Ap�s 12h, 'tsunami' de lama pegou de surpresa cidade a 60 km de barragens
Quando o "tsunami" de lama atingiu o subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), a aposentada Margarida Siqueira, 65, moradora de Barra Longa, mais de 60 km distante, achou que era exagero se preocupar. Cerca de 12 horas depois, a onda chegou � cidade de 6.000 habitantes e deixou sua casa com lama at� o teto.
"Eu ficava at� criticando os outros, dizendo que n�o ia chegar aqui. Mas chegou forte", afirmou, neste s�bado (7), na casa da irm�, para onde se mudou.
O avan�o do res�duo que vazou do rompimento de duas barragens da empresa de minera��o Samarco pegou Barra Longa de surpresa e j� alcan�a um raio de mais de 100 km da origem. O acidente aconteceu �s 16h da quinta (5) e afetou o munic�pio �s 4h da sexta (6), mesmo dia em que foi decretado estado de emerg�ncia.
A principal reclama��o da cidade � que n�o houve alerta. O prefeito Fernando de Zediteca (PMDB) diz que a Samarco n�o informou sobre o risco aos �rg�os p�blicos.
"Ela diz agora que tem 90% de chance de n�o ter um novo vazamento. N�s e as outras cidades atingidas exigimos que ela ponha alarmes em cada lugar", disse. Procurada, a Samarco n�o se manifestou.
Por conta da falta de aviso, pouca gente se adiantou para salvar m�veis e outros objetos. "Eu at� imaginei que pudesse, chegar, mas como n�o houve alerta, deixei pra l�", afirmou a comerciante Maria do Ros�rio, 57, que teve a casa e tr�s lojas invadidas pelo lama�al.
Mesmo nos locais menos afetados, as pessoas t�m andado nas ruas com m�scaras descart�veis, para evitar a inala��o da poeira.
"A gente n�o sabe se faz mal ou n�o, ent�o temos que tomar cuidado", disse a auxiliar de odontologia Shirlei Souza, que recebeu a prote��o de profissionais de sa�de volunt�rios.
Al�m deles, outros grupos trabalham de gra�a para limpar as ruas e casas da cidade, como assistentes sociais, membros da igreja batista e escoteiros.
At� agora, n�o h� registro de mortos ou desaparecidos no munic�pio.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
ESTRAGO � INC�GNITA
Mais de 30 horas depois do rompimento de duas barragens de uma mineradora na zona rural de Mariana (MG), ainda n�o era poss�vel saber quantas pessoas estavam desaparecidas nem a extens�o dos danos ambientais.
At� a noite desta sexta (6), uma morte havia sido confirmada e mais de 500 pessoas, que fugiram para a mata ou que ficaram ilhadas, foram resgatadas. Elas passaram por descontamina��o para se livrar de res�duos de min�rio de ferro e produtos qu�micos misturados � lama.
A Samarco, que pertence � brasileira Vale e � australiana BHP e � respons�vel pelas barragens, confirmou 13 funcion�rios desaparecidos, mas Bombeiros nem Defesa Civil sabiam quantos moradores n�o tinham sido localizados.
A lama de rejeitos se espalhou por um raio de 80 km e ainda poderia se expandir. Entre os efeitos poss�veis, mortandade de peixes, destrui��o da vegeta��o, assoreamento de rios e comprometimento tempor�rio da capta��o de �gua.
Sem condi��es de acessar o vilarejo de Bento Rodrigues, que tem 492 moradores, equipes de resgate usaram um drone e tr�s helic�pteros na tentativa de achar sobreviventes. S� quando o barro baixar e o terreno estiver firme � que v�o entrar � procura de corpos.
As causas do acidente, que o Minist�rio P�blico classificou como o maior desastre ambiental da hist�ria de Minas, seguem uma inc�gnita.
A empresa diz que o conjunto de barragens foi fiscalizado em julho e estava em "totais condi��es de seguran�a". Disse que seguiu seu plano para emerg�ncias e alertou moradores por telefone.
Segundo a empresa, pequenos tremores de terra registrados na �rea duas horas antes do rompimento s�o uma das hip�teses avaliadas (a magnitude deles, por�m, foi fraca, pr�xima de outros cem j� registrados em territ�rio nacional nos �ltimos tr�s anos).
Ela afirma que os res�duos que atingiram cinco distritos de Mariana n�o s�o t�xicos.
No gin�sio para onde foram levadas centenas de desalojados, o clima era de desespero. Cartazes foram afixados em busca de parentes.
Segundo o prefeito de Mariana, Duarte Junior (PPS), moradores de outras localidades foram avisados a tempo. "No distrito de Paracatu a parte baixa onde estava a escola e as casas, infelizmente, n�o existe mais."
O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), disse que � cedo para apontar as causas do acidente, mas que elas ser�o apuradas.
DESAPARECIDOS
Trabalhadores na �rea da empresa Samarco
Samuel Viana Albino (Geocontrole BR Sondagens SA)
Valdemir Aparecido Leandro (Geocontrole BR Sondagens SA)
Ailton Martins dos Santos (Integral Engenharia LTDA)
Claudemir Elias dos Santos (Integral Engenharia LTDA)
Edinaldo Oliveira de Assis (Integral Engenharia LTDA)
Sileno Narkievicius de Lima (Integral Engenharia LTDA)
Daniel Altamiro de Carvalho (Integral Engenharia LTDA)
Vando Maur�lio dos Santos (Integral Engenharia LTDA)
Pedro Paulino Lopes (Manserv Montagem e Manuten��o SA)
Mateus Marcio Fernandes (Manserv Montagem e Manuten��o SA)
Marcos Aur�lio Pereira de Moura (Produquimica)
Edmirson Jos� Pessoa (Samarco)
Marcos Xavier (VIX Log�stica)
Informados pelos familiares
Emanuelly Vit�ria (5 anos)
Maria Elisa Lucas (60 anos)
Thiago Damasceno Santos (7 anos)
Mariana da Silva Santos (21 anos)
Ana Clara dos Santos Souza (4 anos)
Bruno dos Santos Souza (29 anos)
Antonio Prisco de Souza (65 anos)
Afonso Augusto Alves (54 anos)
Arnaldo Zeferino (40 anos)
Aparecida Viera (65 anos)
Joaquim Zeferino (70 anos)
Ana Clara Dias Batista (30 anos)
Mateus Dias Batista (5 anos)
Yuri Dias Batista (3 meses)
Maria das Gra�as Celestino da Silva (65 anos)
Livraria da Folha
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