A resposta da Enel ao apagão causado pelo temporal da última sexta-feira (11) ficou abaixo do esperado, e a companhia ainda não tem um prazo definido para restabelecer completamente o fornecimento de energia elétrica aos consumidores afetados na cidade de São Paulo e na região metropolitana.
As informações foram divulgadas neste domingo (18) após reunião da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e da Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo) com empresas distribuidoras de energia realizada em São Paulo.
O encontro foi convocado em meio a uma troca de acusações entre o Ministério de Minas e Energia, o governo de São Paulo e a prefeitura da capital paulista por causa do apagão que deixou mais de 2 milhões sem energia na cidade e na Grande São Paulo.
Parte da resposta não adequada se deve à demora da companhia para chegar aos 2.500 agentes em campo para restabelecer o serviço, número previsto no plano de contingência apresentado pela empresa.
Até este domingo são 1.700 agentes em campo, e, nesta segunda (14),segundo o presidente da Enel São Paulo, Guilherme Lencastre, a empresa vai completar o contingente.
O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa Neto, afirmou que a resposta não está adequada, segundo o prometido no plano de contingência apresentado pela empresa para emergências. "A retomada está, qunado comparamos com o evento do ano passado, não está tão eficiente quanto esperávamos."
"Em 3 de novembro [de 2023], levou 24 horas para retomar 60% do serviço dos interrompidos, e esse mesmo patamar foi atingido em 42 horas", disse Thiago Mesquita Nunes, diretor-presidente da Arsesp. Até o momento, 67% dos afetados tiveram o fornecimento de energia restabelecido.
Participaram da reunião representantes das empresas Enel São Paulo, Neoenergia Elektro, EDP São Paulo, Energisa Sul-Sudeste, CPFL Piratininga, CPFL Paulista, CPFL Santa Cruz, CTEEP e Eletrobras Furnas.
Ao menos 698,8 mil clientes da Enel em São Paulo seguiam sem energia neste domingo, dois dias após o temporal que atingiu a Grande São Paulo na noite de sexta-feira (11) e deixou 2,1 milhões sem luz.
Segundo Feitosa Neto, da Aneel, não estão descartadas outras sanções e penalidades, nem uma eventual recomendação para a caducidade do contrato. A diretoria da agência solicitou à área de fiscalização que emitisse uma intimação à empresa, afirmou o diretor-geral.
Esta intimação virá acompanhada de um relatório de falhas e transgressões. A Enel terá, então, 60 dias para se manifestar. "Após a apresentação dessas informações, a área de fiscalização instruirá um processo recomendando, ou não, a instauração de um processo de recomendação de caducidade ao poder concedente", afirmou o diretor-geral da Aneel, que não informou prazo para a intimação.
Ele disse que a resposta da Enel aos danos do temporal, assim como seu plano de contingência, serão acompanhados por um agente de fiscalização em São Paulo, bem como por meio de parceria com a Arsesp.
Lencastre, da Enel, afirmou ainda que haverá investimentos para aperfeiçoar os sistemas de previsão meteorológica. Tanto a empresa quanto as agências afirmaram que a magnitude do temporal e das rajadas de vento não era esperada, o que ampliou os danos e afetou a resposta.
Os agentes que vão completar os 2.500 técnicos em campo também fazem parte de outras empresas que atendem o estado. Além das equipes adicionais, Lencastre afirmou, ainda, que a companhia deve contratar mais 1.200 eletricistas próprios.
A empresa foi multada pela Aneel, em setembro deste ano, em R$ 165 milhões pelo apagão de novembro do ano passado. A multa, assim como outra, de R$ 95 milhões, está suspenso por ordem judicial após pedido da Enel. Ao todo, segundo Feitosa Neto, a agência já aplicou R$ 320 milhões em penalidades.
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