Descrição de chapéu violência

Sexo, armas e meditação: ex-integrantes acusam comunidade do Osho no RS de abusos e agressões

Grupo que vende cadernos em bares e recebeu apelido de 'seita da suruba' é acusado de violência física e psicológica; OUTRO LADO: líder nega agressões

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Talita Fernandes da Silva é uma das jovens que denunciam abusos durante as terapias do centro Namastê, em Porto Alegre, e na comunidade Osho Rachana, na zona rural de Viamão; ela diz que apanhou de cinto do líder do grupo Marcos Nagelstein - 28.jun.22/Folhapress

São Paulo

É domingo de manhã e 30 pessoas tiram as roupas, colocam vendas nos olhos e se deitam no chão de um amplo salão com piso de madeira em meio ao verde da zona rural de Viamão, na Grande Porto Alegre (RS).

Uma música dá o clima e embala as primeiras carícias, que viram pegação. Quem ergue o braço recebe na mão uma camisinha.

O que pode parecer uma suruba organizada era tratado pelo grupo como um processo terapêutico, parte da Maratona de Potencial Sexual, iniciada dois dias antes entre membros da Comunidade Osho Rachana, a cerca de 40 quilômetros da capital gaúcha.

O sítio, que já foi casa para mais de cem pessoas, a maioria entre 25 e 35 anos, foi comprado em 1991 por um grupo de discípulos de Osho (1931-1990), o controverso líder espiritual indiano apelidado de "guru do sexo", que pregava o materialismo espiritual e teve mais de 90 carros Rolls-Royce.

Nos anos 1970 e 1980, Osho converteu multidões de jovens ao seu movimento rajneesh, que criticava a religião e educação tradicionais, pregava o amor livre e prescrevia meditações ativas. Batizados com nomes em sânscrito, eles eram organizados em comunidades fechadas, uma delas retratada na premiada série documental "Wild Wild Country", da Netflix.

Este modelo inspirou a comunidade gaúcha de Viamão, conhecida nas redondezas como "sítio dos pelados". A alcunha se deve à centralidade do sexo na proposta terapêutica do grupo. Um método próprio que mistura elementos da terapia bioenergética, baseada nas teorias do psicanalista austríaco Wilhelm Reich (1897-1957), com as meditações ativas criadas por Osho. Durante a pandemia, como na série, a cúpula da comunidade gaúcha comprou armas para se defender de potenciais ataques, depois apreendidas pela polícia.

Karina Copetti, 35, viveu três anos na comunidade Osho Rachana, onde afirma ter sido agredida pelo líder do grupo terapêutico; "Me arrastou pelos cabelos", diz - Daniel Marenco - 8.fev.23/Folhapress

O ponto-chave é a prática de uma sexualidade livre e de exercícios capazes de desmanchar travas e traumas fruto de repressões na infância e adolescência.

"Tudo na sua vida passa a ser explicado a partir de questões sexuais. E a cura de tudo é por meio do sexo", sintetiza Camila Costa Silva, 35, que viveu na comunidade de 2015 a 2020. "Se algo não vai bem, a solução é transar. A filosofia é que quem transa mais e melhor é mais feliz e não tem depressão."

Os terapeutas da Comuna, como é chamada, não têm formação em psicologia nem em psicanálise ou em psiquiatria. Eles são formados num método próprio por um de seus criadores, Prem Milan, 68, nascido Adir Aliatti e convertido ao movimento de Osho.

Sessões como a do início deste texto, tal como descritas à Folha por ex-moradores, são coordenadas por Milan. Sentado numa poltrona de veludo roxo sob um grande quadro do Osho, ele observava a movimentação dos jovens nus no chão entre baforadas de cigarro eletrônico.

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"Nesse tipo de sessão, muita gente fica com um pouco de nojo ou medo, mas vai porque tem que ir", afirma a artista Mariana Lannes, 30, que viveu por nove anos na Osho Rachana. Quem dá para trás, explica, é confrontado por Milan e pelos terapeutas mais graduados: "Você não quer se abrir", "é careta como teus pais".

"A pessoa se convence de que precisa romper. Fica fanática, querendo transformar sua sexualidade porque acredita que, com isso, vai dar um salto na sua vida", completa ela.

