Mari Alixandre era uma mistura de bons sentimentos. Amor, alegria e generosidade alimentaram o coração da menina doce, de sorriso contagiante, simpática e extrovertida durante 31 anos. No dia 12 de março, um câncer de mama tirou Mari das muitas histórias de amor que se entrelaçaram em sua vida.
Natural de São Paulo, ela cresceu perto da irmã mais velha, sua melhor amiga. A cumplicidade entre as duas e o convívio saudável com os primos colaboraram para uma infância feliz.
A moça que expressava um tom carinhoso ao falar também era firme nos propósitos e na defesa das causas que defendia. Não omitia sentimentos. Assunto e boas conversas nunca lhe faltaram. Apesar de falante, era a boa amiga que sabia ouvir e dar colo a quem precisasse.
Mari também era "multi". Formada em farmácia, trabalhava na área de assuntos regulatórios da AstraZeneca Brasil, mas tinha paixão pela escrita. E sabia como ninguém transformar as ideias que nasciam em sua mente em palavras e textos harmônicos.
"Para ela, escrever era quase um processo terapêutico", conta o cineasta Airo Munhoz, 31, seu companheiro. Mari era autora do livro "Panela de Pressão: Crônicas para não Explodir".
A obra, publicada de forma independente, é uma coletânea dos melhores textos que enviava aos amigos em uma newsletter somados a outros novos.
Airo é um capítulo importante na história de Mari, que o conheceu por meio de uma das melhores amigas. Na época, ela estava grávida de quatro meses. Antes de Airo seu apelido era Mari Baladinha, por ir a festas e baladas frequentemente.
Primeiro veio a amizade, depois descobriram que eram parecidos. O casal demorou um pouco para assumir o romance, mas aconteceu após o primeiro beijo.
No dia 23 de abril de 2020, Mari descobriu um câncer de mama e o enfrentou. Só deu lições de vida. Nunca pensou em desistir e quis falar sobre o assunto. Para ela, a doença não foi uma sentença de morte. "A Mari não queria que o câncer a definisse, pois ela era muito mais que isso."
Mari Alixandre deixa o companheiro, uma filha, os pais, uma irmã, amigos e fãs.
"Em uma das nossas últimas conversas perguntei para ela sobre legado. Ela disse que não se achava relevante, mas, se pudesse deixar um legado, seria ensinar as pessoas a não romantizarem a vida e viverem na intensidade correta", conta Airo.
"Mari foi um furacão. Por onde passou as coisas não ficaram iguais. Ser parceiro dela foi uma das melhores coisas da minha vida."
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