Descrição de chapéu Violência contra a mulher

Motorista de aplicativo é condenado a 10 anos de prisão por estupro de vulnerável

OUTRO LADO: homem alegou que relação foi consensual; juíza considerou que vítima estava embriagada

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São Paulo

Um motorista de aplicativo foi condenado a 10 anos de prisão por estupro de vulnerável. O caso aconteceu em fevereiro deste ano, e ele está preso preventivamente desde março. A vítima afirma que também teve celular e cartão roubados.

Ainda cabe recurso da decisão, que é de primeira instância.

No dia 19 de julho, a juiza Érica Aparecida Ribeiro Lopes e Navarro Rodrigues determinou uma pena ao motorista de nove anos e quatro meses pelo estupro de vulnerável e de um ano pelo furto, além de pagamento de multa. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.

 Mulheres de movimentos sociais fazem manifestação por justiça no caso Mariana Ferrer e contra a cultura do estupro, em frente ao STF, em 2020
Mulheres de movimentos sociais fazem manifestação por justiça no caso Mariana Ferrer e contra a cultura do estupro, em frente ao STF, em 2020 - Pedro Ladeira 04.nov.2020/Folhapress

Segundo a decisão da Justiça, o motorista buscou a vítima em um bar em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, e a levou até o prédio onde ela morava. Ao chegarem no local, os dois então subiram para o apartamento dela, onde teria ocorrido o estupro. A viagem foi solicitada pelo aplicativo 99.

Procurada, a 99 afirmou que lamenta o episódio. "Após receber a denúncia do caso, a empresa prestou toda assistência à investigação das autoridades, compartilhando as informações pertinentes da viagem", disse a empresa em nota.

A 99 afirmou ainda que repudia a cultura do estupro e que segue investindo em parcerias e tecnologias "que possam apoiar uma mobilidade urbana cada vez mais segura para todas as mulheres, passageiras e motoristas".

A vítima afirmou que estava embriagada e que acordou no apartamento sem lembrar de nada. Já o motorista alegou que a relação foi consensual.

Como o caso aconteceu dentro do apartamento da vítima e quando os dois estavam sozinhos, a juíza considerou o relato dela e de outras pessoas que que a viram antes e depois do episódio como prova.

A magistrada afirmou que as conversas relatadas por essas testemunhas não corroboram com a versão do réu e demonstram que a vítima estava embriagada e sem discernimento. Por isso, não conseguiria "oferecer resistência à investida libidinosa".

A magistrada também cita uma fala do ex-ministro do STJ (Supremo Tribunal de Justiça) Felix Fischer que, em 2007, afirmou que a palavra da vítima "em sede de crime de estupro, ou atentado violento ao pudor, em regra, é elemento de convicção de alta importância, levando-se em conta que estes crimes, geralmente, não tem testemunhas ou deixam vestígios".

Gabriela Manssur, advogada da vítima, afirma que a decisão foi importante e chancela a necessidade de denúncia e a credibilidade da palavra da vítima.

Ela também afirma que é importante o "posicionamento das empresas de aplicativo de transportes, que devem colocar à disposição das vítimas mecanismos de denúncia e segurança para evitar crimes contra as mulheres, que, infelizmente, são as principais vítimas desse tipo de crime".

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, uma pessoa registrou uma denúncia de estupro no Brasil a cada seis minutos em 2023, sendo que 62% das vítimas têm até 13 anos. O número de estupro de vulnerável cresceu 7,5% no país de 2022 (59.761 casos) para 2023 (64.237).


COMO DENUNCIAR

  1. Atendimento multiprofissional

    Em São Paulo, é indicada a Casa da Mulher Brasileira (r. Vieira Ravasco, 26, Cambuci, tel.: 3275-8000) —local funciona 24 horas todos os dias. A mulher tem acesso a delegacia, Ministério Público, Tribunal de Justiça e alojamento provisório se não puder voltar para casa.

  2. Canal de atendimento

    Na Ouvidoria das Mulheres, do Ministério Público de São Paulo, por meio de um formulário online

  3. Instituições voluntárias

    Projetos como Justiça de Saia, MeTooBrasil e Instituto Survivor dão apoio jurídico e psicológico para as mulheres vítimas de abuso e violência doméstica.

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