Camila e Mariana fazem parte de um grupo de 16 ex-integrantes da comunidade que se reuniu para denunciar abusos e violências que afirmam ter sofrido no que hoje chamam de seita. Eles passaram entre 3 e 14 anos envolvidos com o método, e alguns viveram dez anos no sítio de Viamão.

Em depoimentos à Folha, descrevem uma rotina de manipulações, humilhações, exploração do trabalho e episódios de agressão física que dizem só hoje enxergar como incompatíveis com um processo terapêutico. Alegam ter sofrido e testemunhado coerção, ameaças e práticas de "cura gay".

A motivação declarada pelos denunciantes é impedir que outras pessoas passem pelo que eles passaram.

Eles levaram o caso ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), que informou, por meio de nota, que o "MPRS, no âmbito protetivo, já teve arquivado 'notícias de fato' em face da investigação ainda estar junto à Delegacia de Polícia da cidade de Viamão". Procurada, a Polícia Civil gaúcha informou que a 1ª delegacia de Viamão está investigando o caso.

Ao tomar conhecimento das denúncias pela Folha, Milan negou que empregue violência física ou psicológica na comunidade, onde admite ter uma posição de liderança. Disse que as pessoas são convidadas a entrar para a Comuna e o fazem voluntariamente. Que ninguém era obrigado a ficar ou participar das sessões. E que todos eram livres para manifestar suas discordâncias e para deixar o local quando quisessem.

"A comunidade não sou eu, entende? A comunidade éramos todos nós. Eu cometi erros na minha vida, mas não esses absurdos que os caras dizem", afirmou Milan. "Se houvesse violência, a pessoa poderia ter dado queixa na delegacia", argumentou ele, para quem os denunciantes são movidos "por ressentimento".

Menos de 24 horas depois, a página do Namastê de Porto Alegre no Facebook havia sido deletada. Leia mais sobre a versão de Milan abaixo.

A porta de entrada para a Osho Rachana é o centro de terapia bioenergética e meditações ativas Namastê, sediado no centro de Porto Alegre desde 1997. O local se lançou com o lema "sem tesão, não tem solução" e um cardápio de terapia e meditações.

"A sexualidade era o nosso mercado", afirma Mariana, então conhecida como Dharini. "A premissa era que o sexo vende porque as pessoas são frustradas na vida sexual delas."

A sexualidade era o nosso mercado. A premissa era que o sexo vende porque as pessoas são frustradas na vida sexual delas

Mariana Lannes, 30

artista que viveu por nove anos na Osho Rachana

"povo dos cadernos"

O meio mais despretensioso de angariar novos clientes acabou se revelando um dos mais rentáveis: agendas e cadernos produzidos na comunidade e vendidos de bar em bar em várias cidades.

Com capas coloridas e imagens de figuras como Frida Kahlo, Angela Davis e cacique Raoni, as agendas têm dicas de sexualidade e um planner para o registro dos dias com ou sem sexo. Custam, em média, R$ 60 e são oferecidas nas ruas por jovens da comunidade enviados para São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Florianópolis e Belo Horizonte.

Essa atuação viralizou nas últimas semanas no Twitter, quando postagens sobre o "povo dos cadernos" e uma "seita da suruba" fez pessoas exibirem fotos de seus caderninhos.

Prints de um grupo de WhatsApp de coordenação dessas vendas, apresentados à Folha, mostram mensagens comemorando a marca de 10 mil unidades vendidas em 2023.

"Todo o lucro das agendas ia para a comunidade, que pagava nosso Airbnb e nos dava R$ 80 por dia para comida", conta a designer Carolina Land, 31, que viveu por sete anos na Comuna como Charvi e vendeu agendas em Belo Horizonte.

Um ex-terapeuta, que não quis se identificar, afirmou que foi ensinado a criar com os clientes uma relação de dependência a partir de manipulações feitas em cima de confissões em terapia.

"Você chega no Namastê porque está mal", afirma André Caldas, 39, que "estava perdidão e usava muita droga" em 2006 quando foi levado por um amigo para uma sessão de meditação na filial no Rio. Ele passou 14 anos no método, dez deles como morador da Osho Rachana.

