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Aeroporto de Porto Alegre só reabre este ano no melhor cenário

CEO da concessionária Fraport afirma que operação será retomada até o final do ano 'se os impactos forem menores do que os previstos inicialmente'

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Porto Alegre e São Paulo

O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, não deve retomar as operações antes da segunda metade de dezembro deste ano.

A previsão foi dada pela concessionária Fraport durante encontro com representantes do governo federal e deputados gaúchos nesta segunda (3), de acordo com o deputado estadual Frederico Antunes (PP), que acompanhou vistoria no local e preside a Frente Parlamentar de Aviação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Em nota enviada à imprensa, a CEO da Fraport Brasil, Andreea Pal, disse que a concessionária atua junto ao governo federal para acelerar a retomada das operações. "Estamos fazendo a nossa parte, com diversas atividades já iniciadas. Se os impactos forem menores do que os previstos inicialmente, vamos torcer para que o aeroporto esteja disponível para o final do ano", afirmou, via assessoria.

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Imagem divulgada pela concessionária Fraport Brasil mostra área interna do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, após água baixar - Divulgação/Fraport Brasil

O aeroporto completou nesta segunda-feira um mês fechado em decorrência da enchente histórica em Porto Alegre. A vistoria, realizada pela manhã, contou com a presença da CEO da Fraport Brasil, do ministro Paulo Pimenta, da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, de técnicos da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e outras autoridades.

Em entrevista à TV Globo, Pimenta afirmou que equipamentos afetados pela inundação, como os de sinalização e navegação, têm prazo de entrega estimado em quatro meses. Para ele, é possível imaginar que o aeroporto esteja funcionando novamente no Natal e no Ano-Novo.

O Salgado Filho está fechado desde 3 de maio, quando a inundação do lago Guaíba chegou ao bairro Anchieta e, aos poucos, tomou conta da pista e do primeiro pavimento do prédio. A água já baixou na área interna, mas alguns pontos externos e ruas de acesso ainda estão alagados.

Nesta segunda-feira foi iniciado o processo de varredura e limpeza das pistas, pátios e taxiways (faixas de trânsito de aeronaves) para retirada de sujeira e entulho.

"Em paralelo, foram iniciados os testes e sondagens para avaliação da resistência do solo, desde a compactação até a pavimentação, para que tecnicamente seja possível afirmar os impactos causados pelo acúmulo de água durante as últimas semanas", disse a Fraport, na nota.

Os testes devem durar aproximadamente 45 dias, a depender também das condições climáticas, e a avaliação dos impactos da enchente na estrutura do aeroporto e da pista de pousos e decolagens deve ser concluída em julho.

Na foto, prédios do aeroporto de Porto Alegre estão rodeados de água. Ao fundo, um avião pousado.
Aeroporto de Porto Alegre está sem água na parte interna, mas ainda há alagamentos nos arredores - Leonardo Vieceli/Folhapress

A Anac diz que no mês passado aplicou medida cautelar, estabelecida em uma portaria, que proíbe operações de pouso e decolagem de aeronaves de asa fixa (aviões) no Salgado Filho.

A medida, de caráter provisório, é válida por tempo indeterminado e será mantida até que a concessionária comprove o restabelecimento das condições para as operações aéreas no local.

Segundo a Fraport, ainda não é possível detalhar o valor total do prejuízo causado pela inundação, nem quais equipamentos vão precisar de reparo ou substituição. Em visita ao aeroporto no dia 29, o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), disse que toda a parte de esteiras do primeiro pavimento foi danificada pela água.

Conforme a assessoria do deputado Frederico Antunes, a informação repassada pela Fraport aos participantes da vistoria é que o custo da retomada das operações se aproxima de R$ 300 milhões.

Apenas em equipamentos, o montante chegaria a R$ 45 milhões. O valor é abaixo do mencionado pelo governador Eduardo Leite (PSDB) em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira. O tucano disse que havia uma projeção de que os investimentos necessários para reestabelecer o aeroporto de Porto Alegre poderiam chegar a R$ 1 bilhão.

De acordo com a Anac, a Fraport solicitou um estudo de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato do Salgado Filho. O alagamento é considerado pela empresa algo fora da previsão contratual.

"É preciso que a concessionária avance na discussão com a Anac, com o Ministério de Portos e Aeroportos e AGU [Advocacia-Geral da União], no sentido de restabelecer o equilíbrio do contrato da concessão, mas isso não pode ser um impeditivo para que o trabalho seja acelerado", disse Paulo Pimenta.

Segundo Tiago Pereira, diretor-presidente da Anac, o órgão já iniciou a análise do pedido de reequilíbrio, mas é necessário cumprir uma série de procedimentos antes que o aeroporto possa reabrir. "Ainda não conhecemos a dimensão das perdas causadas pela inundação. Estamos trabalhando para viabilizar a retomada das operações no menor prazo de tempo possível", afirmou Pereira, que também participou da vistoria nesta segunda.

Também estiveram presentes na vistoria o auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) ⁠Lucas Massahiro Kokubu, o secretário estadual da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, o chefe de gabinete do diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Anderson Lessa, e o secretário nacional de Aviação Civil, Tomé Franca.

Franca disse na rede social X que um cronograma de ações para o retorno das atividades do Salgado Filho será apresentado "nos próximos dias".

Em entrevista coletiva sobre a situação das rodovias no estado, também nesta segunda, o governador Eduardo Leite (PSDB) falou sobre o aeroporto. "Entendemos que é muito importante que o governo federal construa a solução junto à concessionária para dar segurança sobre o reequilíbrio", disse o governador. "É ponto crítico para o estado, do ponto de vista de desenvolvimento econômico e manutenção de empregos."

A paralisação do Salgado Filho trouxe uma série de dificuldades logísticas para o Rio Grande do Sul, com reflexos no transporte de pessoas e mercadorias. Com as atividades do aeroporto suspensas, a base aérea militar de Canoas passou a receber voos comerciais temporariamente. Outros aeroportos do interior do Rio Grande do Sul, como Caxias do Sul, Santo Ângelo e Uruguaiana são estudados como alternativas regionais.

Questionada pela reportagem, a Fraport não detalhou quantos voos foram cancelados no Salgado Filho desde o início de maio, nem o número de passageiros afetados.

Considerando embarques e desembarques em voos nacionais e internacionais, o Salgado Filho recebeu 551,6 mil passageiros em abril, antes da paralisação. O dado consta em um painel atualizado pela Anac. O número supera com folga a movimentação registrada nos aeroportos que integram a malha aérea emergencial criada pelo governo federal para atender o Rio Grande do Sul.

A título de comparação, o aeroporto de Florianópolis teve 302,5 mil passageiros em abril, segundo a Anac. A capital catarinense integra a malha aérea com voos adicionais para suprir parte da demanda gaúcha.

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