Nova vers�o da base nacional curricular traz de volta hist�ria da Europa
Ap�s receber cr�ticas e mais de 12 milh�es de sugest�es em consulta p�blica, o Minist�rio da Educa��o divulgou nesta ter�a-feira (3) uma nova vers�o da proposta de uma base nacional curricular, documento que definir� os conte�dos m�nimos a serem ensinados nas escolas das redes p�blica e privada do pa�s.
A primeira proposta, apresentada em setembro de 2015, sofreu muitas cr�ticas de especialistas, que viam problemas como falta de rela��o entre os conte�dos, pontos com interfer�ncia ideol�gica e aus�ncia de temas considerados importantes para a forma��o dos alunos.
Renato Costa/Folhapress | ||
O ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, durante entrevista coletiva |
O eixo de ci�ncias humanas recebeu v�rias mudan�as, em especial os conte�dos de hist�ria, um dos mais questionados por especialistas na proposta anterior.
A cr�tica era que o novo modelo tinha maior �nfase na hist�ria da �frica e das Am�ricas, mas pouca aten��o � hist�ria antiga europeia, por exemplo. A nova vers�o volta a apresentar esse conte�do.
"O ponto central do debate � que a hist�ria precisa valorizar a antiguidade cl�ssica. Precisa valorizar nosso pertencimento ao mundo ocidental, mas incorporar novas dimens�es, sobretudo a hist�ria da �frica e tamb�m a contribui��o dos povos ind�genas", diz o ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante.
O curr�culo de l�ngua portuguesa tamb�m foi readequado –ganhou refor�o na gram�tica e em literatura na nova proposta, de acordo com o MEC. A altera��o ocorreu ap�s cr�ticas de que esses conte�dos estavam pouco presentes.
FLEXIBILIZA��O
Outra das principais mudan�as � uma proposta de flexibiliza��o do curr�culo do ensino m�dio, que passa a ser composto por "unidades curriculares" e com maior liga��o com a forma��o profissional.
Na pr�tica, segundo Mercadante, a medida retira a divis�o dos conte�dos por ano e d� a possibilidade de que a organiza��o do ensino seja feita pelas escolas.
"N�o � uma estrutura seriada. Isso significa que h� um conjunto de disciplinas articuladas e n�o � preciso implement�-las de forma seriada e sequenciada. H� mais liberdade para compor o curr�culo", afirma.
Al�m de mais flex�vel, a nova proposta, de acordo com o MEC, permite uma maior liga��o do curr�culo com atividades e conte�dos que levam � forma��o profissional e tecnol�gica, possibilidade que n�o existia na primeira vers�o.
Na outra ponta, a nova proposta tamb�m traz mudan�as nas estrat�gias para a educa��o infantil. Antes dividida por um conte�do �nico, a etapa passa a ter objetivos de aprendizagem separados por faixas et�rias.
O conte�do tamb�m ganha apoio para incentivar a alfabetiza��o e a transi��o para o ensino fundamental, segundo apresenta��o feita por especialistas ligados ao MEC nesta ter�a-feira.
MAIS AMPLO
O novo documento tem mais do que o dobro de p�ginas da vers�o anterior. Ambas as propostas foram constru�das por 116 especialistas, divididos em 29 comiss�es.
Apesar da aparente amplia��o, o secret�rio de Educa��o B�sica, Manuel Pal�cios, diz que houve "enxugamento" na proposta curricular. A mudan�a, assim, seria nos textos introdut�rios de cada �rea do conhecimento, com o objetivo de deixar mais claro os objetivos da proposta.
A constru��o de uma base nacional de ensino � uma das metas do Plano Nacional de Educa��o. A estimativa � que o documento esteja finalizado at� o fim deste ano.
At� l�, a nova vers�o deve passar por an�lise do Conselho Nacional de Educa��o e receber contribui��es de Estados e munic�pios, por meio de semin�rios sobre o tema. Segundo Mercadante, a ideia � que os curr�culos sejam implementados em 2018.
'GOLPE' E 'LUTA'
Durante o evento de lan�amento da proposta, o ministro evitou comentar sobre o momento pol�tico e ressaltou que a constru��o de uma base curricular faz parte de uma pol�tica de Estado.
"Mas uma coisa eu n�o posso deixar de falar: n�o vai ter golpe na base nacional comum. E se tiver, vai ter luta", afirmou.
O presidente do Conselho Nacional de Educa��o, Gilberto Garcia, tamb�m afirmou que a base "tem que estar acima do interesse de governos". Representantes dos secret�rios municipais e estaduais tamb�m defenderam a ado��o de uma base comum de ensino.
"J� temos superada a discuss�o de ter ou n�o uma base. Estamos em busca de um modelo que seja melhor para o pa�s e de trabalhar para que as dist�ncias que existem sejam minimizadas", afirmou no evento Al�ssio Costa Lima, da Undime, entidade que representa os dirigentes municipais de educa��o.
"Diferentemente das cr�ticas de quem diz que a base engessa, vemos a base como espa�o de flexibilidade para que seja contemplada a cultura regional", completa.
Apesar do pouco tempo para an�lise, especialistas veem pontos positivos nas mudan�as apresentadas nesta ter�a-feira.
Para Alice Andr�s, do Movimento Pela Base, a nova organiza��o do documento traz avan�os, como maior foco na integra��o das disciplinas e no desenvolvimento do aluno. Outras altera��es ainda precisam ser analisadas, afirma. "� primeira vista, tudo indica que estamos no rumo correto", diz.
Presente no encontro, o ex-ministro da Educa��o, Renato Janine Ribeiro, defendeu as mudan�as no ensino m�dio.
"Temos hoje no ensino m�dio um problema de evas�o. Enquanto no fundamental 1 e 2 j� conseguimos garantir que a grande maioria esteja na escola, no ensino m�dio temos problemas de matr�cula, perman�ncia, conclus�o e de qualidade", diz.
"Me parece muito importante que ao terminar o ensino m�dio os alunos estejam capacitados para entrar no ensino profissional e para viverem como cidad�os", afirma, em refer�ncia tamb�m aos conte�dos de ci�ncias humanas.
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