Com a chegada de uma frente fria a partir desta sexta-feira (14), Porto Alegre se prepara para o retorno das chuvas. A ameaça de novas tempestades deve deixar o Rio Grande do Sul em alerta ao longo do fim de semana.
A prefeitura da capital gaúcha vai anunciar nesta quinta (13) um plano de contingência para enfrentar a chuva, que vai se fortalecer no sábado (15) com risco de granizo e vento forte, e se intensificar ao longo do domingo (16). Segundo a Sala de Situação do governo estadual, pode chover 110 milímetros em 24 horas na cidade.
O DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana) assinou na terça-feira (11) a contratação emergencial de 256 garis, por um prazo de 90 dias, para auxiliar na limpeza das ruas. Ao todo, serão cerca de 1.100 garis trabalhando na operação.
Desde o início da faxina pública, mais de 51 mil toneladas de entulho foram removidas das ruas pelas equipes, em cerca de 300 caminhões e retroescavadeiras.
Nesta quarta-feira (12), no bairro Sarandi, pilhas de mais de 1,5 metro de entulho ainda estavam nas ruas, e equipes do DMLU trabalhavam no local. A situação é semelhante no vizinho Humaitá. A região foi uma das últimas áreas onde a água baixou, e por isso, ainda está no início do processo de limpeza.
As chuvas não devem causar uma nova alta no nível do lago Guaíba, mas é motivo de preocupação pelo risco de novos alagamentos em trechos urbanos. A situação é agravada pela presença de lixo e entulho nas vias e calçadas de Porto Alegre, principalmente nos bairros mais afetados da zona norte.
O temor é que ocorra novos alagamentos como os registrados no fim de maio, quando o entulho de móveis destruídos pela enchente que estavam nas ruas bloqueou bueiros após um período de novas chuvas.
O prefeito Sebastião Melo (MDB) afirmou que as ações de limpeza do sistema de drenagem e a desobstrução de bueiros, córregos e arroios foram intensificadas.
"Como medidas iniciais, vamos manter as equipes do Dmae [Departamento Municipal de Água e Esgotos] de prontidão em regiões prioritárias como Sarandi, Humaitá, Anchieta e Ilhas, entre outras", disse ele em comunicado divulgado na terça.
Outra ação é a contratação de mais geradores para manter as casas de bombas funcionando, "caso se confirme o prognóstico de temporal". Atualmente, são 26 geradores instalados nas casas de bombas.
Segundo Estael Sias, meteorologista-chefe da MetSul, não devem ocorrer novas enchentes, e sim transtornos urbanos. "De abril para maio teve chuva de 500 a 1.000 milímetros, foram vários dias de chuva muito volumosa e teve uma enchente histórica. Isso não vai acontecer", disse.
"Os rios vão voltar a subir, mas muito longe do que já subiram no pico da cheia ou de algo que vai retirar muitas pessoas de casa, nesse momento os modelos não sinalizam nesse sentido"
Estael explica que a chegada de uma frente fria associada a um centro de baixa pressão vai manter um padrão de umidade alta e instabilidade de chuva por oito dias seguidos. Há um alerta para chance de mais precipitação entre os dias 22 e 23.
"Não quer dizer que nesses oito dias vai chover o tempo inteiro em todo o estado. Alguns dias vai chover mais no norte, outros dias mais no sul, outros dias para de chover, mas vai ser um período de muita umidade".
Apesar do alerta, os índices serão muito menores do que os registrados em maio. A chuva deve ficar entre 50 a 100 milímetros no estado.
Segundo Estael, a quantidade volumosa de materiais que ainda não foram removidos das ruas vai dificultar o escoamento da água da chuva e "certamente vai entupir bueiros".
"Esses alagamentos podem durar mais do que normalmente durariam por conta de toda essa vulnerabilidade", disse.
"A chuva forte e volumosa nesse momento realmente pode criar problemas e dificultar aquele retorno à normalidade que aos poucos, bem devagar, estava acontecendo principalmente na Grande Porto Alegre".
Além do risco de bloqueio de bueiros e bocas de lobo, Estael alerta para problemas sanitários que as novas chuvas podem causar.
"Como tem muito entulho, lixo, talvez animais mortos, um alagamento grande agora pode transportar esse material para a casa das pessoas, e as pessoas terem contato com isso pode trazer aquelas doenças de enchente", fala Estael. Desde o início das chuvas que causaram 175 mortes no Rio Grande do Sul, o estado também registrou 15 óbitos por leptospirose.
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