Descrição de chapéu Guia Michelin

Brasil passa a ter seis restaurantes com duas estrelas Michelin, mas segue sem cotação máxima

D.O.M. (SP), Oteque (RJ), Oro (RJ), Tuju (SP) saem com cotação intermediária; guia não era publicado há três anos

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Rio de Janeiro

Um dos guias de gastronomia mais famosos do mundo, o francês Michelin anunciou nesta segunda (20) os participantes brasileiros de sua edição 2024, em cerimônia no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

Três restaurantes que detinham duas estrelas mantiveram a distinção: D.O.M. (SP), Oteque (RJ) e Oro (RJ). Chegaram à categoria outros três: Tuju (SP), Evvai (SP) e Lasai (RJ). O Brasil segue, portanto, sem ter nenhum representante com a classificação máxima, a de três estrelas.

Segundo o guia, duas estrelas são atribuídas quando há uma cozinha excelente "que vale a pena fazer um desvio". Já três estrelas são dadas para os melhores restaurantes.

Receita do restaurante Tuju, que reabriu no fim do ano passado
Receita do restaurante Tuju, que reabriu no fim do ano passado - Rubens Kato/Divulgação

A lista de casas que levaram uma estrela contempla 15 locais, com 8 que mantiveram a estrela desde a última edição, entre eles Cipriani (RJ), Jun Sakamoto (SP), Kinoshita (SP) e Maní (SP). As casas que obtiveram a primeira estrela foram 7, entre elas San Omakase (RJ), Fame Osteria (SP) e Murakami (SP). Uma estrela é dada a endereços com cozinha de alta qualidade e que valem uma parada.

Na categoria Bib Gourmand, que elege estabelecimentos de preço acessível, estão 37 casas, entre elas A Baianeira, Balaio, Banzeiro, Komah, Tordesilhas (todos em São Paulo) e Miam Miam (Rio de Janeiro). Novidades na seção neste ano são os paulistanos Cora, Cuia, Feriae, Kotori, Shihoma.

O guia também divulgou a sua seleção oficial de restaurantes em São Paulo e no Rio, destacando os melhores de cada localidade, sem considerar o estilo de cozinha ou o nível de sofisticação. Neste ano, 38 endereços entraram na lista, entre eles Aiô, Cais, Casa Rios, Metzi, Nelita, Notiê, De Segunda, Les Presidents, e Jiquitaia, todos na capital paulista.

O guia Michelin foi criado pelos irmãos Edouard e André Michelin em 1900, na França, com informações de onde abastecer e consertar o carro, onde comer e se hospedar.

Casas de São Paulo e Rio não eram avaliadas por inspetores do guia desde 2020, por causa da pandemia de Covid. Nesse período, a publicação foi paralisada e, agora, retomada depois de um investimento conjunto de R$ 9 milhões das prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro para viabilizar o prêmio até 2026. A capital fluminense já tinha recebido a comunidade gastronômica seis meses atrás, ao sediar a cerimônia da lista 50 Best da América Latina.

O prêmio de melhor abertura do ano, uma novidade da edição atual do Michelin, foi para o paulistano
Tuju, do chef Ivan Ralston. O restaurante foi reaberto no fim de 2023 após três anos fechado. Nesse período, Ralston e a pesquisadora Katherina Cordás fizeram viagens e um mapeamento de alimentos e produtores que resultaram em um novo conceito de sazonalidade da cozinha paulista que segue a lógica das chuvas.

Também novidade foi a criação de um prêmio de sustentabilidade chamado de estrela verde. Foram premiados três restaurantes paulistanos: Tuju, A Casa do Porco e Corrutela. Maira Freire, do carioca Lasai, foi eleita melhor sommelière pelo Michelin neste ano.

O guia de origem francesa retornou ao Brasil em cenário de expansão, depois de cobrir pela primeira vez cidades na América Latina e Estados Unidos. Como exemplo, fez neste ano sua estreia na Cidade do México e, em novembro, em Buenos Aires e em Mendoza, na vizinha Argentina.

São Paulo, onde a festa foi realizada em 2019, cedeu lugar ao Rio de Janeiro, onde o evento aconteceu depois de prefeitura carioca desembolsou um adicional de R$ 1,9 milhão para ser a cidade-sede da cerimônia. Até então, nenhuma edição anterior havia contado com apoio financeiro para ocorrer.

A organização e o lançamento do Michelin começaram a ser patrocinados por países como a Argentina (que investiu US$ 620 mil) e Portugal (que investiu € 400 mil, segundo o jornal Expresso).

O guia diz que isso não interfere na quantidade de restaurantes estrelados ou no número de estrelas recebidos. Em contrapartida, a publicação diz impulsionar o turismo local com as estrelas e a reputação conferida a restaurantes.

Gwendal Poullennec, diretor internacional da Michelin, afirmou, no início da celebração, que o retorno do guia ao Brasil não seria possível sem o investimento das duas cidades. "Nos deu condições de cumprir a missão internacional de recomendar restaurantes de maneira independente", disse.

"Eu vim aqui disciplinado a não falar mal de São Paulo", brincou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). "Essas cidades cumprem papel de representar o país em suas diferentes facetas. É por isso que apostamos nesse guia."

A cerimônia também contou com o secretário de Turismo de São Paulo, Rodolfo Marinho.

O local selecionado para o evento foi o hotel Copacabana Palace, o mesmo que recebeu a cerimônia do 50 Best América Latina em novembro. Nesse último ranking, o primeiro lugar ficou com o restaurante Maido (Peru), o segundo com colombiano El Chato e, o terceiro, com o Don Julio, de Buenos Aires.

Já o paulistano A Casa do Porco permaneceu no 4º lugar, sendo o restaurante brasileiro mais bem colocado na lista.

Diferente da lista do 50 Best, em que votos de uma série de jurados são compilados, o Guia Michelin envia inspetores próprios para visitar anonimamente restaurantes e avaliá-los. Entre os critérios estão qualidade dos ingredientes, personalidade que o chef expressa na cozinha, o domínio de técnicas e a regularidade.

O guia tem um formato online, disponível em site e app do Michelin, apesar de ainda manter a publicação física em alguns países, como a França.

Em abril, anunciou a criação de um símbolo para a classificação de hotéis no mundo. Os estabelecimentos vão receber "chaves" com base em cinco critérios avaliados pela equipe, como arquitetura, qualidade do serviço e contribuição para o bairro em que estão.

A jornalista viajou a convite da Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro

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