Mato Grosso deixa de liderar as receitas obtidas pelos produtores agrícolas dentro da porteira neste ano, cedendo lugar para São Paulo. A quebra das safras de soja e de milho e o recuo de preços dos dois produtos e do boi são as causas dessa perda.
O VBP (Valor Bruto da Produção), que atingiu R$ 185 bilhões no ano passado em Mato Grosso, deverá recuar para R$ 152,6 bilhões neste. Já o de São Paulo, sobe para R$ 158,7 bilhões, 9,4% a mais do que no ano anterior. Os principais ganhos de São Paulo vêm da produção de café, trigo, suínos e frango.
Já os dois principais produtos da base agrícola nacional, soja e milho, não vão bem, e o VBP nacional de 2024 deverá recuar para R$ 1,16 trilhão, 1% abaixo do de 2023.
Neste ano, devido ao efeito do El Niño, as lavouras perdem valor, com a produção do setor recuando para R$ 781,4 bilhões, 4% a menos do que em 2023. Já a pecuária sobe 5,8%, para R$ 374 bilhões.
Conforme apuração do Ministério da Agricultura, tomando como base os dados de fevereiro, soja e milho, que representavam 58% do valor de produção no ano passado, ficam com apenas 51% neste.
A soja mantém a liderança, mas devido à queda na produção e nos preços, deverá render R$ 273,3 bilhões em 2024, com recuo de 18% sobre o ano anterior. O milho, também com queda no volume e nos preços, perde 9,1% das receitas, que caem para R$ 128,3 bilhões em 2024.
Arroz e trigo têm caminho contrário ao da soja e do milho. O arroz, com o aumento de produção e com os preços aquecidos, devido à safra menor em 2023, deverá render 27% a mais dentro da porteira.
O trigo, após a queda de produção no ano passado, também tem expectativa de recuperação no volume produzido. O aumento das receitas dos produtores, no entanto, será menor, ficando em 14%. Os preços de mercado estão abaixo dos de 2023.
O cenário para a pecuária melhora, devido aos segmentos de suinocultura e de avicultura. O valor bruto da produção de suínos aumenta para R$ 57 bilhões neste ano, com crescimento de 67%, e o de frango vai a R$ 98,4 bilhões, com evolução de 9,2%.
Líder no setor de pecuária, a bovinocultura perde espaço neste ano, gerando receitas de R$ 134,5 bilhões, 5% a menos do que em 2023. Os preços do boi gordo se mantêm em queda e não reagem.
Agenda A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) diz que a agenda legislativa deste ano deverá abordar temas como a economia e tributação, meio ambiente, direito de propriedade, relações trabalhistas, infraestrutura e logística, tecnologia e educação no campo, relações internacionais e produção agropecuária.
Agenda 2 Um dos temas importantes para ser discutido é o seguro rural, que deve ser enfrentado como política de Estado, uma vez que as adversidades climáticas são cada vez mais severas.
Efeito guerra Em 2023, a União Europeia elevou as importações de carne de frango da Ucrânia para 232 mil toneladas, 42% a mais do que em 2022.
Recuo O Brasil continua sendo o maior exportador para o bloco europeu, enviando 290 mil toneladas no ano passado. Esse volume, no entanto, foi 4% menor do que o de 2022, segundo o Eurostat.
Entradas A União Europeia importou 894,5 mil toneladas de carne de frango no ano passado, 5% a mais do que no período imediatamente anterior. Em 2021, as importações europeias haviam sido de 797 mil toneladas.
Arroz Preços altos seguraram o cereal no Brasil. As exportações do primeiro bimestre do produto em casca recuaram para 182 mil toneladas, 24% a menos do que em igual período de 2023, segundo a Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria de Arroz).
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