O frevo tomou conta do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, com o pernambucano Alceu Valença arrastando uma multidão com seu bloco Bicho Maluco Beleza no pré-Carnaval, na tarde deste sábado (3).
Ao subir no trio, por volta das 15h30, Alceu foi ovacionado pelo público.
"Quando a gente começou esse bloco aqui, o Carnaval era desse tamaninho. Agora é desse tamanhão", comemorou Alceu.
Suas músicas eram cantadas em coro pelos foliões e por gente que queria matar a saudade da terra natal, como o comerciante Júnior dos Santos, 47.
Natural de Pernambuco, Santos e a família moram em São Paulo há cinco anos e fizeram questão de curtir o Carnaval no Ibirapuera.
"No ano passado, viemos todos vestidos de palhaços. Neste ano, viemos com a bandeira em homenagem ao Alceu Valença", disse Flávia dos Santos, 48.
"O clima geral é diferente porque em Pernambuco todos os lugares respiram o Carnaval e aqui a festa fica restrita a alguns locais", comparou Júnior. "Mas é muito organizado, seguro", elogiou.
Depois de desfilar alguns hits, Alceu chamou ao palco o cantor Lenine, levando o público ao delírio.
"Está uma delícia", afirmou Elaine Haror, 62, enquanto dançava ao som dos cantores. Brasileira, ela mora há 30 anos na Itália e regressou ao país para aproveitar o Carnaval.
Ainda no fim da manhã, quem agitou o Ibirapuera foi o bloco Estado de Folia, de Chico César,
Ao redor do trio, paulistanos e turistas balançavam asas de borboleta, capas e coroas cantando as músicas do artista paraibano.
Mesmo com muitas pessoas, a organização foi bem avaliada pelos foliões. "É o primeiro ano em que colocam pulseiras nas crianças, com nome e número de telefone, que tiveram essa preocupação com elas", comentou Anna Barcelos, 45.
Ela e o marido, Rodrigo Prada, 46, chegaram às 11h com os filhos de 11 e 16 anos, identificados com pulseiras em amarelo neon.
"Por ser o Ibirapuera, a gente espera um ambiente mais familiar, e realmente havia muita família, crianças, idosos, casais LGBT. É um bloco com muita diversidade", disse Jacqueline Shibata, 31, ao deixar a festa, por volta das 17h30.
Foi o primeiro ano dela e da amiga Gabriela Maciel, 31, no pré-Carnaval do Ibirapuera. As duas elogiaram a grande quantidade de banheiros químicos e também o respeito entre os foliões.
"Claro que ficamos sempre muito alertas, não apenas por nós, mas também observando as meninas ao redor", contou Maciel. "Mas ficamos na corda, no clássico empurra-empurra, e foi super respeitoso."
Neste domingo (4), o Ibirapuera vai receber o bloco da cantora Maria Rita e o Monobloco.
Pré-Carnaval ganha ares de desfile de brindes
Grandes marcas aproveitaram o pré-Carnaval no Parque do Ibirapuera para a distribuição de brindes com suas logomarcas.
Eram pochetes e mochilas com o nome de uma rede social, viseiras de aplicativo de entrega ou de bebida, copos com o nome de uma marca de cerveja e óculos de comprimido para evitar a ressaca.
"Peguei a mochila para usar nos dias em que frequento o parque, trazer coisas", disse Andréa Martins, 53.
Ela também pegou uma viseira, guardada na mochila junto com a bolsa que havia trazido de casa e com um urinol para usar o banheiro público com mais tranquilidade. Quando chegou, os dois brindes estavam sendo entregues na entrada, para quem quisesse.
Para ela, a ação é válida desde que não atrapalhe o deslocamento dos foliões. "Não pensam no fluxo. Aconteceu isso no The Town".
"Achei bonito, gostei da ideia. Tem tudo a ver", afirmou Anelise Rezende, 44, que usava os óculos de sol amarelos. Moradora de Lorena, no interior paulista, ela gosta da folia na capital e não se lembra de entrega de brindes em edições anteriores da festa.
Bruno Vilaça, que usava uma das muitas viseiras vermelhas, também não tinha lembrança de ações como a deste ano. Disse estar acostumado com a entrega de lembranças em festivais, não no Carnaval.
"Só de viseiras acho que tenho umas dez em casa. Eu acho legal. É brinde eu estou pegando."
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.