O mecânico José Marigi, ou Zezo, como era conhecido, foi um homem simples, sério e muito ligado à família.
Ainda criança, sentiu na pele o significado da palavra dificuldade, pois perdera o pai cedo, aos sete anos.
Com o passar dos anos, Zezo amadureceu o seu amor pela família e o entendimento sobre a importância do trabalho.
Por mais de 50 anos, foi sócio de uma oficina mecânica na Aclimação (zona sul).
O esporte o conquistou logo cedo. Primeiro, Zezo começou a pedalar. Virou craque no percurso entre São Paulo e a Baixada Santista pela Estrada Velha de Santos.
A bicicleta acompanhou Zezo quando foi um dos primeiros a experimentar a rodovia Anchieta, em 1947 (a pista norte havia acabado de ser inaugurada).
Depois, apaixonou-se pelo futebol, que se transformou numa prática obrigatória aos finais de semana até completar 85 anos, em plena forma e distribuindo disposição. Para Zezo, não foi fácil desapegar e dar adeus às chuteiras.
“Na história centenária do Estrela da Saúde Futebol Clube, ninguém percorreu mais vezes a lateral direita do campo de cor alaranjada do estádio na região da Guarapiranga (zona sul)”, afirma o neto, o economista Diego Marigi, 34.
Apesar do caráter sério, moldado por uma infância repleta de dificuldades, ficam na lembrança alguns momentos engraçados, como na ocasião em que Nikita, o cachorro da família, despencou do mezanino da casa e só sobreviveu por ter caído sobre o vovô Zezo, que demorou a entender o que estava acontecendo.
Zezo ficou viúvo em 2009. Sempre muito ativo, dirigiu até 90 anos. “Ele só cedeu aos apelos para que deixasse o carro na garagem e permitisse que os filhos o apanhassem para os almoços de domingo sob o argumento de que poderia tomar sua dose de whisky enquanto assistia aos jogos do Corinthians, o time do coração”, conta Diego.
Em julho, Zezo sofreu um AVC e foi hospitalizado. No mesmo dia, ganhou a primeira bisneta, Lilah, nos EUA. Após uma semana internado, pegou pneumonia e morreu no dia 3 de agosto, aos 93 anos. Além da bisneta, deixa dois filhos e quatro netos.
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