Vice-governador diz que grades na cracolândia não vão dispersar usuários

Felício Ramuth afirma que estruturas são as mesmas usadas em shows e que não há restrição do direito de ir e vir

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), disse nesta segunda-feira (24) que a instalação de grades na rua dos Protestantes, onde está fixada a maior aglomeração de usuários de drogas no centro da capital, é uma medida complementar ao aumento de policiamento na cracolândia que não causará dispersão de dependentes químicos para outros locais.

Ramuth afirmou que 30 endereços na região central são monitorados diariamente pelo governo estadual e que nenhuma nova aglomeração de usuários de drogas surgiu desde que as grades foram instaladas, na última terça (18).

"Elas servem para separar a aglomeração de pessoas do tráfego de veículos e facilitar a entrada nesse nosso corredor de saúde, o atendimento especializado. Tanto é que nós já temos imagens de ambulâncias entrando naquele espaço depois da instalação das grades", disse o vice-governador.

Gradis instalados pelo governo estadual e Prefeitura de SP delimitam o espaço do fluxo da cracolândia na rua dos Protestantes, no centro - Danilo Verpa - 20.jun.2024/Folhapress

Ele afirmou que os cavaletes de metal usados para delimitar cercar os usuários de drogas são usados de forma corriqueira para o controle de multidões e deu como exemplo shows e festas populares em que é necessário restringir o espaço de pedestres para garantir que faixas de trânsito não sejam ocupadas.

Ao mesmo tempo, afirmou que não há restrições à entrada e à saída de pessoas do local cercado. Disse também que o governo já constatou uma variação no número de pessoas no fluxo da rua dos Protestantes ao longo do dia —ou seja, que há usuários de drogas que entram e saem do local.

Responsável por coordenar as ações do governo estadual para a cracolândia, Ramuth ressaltou que a decisão de instalar as grades foi discutida com moradores e comerciantes da região e que a prefeitura participou da decisão. Segundo ele, houve uma redução no número de pessoas que frequentam cenas abertas de uso de drogas nas ruas Protestantes e Santa Ifigênia.

Como mostrou a Folha, contudo, em vez de ficarem o dia todo no mesmo ponto, grupos maiores passaram a se movimentar com mais frequência pelo centro. Entre os motivos citados pelos usuários para manter a rotina itinerante estão o aumento das prisões, o sobrevoo constante de drones e a proibição, por parte da polícia, de acessarem a rua dos Protestantes com mochilas, sacolas, bolsas ou bicicletas.

A ideia do governo estadual com as grades é permitir a aproximação dos agentes de saúde e liberar o fluxo de carros, interrompido naquele trecho da rua por causa do fluxo de usuários de drogas. Outro objetivo é deixar o tráfico mais exposto para permitir a atuação das polícias.

O fluxo da cracolândia se fixou na rua dos Protestantes após ocupar por cerca de quatro meses o entorno da rua Santa Ifigênia. No local ocorreram sucessivos saques a lojas de produtos eletrônicos, bem como protestos de comerciantes por mais segurança.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.