Quem leva a melhor, Guia Michelin ou ranking 50 Best Restaurants?

Após a expansão da lista de origem britânica, guia francês volta com força para garantir espaço entre consumidores e apoiadores

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Rio de Janeiro

Depois do ranking 50 Best Restaurants expandir sua influência pela América Latina, seu "rival", o Guia Michelin, voltou com fôlego ao Rio e São Paulo. Após uma pausa de três anos, a publicação francesa anunciou 21 estrelas a restaurantes dessas cidades dia 20 de maio.

O lançamento no Brasil faz parte de uma longa série de novidades que incluem, nos últimos dois anos, guias na Cidade do México (México), Buenos Aires e Mendoza (Argentina), Atlanta (EUA), Dubai (Emirados Árabes) e Hanói e Ho Chi Minh (Vietnã).

Cerimônia de premiação do Guia Michelin Rio e São Paulo 2024
Cerimônia de premiação do Guia Michelin Rio e São Paulo 2024 no Copacabana Palace - Marília Miragaia/Folhapress

Os franceses anunciaram, em cerimônia do hotel Copacabana Palace, crescimento em todas as categorias de restaurantes no Brasil —exceto a de três estrelas, que não tem representante aqui–, um sinal de consistência e também que o setor está se renovando, dizem os organizadores.

Mas novos prêmios anunciados na cerimônia no Brasil (de abertura do ano, sustentabilidade e sommelier) são um lembrete de que o Michelin está de olho na concorrência —as categorias já faziam parte da lista do 50 Best América, cuja cerimônia aconteceu há menos de seis meses no mesmo Copacabana Palace.

No intervalo de três anos em que o Michelin não foi publicado no país, a lista de origem britânica fez um trabalho bem-feito na América Latina. Conseguiu organizar eventos dinâmicos, com a participação crescente de chefs e mídia.Tornou-se sinônimo de confraternização entre cozinheiros com o combo de debates, jantares e festas —que viram noites com muita comida e bebida.

Foi o que se viu na última edição do prêmio no Rio, que teve a presença de chefs de todo o Brasil e de países como Peru, Colômbia, México e até Panamá.

Ao longo do tempo, isso provocou a aproximação dessa comunidade de cozinheiros –da qual o Brasil, pelo tamanho e pela língua, era naturalmente afastado. A bolha, porém, vem sendo furada aos poucos.

O restaurante Charco, por exemplo, organizou em São Paulo uma série de churrascos que ganharam a calçada do restaurante com convidados de fora, entre eles a chef boliviana Marsia Taha, do Gustu, em La Paz.

Mas é bom lembrar que tanto o resultado quanto o método são diferentes para Michelin e 50 Best, cada um tem seus altos e baixos.

O 50 Best consegue refletir um olhar mais local e menos estrangeiro ao compilar sua lista com votos de 300 jurados, divididos entre profissionais da gastronomia, como chefs e proprietários de restaurantes, jornalistas e foodies. Eles escolhem dez estabelecimentos em ordem de preferência que tenham visitado pela América Latina —quatro das indicações devem ser de fora da área ou continente que estão representando. O problema, aqui, é ter membros do setor votando entre si.

Já o Michelin tem como ponto alto a visita de inspetores anônimos —ou que, ao menos, não anunciam suas visitas— e trabalham de forma permanente para o guia. Eles são treinados para avaliar critérios como qualidade dos ingredientes, personalidade que o chef expressa na cozinha e a regularidade. É uma avaliação independente que, porém, ainda se mantém cercada de conceitos eurocêntricos de formação e técnicas de cozinha.

Com a volta do setor com força depois da pandemia, as duas premiações parecem querer assegurar espaço entre os consumidores, patrocinadores e apoiadores —como a Prefeitura do Rio de Janeiro, que investiu tanto no 50 Best quanto no Michelin.

A jornalista viajou a convite da Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro

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