es recebidas na consulta p�blica
3.mai.2016 - MEC divulga 2� vers�o da base e a envia ao Conselho Nacional de Educa��o e a representantes de Estados e munic�pios
jun. a ago.2016 - Texto est� sendo debatido nos Estados e deve ser devolvido ao MEC at� agosto
ago a nov.2016 - Um comit� gestor vai revisar a base (ensinos infantil e fundamental) e debater o ensino m�dio
nov.2016 - O objetivo � ter a vers�o final at� essa data (para infantil e fundamental), mas n�o h� previs�o de quando ela come�a a valer
1�sem.2017 - MEC deve definir a base curricular do ensino m�dio, ap�s aprova��o de projeto de lei no Congresso que prev� um novo formato para a etapa
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Queremos aulas de educa��o f�sica de qualidade para formar uma nova gera��o de atletas ol�mpicos? Queremos combater o espectro cada vez mais pr�ximo de uma epidemia de obesidade entre crian�as e adolescentes?
Respostas claras a essas perguntas ajudariam a espantar aparente falta de foco de que o documento padece em sua vers�o atual. Nada contra o est�mulo ao esporte como um fim em si mesmo, � claro, mas n�o d� para evitar quest�es sobre o prop�sito da pr�tica quando falamos de pol�tica de Estado.
Al�m desse problema de fundo, chama a aten��o a relativa falta de conex�o entre os conte�dos de educa��o f�sica e os de outras disciplinas -esses poss�veis elos, ao menos, n�o s�o mencionados no texto proposto pela BNCC.
N�o parece fazer muito sentido falar de dan�a sem o envolvimento dos professores da �rea de educa��o art�stica (e de m�sica, embora sejam rar�ssimas as escolas brasileiras, em especial as p�blicas, nas quais existe algum tipo de instru��o musical formal).
Do mesmo modo, uma integra��o mais clara entre os exerc�cios na quadra da escola e as aulas de ci�ncias e biologia, unindo o te�rico e o pr�tico para explicar os benef�cios da atividade f�sica, tamb�m seria salutar.
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