O Ministério Público da Bahia denunciou 14 pessoas ligadas à cúpula da rede de jogos de azar Paratodos, que atua em atividades do jogo do bicho e controla máquinas caça-níqueis no estado.
A denúncia foi acatada no último dia 9 de dezembro pela Justiça, que também determinou o bloqueio de cerca de R$ 160 milhões em bens e valores em contas bancárias.
Foram sequestrados judicialmente 91 veículos, 58 imóveis, 13 lanchas, três motos aquáticas, um iate e 18 aeronaves. Nas contas bancárias dos alvos da operação, foram bloqueados cerca de R$ 92,8 milhões.
O advogado Batista Neves Filho, responsável pela defesa de Adilson Santana Passos e Adilson Santana Passos Júnior, informou que não teve acesso à íntegra dos autos e, por isso, não vai se manifestar. A reportagem ainda não conseguiu contato com as defesas dos outros 12 denunciados.
Nesta terça-feira (18), equipes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosa), do Ministério Público estadual, deflagraram uma operação batizada com o nome Lei Para Todos.
A investigação aponta que, entre os meses de janeiro de 2010 e janeiro de 2020, 23 empresas serviram de fachada para lavagem de dinheiro, em esquema que teria movimentado cerca de R$ 5 bilhões.
As 14 pessoas foram denunciadas pelo crime de lavagem de dinheiro. Elas eram sócias das 23 empresas que, no entendimento dos promotores, eram utilizadas para inserir o dinheiro arrecadado com o jogo do bicho e com a exploração de máquinas caça-níqueis na economia formal.
Outra parte das empresas eram utilizadas para blindagem patrimonial, sendo financiadas com recursos de origem legal e dinheiro ilícito de jogos de azar.
As investigações apontam para um crescimento patrimonial dos envolvidos. Em um dos casos, a quebra dos sigilos bancário e fiscal revelou um crescimento patrimonial de R$ 9 milhões para mais de R$ 65 milhões em nove anos.
O esquema seria operado a partir de três núcleos: do jogo do bicho, das máquinas caça-níqueis e do bicho eletrônico.
O jogo do bicho seria operado por Adilson Santana Passos Júnior e Leandro Reis Almeida, filhos e sucessores de Adilson Passos e José Geraldo, apontados como fundadores da Paratodos.
As máquinas caça-níqueis estariam na alçada de Augusto César Requião da Silva, apontado pela investigação como patrono da jogatina ilícita na Bahia.
Ele é sócio da empresa OM Recreativo Administração e Locação Ltda. Segundo os promotores, no endereço dela funcionou a "fortaleza do jogo bicho", no bairro da Liberdade, periferia de Salvador.
A sede depois foi transferida para a avenida Otávio Mangabeira, bairro de Pituaçu, na orla da capital. Segundo os investigadores, os dois locais contariam com "com forte esquema de segurança, com muros elevados, câmeras e vigias armados". A sigla OM apareceu nas máquinas caça-níqueis identificadas durante as investigações.
O terceiro núcleo, que seria controlado por Maria Tereza Carvalho Luz e Frederico Pedreira Luz, é responsável por modernizar o jogo do bicho com um sistema eletrônico de apostas, atuando por intermédio da empresa Projeta Tecnologias e Projetos Ltda.
Os réus são Adilson Santana Passos, Adilson Santana Passos Júnior, Augusto César Requião da Silva, Frederico Pedreira Luz, Joana Mascarenhas Requião da Silva, João Carlos Pinto, José Geraldo de Sousa Almeida, José Fernando de Carvalho Júnior, José Luiz de Oliveira Simões, Júlio Vinícius Reis Almeida, Leandro Reis Almeida, Leonardo Reis Almeida, Marcos Augusto Pinto e Maria Teresa Carvalho Luz.
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