O discurso martelado na cabeça dos clientes, contam, era de que a vida fora da Comuna era superficial, neurótica e careta. E estar perto da família deixava as pessoas "regredidas, reproduzindo a frustração sexual do casamento dos pais".

Pai e mãe

As sessões de terapia conduzem ao trabalho central do método: o Pai e Mãe, uma imersão de 21 dias por cerca de R$ 8.000. Quem não se dispõe a participar é ameaçado com a interrupção da terapia regular sob a alegação de que "não quer mudar de verdade".

O método envolve horas de exercícios de escrita de cenas traumáticas da infância, ora com o pai, ora com a mãe, e encenações, numa rotina intensa que reserva apenas quatro horas diárias de sono.

"Gritos, insultos e agressões físicas de Milan são tratados como necessários para ajudar as pessoas na superação de traumas", afirma Katiane Souza, 33, que diz ter testemunhado um homem açoitado com uma vara. Caldas fala de outro jogado no chão pelos cabelos. Pyetra Horne, 36, relata uma chave de braço em uma mulher.

Gritos, insultos e agressões físicas de Milan são tratados como necessários para ajudar as pessoas na superação de traumas

Katiane Souza, 33

ex-moradora da comunidade

A veterinária Talita Fernandes, 35, conta que Milan, informado sobre agressões que ela sofreu na infância, perguntou porque ela não havia descrito essas cenas no seu Pai e Mãe. "Ele foi subindo a voz, e eu, ficando nervosa", afirma. "Ele perguntou com o que eu apanhava. Disse que com um cinto. E ele falou: ‘fecha os olhos’. Ouvi o som de alguém tirando o cinto. E ele começou a me dar cintadas com toda força", afirma.

"Eu tremia. E ouvia o choro das outras pessoas que participavam da sessão. Fiquei paralisada, com medo. A única coisa que passava pela minha cabeça era: 'Eu não acredito que estou apanhando desse cara'."

Karina Copetti, 35, que viveu por três anos na comunidade, conta que seu "Pai e Mãe foi como uma tortura", finalizado, como de hábito, com a encenação da morte dos pais de cada um. "Matam teus pais e te dão um novo nome. Na saída, as pessoas da comunidade te recebem de mãos dadas, como se fosse o começo de uma nova vida", lembra ela, batizada de Rohini.

Ele [Milan] perguntou com o que eu apanhava. Disse que com um cinto. E ele falou: ‘fecha os olhos’. Ouvi o som de alguém tirando o cinto. E ele começou a me dar cintadas com toda força

Talita Fernandes, 35

veterinária, ex-integrante do grupo

"A comunidade vira tudo o que você tem porque largou a família, virou as costas para os amigos, abandonou emprego e namorado", relata Mariana. Tamanha dependência, diz, impediu muita gente de simplesmente ir embora. Identidade, dinheiro, trabalho, projeto de vida, sexo. Era muita coisa envolvida.

"É como se não houvesse saída para quem quisesse sair. E, quando você se decide, vai com uma mão na frente e outra atrás. Ou, ainda, com dívidas de mensalidades, terapias e maratonas", desabafa Joana Schneider, 32, que conheceu o Namastê logo que se mudou da cidade natal de 20 mil habitantes para a capital gaúcha.

Segundo a ativista e consultora jurídica Tatiana Badaró, a Comuna tem características de seita. "É um grupo com dogmas, que se afasta da sociedade, se considera superior a ela e cria um discurso maniqueísta de ‘nós versus eles’." Ex-vítima de outro líder, ela se tornou pesquisadora sobre abuso em meios religiosos.

"Grupos sectários abusivos exploram as pequenas vulnerabilidades e as potencializam. Com o tempo, a vítima aceita tudo o que aquele líder propõe ou impõe", explica. "Se a pessoa se sente desconfortável com algo, tende a acreditar que é ela que está errada."

Banhos coletivos

Quem ia morar na Osho Rachana até a pandemia pagava uma mensalidade de R$ 2.000 e precisava dedicar oito horas de trabalho semanais à comunidade, seja na horta, nos jardins, na criação de animais, na cozinha ou na manutenção.

