Mans�es de S�o Paulo ocupam �rea de dois parques Ibirapuera
Pr�dio isolado com projeto arrojado ou suntuoso, acabamento requintado, com uso de madeira de lei e lou�as da melhor qualidade, ao menos quatro su�tes e quatro vagas na garagem. Fora quadra esportiva, dep�sito de cristais ou c�modo blindado.
Esses s�o alguns dos itens da legisla��o paulistana para descrever as casas de mais alto padr�o, da cidade, da categoria "F". As mans�es geralmente t�m mais de 700 m�.
Levantamento in�dito feito pela Folha a partir dos 3,3 milh�es de domic�lios do cadastro do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), aberto pela gest�o Fernando Haddad (PT), apontou que existem 1.840 im�veis do tipo na cidade. Eles representam cerca de 0,1% do total paulistano, mas seus terrenos ocupam �rea equivalente a mais de dois parques Ibirapuera.
Em uma conta hipot�tica, nessa �rea seria poss�vel construir pr�dios populares para 107 mil fam�lias. Essa quantidade de moradias seria suficiente para abrigar todos os moradores de rua e de bairros em �reas de risco da cidade, al�m de ser quase um ter�o do deficit habitacional paulistano (369 mil).
A maior parte dos casar�es fica nas zonas sul e oeste, entre os Jardins e a regi�o do Morumbi. A maioria das mans�es que ainda est� em p� foi constru�da nos anos 1970 e 80. Depois, o n�mero de constru��es desse tipo despencou.
Quando foram constru�das as mans�es de S�o Paulo, por d�cada
LONGE DO CENTRO
Segundo historiadores, essas foram as �ltimas �reas da cidade de S�o Paulo a receber fam�lias abastadas que buscavam mais seguran�a e privacidade se afastando do centro da metr�pole.
O arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, pesquisador da USP, afirma que "o caminho dos endinheirados", a partir das d�cadas de 1930-40, seguiu para o bairro de Higien�polis, avan�ou pelos Jardins e por fim cruzou o rio Pinheiros e chegou � �rea do Morumbi.
"S�o territ�rios urbanizados por empresas que, desde o in�cio, destinavam seus empreendimentos � alta renda. Primeiro chegaram a estrutura de ruas, rede de �gua, depois vieram as pessoas", diz.
Especialistas afirmam que casas desse porte tendem a ser cada vez mais raras. Para Nakano, �reas muito grandes s�o insustent�veis no m�dio prazo.
"Os moradores est�o envelhecendo, e as novas gera��es de fam�lias est�o cada vez menores. Querem outra coisa, n�o querem morar em bairros onde � preciso pegar o carro para ir � padaria."
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TEND�NCIA DE DIVIS�O
Urbanistas afirmam que a divis�o dos terrenos ou o uso conjunto das casas que formam as mans�es podem ser as sa�das para evitar que esses im�veis se tornem elefantes brancos desabitados nos pr�ximos anos.
Casas menores, por�m ainda espa�osas, podem substituir uma mans�o de um quarteir�o que venha a ficar vazia, exemplifica a urbanista Regina Monteiro. Muitas vezes, os im�veis s�o compostos por v�rios lotes, o que facilita a divis�o.
"No Morumbi, h� uma fam�lia onde poderia haver v�rias casas bacanas", diz. Regina cita o caso do bairro do Brooklin, que passou por processo parecido. Para ela, no entanto, devem ser levadas em considera��o as particularidades de cada bairro. "No Pacaembu, em que os lotes s�o menores, n�o tem a m�nima possibilidade de dividir."
Regina diz que � importante manter as caracter�sticas originais dos chamados "bairros jardim", que s�o arborizados e funcionam como um respiro verde para uma cidade.
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Os bairros onde ficam as mans�es mant�m uma legisla��o restritiva, de uso residencial, mesmo com novas regras do Plano Diretor. O documento, que tra�a as diretrizes para o desenvolvimento da cidade, privilegia o adensamento e o uso misto de resid�ncias e com�rcios.
O urbanista Kazuo Nakano tamb�m afirma que a solu��o n�o passa por mudan�as radicais."S�o �reas muito subutilizadas para a infraestrutura que t�m. Por outro lado, tamb�m n�o se deve reproduzir nesses locais o padr�o de produ��o imobili�ria da cidade, muito ruim do ponto de vista urban�stico, de predi�es fechados que n�o favorecem a circula��o."
Ele diz que, em caso de sa�da do morador, � poss�vel otimizar o espa�o sem necessariamente demolir as casas ou acabar com as �reas verdes.
"Nesses terrenos � poss�vel adensar sem verticalizar, transformar uma casa gigante em uma habita��o multifamiliar: parece ser uma casa, mas, na verdade, s�o quatro. Alguns sub�rbios dos EUA est�o fazendo isso com sucesso", afirma.
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