Est� na Folha desde 1991.
Em sua coluna, aborda temas pol�ticos e econ�micos. Escreve de quarta a sexta e aos domingos.
O desmanche da economia de Dilma 1
O clima n�o era de fim dos tempos nem de fim de mundo, mas os novos ministros da economia anunciaram o fim de um mundo numa entrevista coletiva com jeito de tempos de crise.
Enfatizando com raz�o que n�o h� crise nem sangria desatada, Joaquim Levy e Nelson Barbosa, no entanto, anunciaram a opera��o desmanche da pol�tica econ�mica vigente mais ou menos desde 2010 e, sem d�vida, da sua vers�o mais extremada, que se viu a partir de 2012.
Caso a presidente resolva revogar esse programa de mudan�as, ainda gen�rico, mas de sentido claro, vai arrumar encrenca para si pr�pria e abalar humores econ�micos.
Houve cautela, manifesta at� no fato de Levy, Barbosa e Tombini lerem suas apresenta��es, a fim de evitar deslizes e desafina��es. Mas a mensagem foi inequ�voca.
Dizer que vai haver superavit fiscal a partir de 2015, miudinho, o poss�vel, e saldo nunca inferior a 2% do PIB a partir de 2016 foi pouco e �bvio. Levy, em especial, foi curto e, se n�o foi grosso, foi denso, com um recado em cada senten�a.
A fim de evitar o crescimento da d�vida p�blica, "o superavit prim�rio do setor p�blico deve alcan�ar 2% do PIB ao longo do tempo, desde que n�o haja amplia��o do estoque de transfer�ncia do Tesouro para os bancos p�blicos".
N�o resta muita d�vida. A mensagem principal � "vamos dar um jeito de evitar que o governo continue a se endividar a fim de emprestar dinheiro caro a taxas baratinhas para os bancos p�blicos" (que reempresta tais fundos para empresas, como o faz o BNDES, mas n�o apenas). A mensagem secund�ria �, caso persistam tais empr�stimos, o superavit ter� de ser maior.
Maior e preto no branco. Tanto Levy quanto Barbosa prometeram claramente que acabou a era das maquiagens das contas do governo.
De passagem, Levy pediu apoio do Congresso para reformas microecon�micas, coisa que praticamente ca�ra em desuso nos governos petistas desde 2006 ou 2007. Barbosa disse que vai se dedicar, entre outras tarefas, a limpar a burocracia que emperra os neg�cios do setor privado. Ambos afirmaram que v�o dar um jeito de incentivar o investimento privado e o financiamento desses novos empreendimentos no mercado de capitais (de novo, menos BNDES).
Ou seja, promete-se um programa de reformas, mudan�as institucionais que removam empecilhos para o crescimento de m�dio a longo prazo.
"Reformas" n�o � um termo de sentido un�voco e n�o implica necessariamente mudan�as "liberais". Mas sempre redundam em conflitos, pois mexem em vespeiros de interesses entrincheirados.
N�o vai haver pacote, ressaltaram e enfatizaram. "N�o estamos aqui em nenhuma agonia, (a transi��o) � uma maneira boa de a gente lidar com os desafios do novo governo", disse Levy. Mas vai haver, promete-se, desmanche da pol�tica econ�mica de curto prazo de Dilma 1 (gastos do governo, juros, infla��o, cr�dito). Note-se que pol�tica de curto prazo, de estabiliza��o, � apenas uma parte e/ou um momento das pol�ticas econ�micas.
De qualquer modo, os novos ministros fizeram um "manifesto dos economistas pela mudan�a", que n�o ser� pequena, se levada a cabo.
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