O banho era em chuveiros coletivos, e todos dormiam ao som de gemidos em quartos comunitários com camas separadas por cortinas chamadas de "bed spaces", ou apenas "bed".

"Numa noite de gincana, meu 'bed' estava ocupado com um casal transando", conta Pyetra. Ela diz que encontrou outro "bed" vazio, supostamente livre, se despiu e deitou.

"Acordei sentindo um peso em cima de mim. E, aos poucos, fui percebendo que era um homem pelado, montado, se esfregando", afirma ela, que conseguiu empurrar a pessoa. Nervosa, o agrediu.

Ao buscar ajuda, diz, levou uma invertida. A interpretação foi de que a culpa era dela. "Duas terapeutas me cercaram e não me deixaram ir dormir enquanto eu não assumisse a culpa pelo ocorrido. Exausta, falei: a culpa é minha."

É como se não houvesse saída para quem quisesse sair. E, quando você se decide, vai com uma mão na frente e outra atrás. Ou, ainda, com dívidas de mensalidades, terapias e maratonas

Joana Schneider, 32

ex-integrante

Todo domingo acontece a reunião geral da comunidade, em que todos os mais de 60 moradores sentam no chão ao redor de Prem Milan, que ocupa sua poltrona de veludo roxo sob o quadro de Osho e o inseparável cigarro eletrônico.

Os encontros tratavam da vida financeira da comunidade e da dedicação de cada um aos projetos coletivos. Tudo sempre relacionado à vida sexual de cada um.

As 12 mulheres ouvidas pela Folha contam que, neste ponto, se sentiam alvos preferenciais. Se estivessem num relacionamento mais monogâmico, eram "casadas" demais. Se estivessem solteiras e transando, eram "putas" ou "vadias". Solteiras e sem transar, "viúvas". E quem questionava era tachada de "feminazi" —contração de "feminista" com "nazista".

"A violência física contra as mulheres era tratada como algo que fazia parte. E, em alguns casos, se dizia que ela tinha pedido pra apanhar", conta Sérgio Rodrigues, 43, que viveu por sete anos na comunidade.

A maioria das denunciantes mulheres afirma ter sido sistematicamente questionada em sua percepção da realidade e apontada como louca, uma prática conhecida como "gaslighting".

Camila conta que Milan se colocava no lugar de uma figura paterna, que educa e que pune para o bem, e que conhece cada um profundamente. "Depois de te levar ao limite emocional e de dignidade, ele se coloca como um redentor amoroso e capaz de te resgatar para a tua melhor versão", conta ela. "Quando eu via, estava acolhida nos braços dele, aos prantos."

Karina diz ter sido alvo de agressões duas vezes. Primeiro, numa discussão na casa do Milan. "Ele me empurrou pra fora, me derrubando numa pilha de madeiras, veio pra cima e me deu um pontapé."

André Fernandes de Caldas, 39, viveu durante dez anos na comunidade Osho Rachana, na zona rural de Viamão (RS), e faz parte de um grupo de 15 ex-integrantes que agora denunciam episódios de violência, abusos e agressões - Daniel Marenco - 8.fev.23/Folhapress

"Quando comecei a questionar certas coisas, Milan passou a dizer na roda que eu não tinha condições de sair da comunidade porque seria internada direto. Era louca", conta Karina.

Durante uma sessão de bioenergética, levou um tapa e foi posta para fora da sala pelos cabelos, arrastada por Milan, diz. O prem afirma que Karina "partiu pra cima" dele, e que se defendeu.

"A justificativa dele foi que eu estava louca e que ele precisou me bater para me tirar do buraco. Dizia: eu estou te dando o que teu pai nunca te deu", relata Karina. Poucos dias depois, ela conta que acordou com um insight: "se não eu não sair daqui, vou morrer". E o instinto de sobrevivência falou mais alto.

Líder nega acusações: 'grupo de ressentidos'

"Estou acostumado. Sofri muitas acusações de bolsonaristas e igrejeiros porque a gente fala sobre sexo, então, jogam tudo pra cima da gente", afirma Prem Milan, 68, cofundador e líder do Namastê e da comunidade Osho Rachana e co-autor do método terapêutico praticado pelo grupo, inspirado na terapia bioenergética e nas meditações ativas criadas por Osho, líder espiritual indiano apelidado de "guru do sexo".

