A Polícia Federal faz na manhã desta quinta (7) uma operação contra grupos que usam o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, para envio de drogas ao exterior por meio de despacho de bagagens e setor de cargas.
Os agentes federais cumprem 14 mandados de prisões temporárias e 18 de busca e apreensão contra integrantes de quadrilhas de tráfico de drogas que atuam no terminal.
Entre oito e nove investigados já foram presos nesta manhã. O número não foi atualizado porque equipes da PF ainda estão nas ruas cumprindo os mandados. Os demais são considerados foragidos.
A operação, batizada de "Bota Fora", decorre de três investigações distintas acerca desses grupos de traficantes que usam o aeroporto para o envio de cocaína a diversos países da África e Europa, segundo a PF.
Alguns dos suspeitos são considerados líderes do tráfico na região de Guarulhos. Durante a investigação, a PF descobriu grupos de WhatsApp utilizados pelos integrantes do esquema para organizar o envio da droga para fora do país.
Membros das quadrilhas despachavam malas irregularmente com as drogas e também atuavam no envio da cocaína pelo setor de cargas do aeroporto.
O montante apreendido no Brasil e no exterior soma quase 700 quilos de cocaína, entre os anos de 2021 e 2022. Os países de destino da droga eram Alemanha (578 quilos), Portugal (77 quilos) e Etiópia (37 quilos).
"Entre os envolvidos estão funcionários do aeroporto, tanto da área restrita quanto do check-in, pessoas que não trabalham no aeroporto, motorista que leva a pessoa que finge ser passageira e despacha a bagagem com droga. Tem vigilante do setor de cargas que facilitou a entrada da droga", explicou o delegado Felipe Faé Lavareda de Souza. Segundo ele, a hipótese é de ligação entre alguns dos investigados com o PCC.
Ainda de acordo com Souza, da mesma forma que o esquema precisa de funcionários aliciados no aeroporto no Brasil, há funcionários envolvidos nos crimes nos aeroportos internacionais.
A investigação também descobriu que além da troca de etiquetas de bagagens para o despacho das drogas, os criminosos colocavam a cocaína em caixas para o embarque nas aeronaves e descartavam as malas no aeroporto, que acabavam ficando no setor de achados e perdidos.
Relembre o caso das brasileiras presas na Alemanha
Kátyna Baía, 44, e Jeanne Paolini, 40, passaram mais de um mês presas injustamente por conta da atuação de uma quadrilha dentro do aeroporto de Guarulhos. Elas tiveram a identificação da mala trocada e foram presas em Frankfurt sob a acusação de levar 40 kg de cocaína na bagagem.
O caso virou alvo da Operação Iraúna, da Polícia Federal em Goiás, que prendeu seis suspeitos de participarem do esquema que muda a identificação de malas para enviar drogas ao exterior.
O método de ação dos narcotraficantes, segundo as autoridades, consiste em retirar aleatoriamente etiquetas de bagagens despachadas e colocá-las em malas contendo drogas. A operação já era de conhecimento da PF, que investigava a quadrilha desde 2019 e há suspeita de ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Segundo a PF de Goiás, as malas de Kátyna e Jeanne foram conferidas e separadas da esteira, em uma área restrita, por dois funcionários. Eles retiraram a identificação, deixando apenas uma etiqueta com o peso das bagagens.
Na área de bagagens de viagens internacionais, um funcionário colocou as etiquetas das malas de Kátyna e Jeanne nas bagagens com drogas, aproveitando-se de um ponto cego nas câmeras. Todas as malas seguiram no voo para a Alemanha.
Em outro caso, um empresário líbio de 37 anos e sua esposa foram presos na Turquia acusados de tráfico internacional de drogas. A defesa dos dois sustenta que eles foram vítimas de troca de etiquetas de bagagens.
Entre maio e julho, a Polícia Federal fez operações que resultaram na prisão de dezenas de integrantes da quadrilha de troca de etiquetas de bagagens. Entre os alvos, estavam funcionários terceirizados do aeroporto.
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