Descrição de chapéu Parques de SP

Parque Villa-Lobos ganha atrações pagas, mas tem reformas pendentes após 1 ano de concessão

Quadras, playgrounds, bancos e outros equipamentos precisam de reparos; empresa diz que atenderá prazos estabelecidos em contrato

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São Paulo

Há pouco mais de um mês, o parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo, conta com nova atração: uma área de piquenique destinada à realização de festas infantis. Os eventos são particulares e custam de R$ 3,4 mil a R$ 25 mil, dependendo do número de convidados.

Batizado de "Vila Picnic", o espaço é equipado com bancos, mesas e quiosques. A área, que tem aproximadamente 1.200 m², está cercada desde julho, com acesso a partir de um único portal com identificação da empresa responsável pelos serviços.

Segundo o consórcio que há pouco mais de um ano administra o parque, o contrato de concessão assinado com o governo permite a exploração comercial dos espaços, inclusive com o loteamento de determinadas áreas para atividades pagas.

Espaço para festas infantis inaugurado em agosto no parque Villa-Lobos. - Danilo Verpa/Folhapress

"Vale lembrar que receitas como esta são revertidas em manutenção e melhorias na infraestrutura do parque", informou por meio de nota o consórcio Reserva Parques, também responsável pela gestão dos parques Cândido Portinari, anexo ao Villa-Lobos, e da Água Branca.

Procurada, a Cia do Tomate, que é responsável pela Vila Picnic, disse que tem contrato de três anos com o parque e que investiu R$ 1,2 milhões no espaço. Ainda segundo a empresa, o acesso à área só é restrito nos dias em que há algum evento – por enquanto, só uma festa foi realizada no local.

A empresa diz ainda que outras áreas de piquenique estão disponíveis para os visitantes do parque, uma delas a 150 metros da nova atração. A reportagem verificou, no entanto, que os locais têm equipamentos deteriorados e alguns até inutilizáveis, com vários bancos de madeira quebrados, por exemplo.

Desde que foi concedido à iniciativa privada, em setembro de 2022, o Villa-Lobos ampliou o número de atrações pagas como forma de gerar receita para a concessionária. Nesse período, diversos eventos com grande público foram realizados no local, entre eles festivais de música e de gastronomia.

A multiplicação dos eventos e atividades com cobrança de ingresso gerou preocupação em membros do conselho gestor do parque, já que áreas grandes são mantidas cercadas por longos períodos devido a essas ações.

"A concessão não se refere exclusivamente aos eventos e seu público específico", pondera Maria Helena Bueno, presidente da SAAP (Associação dos Amigos de Alto de Pinheiros), em carta enviada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

No documento, a associação reuniu respostas a uma enquete feita com frequentadores do parque. Entre as opiniões, percebe-se descontentamento do público com a falta de ações para melhorar os equipamentos existentes no Villa-Lobos, como banheiros, bancos e playgrounds –todas obrigações previstas em contrato.

No início da semana, o ajudante de serviços gerais Angelito dos Santos, 33, aproveitava o calor e o dia de folga para passear com esposa e cinco filhos no parque. Após alguns minutos de caminhada, no entanto, o casal já reclamava do mau estado de conservação dos brinquedos.

Brinquedão no parque Villa-Lobos tem estrutura deteriorada. - Danilo Verpa/Folhapress

"Está tudo quebrado, não tem condições assim", disse ele, apontando para um playground de madeira visivelmente deteriorado. "Lazer para as crianças é tudo pago, daqui a pouco já vamos embora", acrescentou Santos, enquanto observava os filhos.

A poucos metros de lá, a atração Família no Parque oferecia uma série de atividades e brinquedos infláveis com ingressos entre R$ 8 e R$ 50.

A requalificação dos equipamentos do parque está entre as obrigações contratuais da nova gestão, que no primeiro ano diz ter priorizado melhorias na rede elétrica, hidráulica e de esgoto –etapa que está praticamente concluída, de acordo com a empresa.

"O edital de concessão prevê medidas estruturantes no primeiro ano para que o parque possa receber novos equipamentos", afirma a Reserva Parques em nota.

A empresa também diz que entregou nova quadra, pista de skate e outros equipamentos de acesso gratuito, e que reformou 200 bancos e instalou outros 100 novos. Quanto aos parquinhos, a concessionária diz que dois já receberam manutenção. Nenhum prazo estipulado em contrato foi excedido.

As ações, no entanto, são pouco percebidas pelos frequentadores. A maioria dos visitantes ouvidos pela reportagem disseram notar poucas mudanças no parque desde que a nova administração assumiu. Muitos demonstraram entusiasmo com os eventos, enquanto outros criticaram o aumento nos preços.

"Hoje paguei R$ 18 na água de coco, praticamente o triplo do que custava antes", disse o fotógrafo Deivson Pires, 22.

Orquidário Ruth Cardoso está com a entrada fechada por tapumes e precisa de reforma na cobertura. - Danilo Verpa/Folhapress

As intervenções previstas no Villa-Lobos têm prazos que variam de dois a seis anos. A maioria das ações ainda está em fase inicial –caso das reformas nas quadras e bancos– ou nem começou.

O orquidário Ruth Cardoso, por exemplo, segue abandonado, do mesmo modo como deixou o governo estadual. Atualmente, o espaço se encontra fechado com tapumes e há até animais mortos no interior. A cúpula externa já não tem mais vidro e em dias de chuva o local costuma ficar inundado.

A Reserva Parques ainda tem dois anos para reativar o orquidário, mas as obras de drenagem e adequação da estrutura ainda não começaram. Segundo a concessionária, a reforma ainda está em fase de estudo.

A concessão dos parques Villa-Lobos, Cândido Portinari e Água Branca tem duração prevista de 30 anos, durante os quais a gestão privada deve realizar investimentos de pelo menos R$ 61,6 milhões.

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