Descrição de chapéu Obituário Júlio Lobo (1960 - 2024)

Mortes: Ensinava astronomia e pedia sorrisos como pagamento

Júlio Lobo atuou por 47 anos no Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini

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São Paulo

O astrônomo Júlio Lobo se apaixonou pelos mistérios dos céus ainda criança, aos 9 anos, depois de ver um meteoro rasgando o céu. O pai lhe deu uma enciclopédia e ele passou a pesquisar sobre o assunto.

O interesse se tornou profissão, o que permitiu rodar o país ensinando astronomia. O pagamento que exigia era o sorriso no rosto daqueles que miravam seus equipamentos para o alto e se encantavam com os corpos celestes.

Lobo nasceu em Campinas, em 7 de janeiro de 1960, e se autodenominava contador de histórias do universo e estudioso de lendas, mitos e curiosidades.

Aos 17 anos, virou estagiário do Observatório Jean Nicolini, em 1977, mesmo ano de inauguração do local, então denominado Estação Astronômica de Campinas. Esse foi o primeiro observatório municipal do Brasil, além de ser pioneiro na oferta de ação educativa regular.

Júlio Lobo (1960 - 2024)
Júlio Lobo (1960 - 2024) - Arquivo Pessoal

Ele teve como professor o próprio Jean Nicolini, que, segundo suas palavras, "ensinou o céu para ele". Tinha como missão aproximar as pessoas do universo para construir legados e transformar vidas.

Lobo integrava o grupo de "caçadores de meteoros", rede de astrônomos amadores e profissionais de diversos países que se ocupam de estudar os fenômenos estelares.

Durante sua trajetória, buscou fazer com que mais pessoas se interessassem pela astronomia, além de ajudar a construir os próximos passos da pesquisa brasileira na área.

Nos últimos meses, Júlio Lobo planejava um projeto programa que tinha como objetivo ajudar a explicar para as pessoas o céu e os astros.

"Eu já vi inúmeras palestras dele em diversas cidades, já trabalhei com ele. Quando levava os equipamentos em praça pública e alguém olhava no telescópio, abria um sorriso. As pessoas perguntavam quanto paga? Ele sempre respondia, me paga com o sorriso", diz o filho Pedro Lobo.

Pedro conta que o pai tinha um humor peculiar. "Um dia minha irmã levou o namorado para ele conhecer. Ele fechou a cara, colocou o cara sentado e disse que tinha uma pergunta muito séria e importante para fazer. Todo mundo ficou tenso. Ele virou e falou: 'menino, qual sabor de pizza que você gosta'", isso define bem o humor do meu pai, diz.

Lobo morreu no domingo, 26 de maio, aos 64 anos, em decorrência de problemas cardíacos e pulmonares. Ele passou mal quando estava entrando no carro para ir ao velório do cunhado, irmão de sua esposa, que morreu no dia anterior.

"Vou lembrar dele como uma pessoa divertida, de muito conhecimento, que gostava de ensinar e que amava o céu", finaliza Pedro.

Além de Pedro, Lobo deixou as filhas Juliana e Carolyna, e a esposa Silvia.

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