Milan negas as acusações. "O Namastê tem 26 anos. Acho gozado que agora as pessoas venham falar essas coisas", diz. "Passaram mais de mil pessoas por aqui e várias delas podem contrapor tudo isso", afirma. "Se houvesse alguma violência, coisa assim, a pessoa ia na polícia se queixar, entendeu? Eu faria isso."

Ele refuta a alcunha de seita ("é terapia bioenergética, um trabalho corporal, uma terapia alternativa"), afirma que todas as decisões da comunidade são tomadas por assembleia geral ("todos sempre puderam falar e opinar") e que as pessoas, apesar de selecionadas, participam de tudo voluntariamente ("quando quiseram sair, elas comunicaram que iam sair, sem nenhum problema"). Diz não ser verdade que houvesse pressão psicológica para nada.

"Ninguém nunca impunha nada. Era uma coisa aberta, entende?", diz ele, que nega manipulações. "Em toda reunião era dito: se você não está satisfeito, tudo bem. Não é muito fácil o nosso modo de vida", justifica.

Em toda reunião era dito: se você não está satisfeito, tudo bem. Não é muito fácil o nosso modo de vida

Prem Milan

líder do grupo

Milan nega tratamento humilhante a mulheres. "Posso ter dito algumas vezes numa discussão, mas não tem isso com as mulheres. Tem um monte de mulheres aqui", pondera ele, que afirma que o grupo nunca praticou nada parecido com terapia de conversão sexual conhecido como "cura gay", descrita por mais de um ex-integrante dentre os 16 denunciantes ouvidos pela Folha.

Questionado sobre agressões físicas, Milan primeiro as negou. "Situações de confronto, situações de vida", disse. Exposto aos casos concretos, se justificou.

Sobre ter arrastado uma seguidora pelos cabelos, Milan afirma: "Pedi para ela sair várias vezes porque estava atrapalhando. Tinha brigado com o namorado e estava descentrada. Aí a gente teve um pequeno confronto. E era pro bem dela, porque não faz bem participar nesse estado. Não arrastei ela pelos cabelos, ela que caiu."

Sobre as cintadas em outra mulher, Milan alega que era uma simulação. "Era só pra ela lembrar [da cena em que a mãe a agredia]. Ela depois chorou, botou pra fora a situação, entende?". "Depois é muito fácil chegar e dizer que apanhou", reclama ele, apontando que ela poderia ter dado queixa na época do ocorrido.

Argumento semelhante foi evocado por Milan sobre o caso em que Pyetra Horne, 35, diz ter sido acordada com um homem pelado esfregando-se nela nas dependências da comunidade. Ele diz não se lembrar detalhes do caso, porque "já faz dez anos".

"Ela deitou às 4h da manhã no 'bed' errado, e o cara achou que ela queria alguma coisa. Ela alegou que o cara abusou. E o cara disse que não fez nada e só abraçou ela. Não fez nenhuma violência nem nada", explica. "Eu não posso ser responsável por isso, entendeu? Ela podia ter feito uma ocorrência na polícia."

"Eu cometi muitos erros na vida. Não sou um santo ou um beato", admite. "Tu acha que é legal expor as pessoas sem uma comprovação? É absurdo, e vão responder criminalmente por isso", afirma.

"É muito fácil um grupinho de ressentidos que depois de 5, 6, 7 anos continuam nos odiando", ataca. "Há invenções. Quer dizer, nós não podemos nem trabalhar! A comprovação [dessas denúncias] não pode ser só a palavra de um grupo que se uniu em ressentimento."

Segundo Milan, em comunidade, "você convive, você mora junto, são 70 pessoas. Claro que sempre tem coisa". "A pessoa se relacionou comigo durante quatro anos. Tem discussões, entendeu? Eu tive discussões também com várias pessoas", alega. "As pessoas fantasiam um monte de coisas."

Nascido Adir Aliatti, ele foi batizado em 1989 com um nome em sânscrito enviado por carta desde Puna, na Índia, e assinada pelo próprio Osho.

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