A indústria do livro está firme na defesa da lei que fixa preços de lançamentos e evita descontos que enxergam como abusivos e prejudiciais a toda a cadeia de produção.
É o que atestou o amplo Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos que aconteceu nesta semana em Campinas, em São Paulo, organizado pela Câmara Brasileira do Livro.
Para se ter ideia, a mesa que abriu o primeiro dia cheio do evento trouxe oito representantes de grandes entidades do livro, de editores a industriais gráficos, e, com ares de palanque, mostrou um absoluto consenso em torno da promoção da Lei Cortez.
Este é o apelido do projeto de lei que tramita hoje no Senado, escolhido em homenagem ao editor José Xavier Cortez. A avaliação é que o nome é mais simpático do que a alcunha "Lei do Preço Fixo", que poderia soar mal ao público.
A proposta da norma é estabelecer que não se possa praticar descontos maiores que 10% no primeiro ano de um lançamento, o que, segundo os profissionais reunidos, serviria para reequilibrar preços do mercado como um todo.
É uma reclamação constante do setor que livros são usados como "bois de piranha" por gigantes como a Amazon, que oferecem preços impraticáveis por livrarias para atrair clientes e acabam desvalorizando o produto, forçando valores de capa mais altos.
Os reunidos também condenaram, em coro, eventos como a Feira do Livro da USP, cuja próxima edição acontece a partir do dia 9 e abate ao menos 50% dos preços de obras expostas a um público maciço.
Vale lembrar que, do lado dos leitores, descontos estão longe de ser demonizados —pelo contrário, ainda mais em tempos de perda do poder de compra.
Durante a mesa em que os representantes do setor defendiam a Lei Cortez, havia mais votos contra ela do que a favor na enquete popular hospedada no site do Senado. E o evento exibia um QR Code da votação no telão instando os presentes a virarem o jogo.
PITIBIRIBA A escritora Amara Moira, convidada da Flip, expande seu monólogo "Neca", marco da literatura em pajubá —espécie de dialeto corrente na comunidade LGBTQIA+—, em casa nova. A Companhia das Letras lança a versão ampliada do livro que saiu pela editora O Sexo da Palavra.
ESTEPE E a Record lança já em novembro um livro inédito de Hermann Hesse, "A Magia de Cada Começo", reunião de textos autobiográficos escritos pelo alemão ao longo da vida. A tradução é de Lya Luft, morta no ano passado.
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