Descrição de chapéu Chuvas no Sul

RS ainda tem moradores em barracas e sem luz um mês após enchentes

População afetada por tragédia convive com incertezas sobre retorno para casa ou ida para novas moradias

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Cruzeiro do Sul (RS) e Rio Pardo (RS)

Após perder a casa no início de maio com a enchente do rio Taquari, no município gaúcho de Cruzeiro do Sul (a 120 km de Porto Alegre), o reciclador Caetano Giovanella, 67, passou o último mês inicialmente em um Fiat Uno e, depois, em uma barraca de acampamento, que recebeu como doação.

Ele não foi para um abrigo porque não desejava abandonar seus animais –seis cachorros e duas cabras. Dormir dentro de carros ou barracas foi o que restou para parte da população afetada pelas enchentes.

"Apareceu bicho abandonado demais aqui. Graças a Deus o pessoal tem trazido ração. Eu trato, gosto dos bichinhos", afirmou o reciclador em entrevista à Folha na quinta-feira (6), antes de ele encontrar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Reciclador Caetano Giovanella perdeu casa e passou a viver em carro e barraca em Cruzeiro do Sul (RS) - Anselmo Cunha - 6.jun.2024/Folhapress

Giovanella estava entre os ex-moradores que receberam o petista no bairro Passo de Estrela, dizimado pela fúria do Taquari em Cruzeiro do Sul. Além de ficar sem a casa, o reciclador também perdeu seu galpão de reciclagem na catástrofe.

"Foi tudo", diz. "O bairro era ótimo, me criei aqui. A gente sente ao ter que sair. Vamos tomar outro rumo, mas é penoso."

O caso do reciclador é um dos exemplos das incertezas que afetam gaúchos cerca de um mês após o início das enchentes. Eles não sabem quando terão novas casas ou quando poderão retornar para as antigas moradias.

Eletricista aposentado Vergílio Dirceu de Castro ainda não sabe quando conseguirá voltar para casa em Rio Pardo (RS) - Anselmo Cunha/Folhapress

O eletricista aposentado Vergílio Dirceu de Castro, 75, teve a residência afetada pela cheia do rio Jacuí na região do balneário Porto Ferreira, no município de Rio Pardo (a 90 km de Cruzeiro do Sul e a 150 km de Porto Alegre).

Segundo ele, o telhado foi danificado, e apenas duas geladeiras foram salvas no endereço.

Além das perdas materiais, outro obstáculo que dificulta o processo de volta para casa é a ausência de serviços básicos, como o fornecimento de luz em parte da região após a enchente, diz o morador.

Na manhã desta sexta-feira (7), técnicos trabalhavam no conserto de postes e fios da rede elétrica do balneário. Conforme balanço divulgado pelo governo gaúcho na quarta (5), o estado tinha "apenas casos pontuais" de falta de luz.

"Não sei se em 90 dias consigo voltar para casa. Tomara que consiga antes", afirma Castro.

O eletricista estima que, antes da enchente, em torno de 40 famílias viviam no balneário Porto Ferreira. A região era ponto de lazer e descanso às margens do rio Jacuí antes da cheia.

Com a casa atingida pela enchente, Castro procurou alojamento na residência de um amigo que vive perto dali. Ele diz que os moradores vêm se ajudando após a tragédia ambiental.

"O gaúcho precisa se abraçar em uma desgraça assim."

Área do balneário Porto Ferreira, em Rio Pardo (RS), carrega danos de enchente do rio Jacuí - Anselmo Cunha/Folhapress
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