Operação deflagrada nesta quarta (22) por forças de segurança no Rio Grande do Norte prendeu 15 suspeitos de integrarem o Sindicato do Crime, grupo criminoso apontado como organizador dos ataques no estado.
Coordenada pelo Ministério Público do RN, a operação Sentinela cumpriu 13 mandados de prisão e 26 de busca e apreensão na capital, Natal, e em mais nove cidades. Duas pessoas foram presas em flagrante com armas, drogas, celulares e dinheiro.
A maior parte dos detidos, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público, já tinha ligação com o Sindicato do Crime. Desde que os ataques começaram, há nove dias, foram efetuadas 169 prisões, de acordo com o governo do estado. Cinco mandados não foram cumpridos, e o MP diz que esses suspeitos já são considerados foragidos.
As investigações têm sido direcionadas para desarticular o comando da facção e as ordens para ataques, e as prisões desta quarta atingiram os três níveis mais altos da hierarquia, dizem os promotores.
O topo da cadeia de comando, segundo o Ministério Público, é formado pela "final", grupo com os fundadores da facção e responsável por tomar as grandes decisões. Abaixo está o "conselho", que tem integrantes presos e na rua. Em seguida vêm a "transparência" e as "linhas de frente", que coordenam a facção em bairros e cidades menores do estado.
A Promotoria diz que ações de desarticulação têm sido feitas nos últimos dois anos, com a transferência de 18 presos para presídios federais. Os promotores afirmam ainda que, após o início da onda de ataques, mais dez pessoas foram transferidas para unidades pelo país, com restrição de comunicação e visitas supervisionadas.
O Ministério Público tem dito que, com os ataques, o objetivo dos criminosos é garantir o que os promotores consideram regalias, como visita íntima, ventiladores nas celas e alimentação fornecida pela família. O órgão diz que não há previsão para tais pedidos na lei de execução penal.
Ainda, investigadores apontam cooptação de pessoas que não são ligadas a facções, principalmente menores de idade, para participar dos ataques.
ENTENDA OS ATAQUES
A onda de violência começou na semana passada e tem como alvos prédios públicos, bancos, veículos e lojas.
No final da tarde de terça (21), uma bomba explodiu nas proximidades da ponte do Igapó, que dá acesso à zona norte de Natal. O barulho da explosão assustou motoristas, e a via chegou a ser interditada por cerca de uma hora nos dois sentidos. Após vistoria do esquadrão antibombas, a ponte foi liberada. Ninguém ficou ferido.
A ponte foi interditada pela polícia nos dois sentidos durante cerca de uma hora.
As investigações apontam que o Sindicato do Crime, facção dominante no Rio Grande do Norte, tem comandado os ataques no estado para pressionar por melhorias das condições nas penitenciárias.
Inspeções nos presídios também apontam a prática de tortura física e psicológica, com castigos e fornecimento de comida estragada para os detentos. A gestão da governadora Fátima Bezerra (PT) disse que vai apurar tais relatos.
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