Descrição de chapéu Obituário Darlah Mariana Santos Conceição (1988 - 2024)

Mortes: Criou entidade para defender as lésbicas negras da Amazônia

Advogada, Darlah Mariana Santos Conceição militou no movimento negro e LGBTQIA+ do Pará

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São Paulo

Quando ouvia Whitney Houston, sua cantora predileta, Darlah Mariana Santos Conceição dizia que devia ter estudado música. Em casa, gostava de tocar baixo. Em rodas de samba, se arriscava no pandeiro ou nos tambores. Mas as urgências dos movimentos negro e LGBTQIA+ fizeram com que ela optasse pelo direito.

Vinda de uma família de militantes do movimento negro, ela atuou na Coalizão Negra por Direitos em Belém e no Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa). Na Secção Paraense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) falou diversas vezes sobre o combate ao racismo.

Também participou de grupos de ativistas feministas e lésbicas do Pará. Mas foi na união destas militâncias que surgiu a entidade que se tornou o maior legado e orgulho de Darlah, o Sapato Preto, de mulheres negras da Amazônia.

Uma mulher com um sorriso radiante posa para a foto à noite, exibindo um cabelo volumoso e encaracolado com uma flor vermelha como acessório. Vestindo uma blusa estampada com motivos vermelhos e dourados, a pessoa transmite uma energia contagiante e alegre, enquanto se apoia em uma superfície de madeira, com luzes desfocadas ao fundo criando um ambiente festivo.
Darlah Mariana Santos Conceição (1988 - 2024) - Arquivo pessoal

Com o grupo, atuou diretamente em comunidades quilombolas, nas periferias e em ocupações na região metropolitana da capital paraense. As atividades trabalhavam questões como a busca por autonomia e protagonismo, o combate à lesbofobia e atividades culturais.

Seu trabalho serviu para motivar outras entidades de lésbicas, negras e feministas dentro das comunidades em que atuavam. Era conhecida também como Darlah Farias.

Foram seis anos de atuação com suas companheiras do Sapato Preto. Participou da Articulação de Lésbicas da Amazônia Paraense (Alamp) e da Rede Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais Feministas Negras — Candaces.

Como advogada, diversas vezes trabalhou em casos de violência contra a mulher, racismo e em defesa de populações vulneráveis. Muitas vezes, a atuação como advogada era em parceria com movimentos sociais.

Na política partidária, foi assessora jurídica da vereadora de Belém Lívia Duarte (PSOL), atualmente deputada estadual, e coordenadora de Diversidade Sexual e Gênero na Secretaria Estadual de Igualdade Racial e Direitos Humanos do Pará.

Foi dentro desta atuação política que conheceu Patrícia Gomes, com quem estava casada fazia sete anos. Juntas, criavam a filha da companheira, Anália, hoje com 12 anos. "A Darlah manifestava a experiência da maternidade com atos e pelo cuidado", diz Patrícia. Segundo ela, as três formavam uma "família preta e militante".

Ela morreu no último dia 2 de junho, aos 36 anos. Menos de uma semana depois de sua morte, o governo federal anunciou que a primeira casa de acolhimento para a população LGBTQIA+ pública da região Norte, a ser inaugurada em Belém, levará seu nome. Darlah deixa a companheira Patrícia, a enteada Anália, os pais Isabel e Mariano e o irmão Paulo.

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