O nível do lago Guaíba está subindo em Porto Alegre e deve chegar perto da cota de alerta nos próximos dias.
De acordo com a edição mais recente do boletim do IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), divulgado no começo da tarde desta terça (18), o Guaíba terá uma elevação maior a partir desta quarta (19) e deve baixar ao longo de sexta (21).
A previsão leva em consideração o resultado das chuvas dos últimos dias no Rio Grande do Sul, que elevaram o nível de todos os afluentes do Guaíba entre domingo (16) e segunda (17), bem como a previsão de mais chuva para os próximos dias e a oscilação dos ventos.
A previsão é uma má notícia para moradores das ilhas de Porto Alegre, região mais vulnerável a alagamentos na cidade, localizada no delta do rio Jacuí.
Na segunda, a Defesa Civil municipal emitiu um alerta preventivo para risco de inundações no arquipélago e no extremo sul da capital, válido até as 12h da próxima quinta (20). Agentes atuam nas ilhas para orientar os moradores.
Há um plano de ação do órgão, em conjunto com os bombeiros e a subprefeitura das ilhas, para os próximos dias. Três embarcações e 30 militares foram disponibilizados pela Marinha, além de caminhões.
Muitos moradores ainda não puderam retornar para suas casas, e as operações de limpeza estão concentradas na retirada de bancos de areia depositados em pátios e vias do bairro.
O nível do Guaíba na régua da Usina do Gasômetro estava em 2,89 metros às 11h15, 26 cm abaixo da cota de alerta deste ponto, que é de 3,15 metros. No mesmo horário nesta segunda, a marca era de 2,74 metros.
De acordo com o IPH, a principal preocupação diz respeito à possibilidade de elevações acima das cotas de alerta e inundação (3,60 metros). "É necessário seguir com atenção a chuva observada, considerando a incerteza da previsão meteorológica", diz o boletim.
Entre a sexta (14) e a segunda, foram registrados altos volumes de chuva em todo o estado. Foram cerca de 75 mm na região central, 85 mm no alto Jacuí, 100 mm no Sinos, 150 mm no Caí, 150 a 200 mm no Taquari-Antas e até 240 mm na cabeceira do rio das Antas.
"Nas últimas 24 horas, [registramos] adicionais de 80 mm no noroeste do estado e 15 a 30 mm em bacias do Guaíba", acrescenta o boletim.
O instituto afirma que as previsões meteorológicas mais atualizadas indicam chuvas ao longo dos próximos dez dias. Há um alerta para precipitações de 50 mm nas próximas 24 horas e para um acumulado que pode superar 200 mm na parte norte do Rio Grande do Sul no período.
O nível dos dois afluentes mais sobrecarregados do Guaíba, o Taquari e o Caí, já está em redução. Os indicadores apontam que o Guaíba não deve se aproximar do recorde de 5,3 metros registrado em 5 de maio.
Em Lajeado, o rio Taquari chegou a 21,77 metros às 13h45, uma redução de 30 cm em uma hora. O rio atingiu 24,15 metros às 22h45 de segunda —a cota para que a água atinja as primeiras residências é de 19,8 metros.
Em Montenegro, o rio Caí atingiu 7,62 metros na madrugada desta terça, acima da cota de inundação de 6 metros. O nível está caindo aos poucos, e marcava 7,46 metros às 13h.
Com a enchente, mais de 1.200 pessoas estão fora de casa na cidade, e outras 200 estão em abrigos. Segundo a prefeitura, nos últimos dias foram feitos 33 resgates. O município segue sob alerta, com a previsão de novas chuvas na serra nos próximos dias, que podem influenciar o nível do rio.
Na vizinha São Sebastião do Caí, o rio Caí atingiu 14,66 metros, mas segue recuando e está em 12,2 metros, de acordo com a medição das 12h (baixou 68 cm desde as 6h). O nível ainda está acima da cota de inundação, que é de 10,5 metros. Até a tarde desta terça, 503 pessoas estavam em seis abrigos na cidade.
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