Ao contrário do que era previsto, o consumo mundial de café teve redução de 2% na safra 2022/23. O mercado ainda se ajustava ao período pós-Covid e foi afetado por inflação alta, perda de rendimento dos consumidores e um cenário econômico mundial desafiador.
Para a safra 2023/24, o consumo mundial deverá subir para 177 milhões de sacas, 2,2% a mais do que no período anterior.
Os dados são da OIC (Organização Internacional do Café), divulgados nesta quarta-feira (6). A entidade considera o ano safra de outubro a setembro.
O consumo evoluirá mais nos países exportadores de café, onde a média de crescimento será de 2,6%. Já os países importadores vão consumir 2,1% a mais. Em volume, no entanto, o consumo dos importadores sobe para 120,5 milhões de sacas e o dos exportadores, para 56,5 milhões.
A OIC aposta em um crescimento maior do consumo nesta safra porque a economia global mantém boas perspectivas, com taxa de evolução próxima de 3%. Além disso, as indústrias deverão repor estoques, reduzidos na safra anterior.
Há um ano, os estoques certificados em Nova York, principal posto de comercialização do café arábica, eram de 800 mil sacas. Caíram para 350 mil em fevereiro deste ano.
Em Londres, onde ocorrem as negociações com o café robusta, o recuo dos estoques certificados foi de 1,27 milhão de sacas para 400 mil no mesmo período.
A produção mundial desta safra deverá crescer 5,8%, somando 178 milhões de sacas. A de café arábica sobe 8,8%, e a de robusta, 2,1%, segundo a OIC.
As exportações estão aquecidas. Em janeiro, foram 11,6 milhões de sacas, um volume recorde para o período e 36% a mais do que em igual mês de 2023.
Essa evolução se deve, em parte, à base de comparação, uma vez que janeiro de 2023 havia registrado as menores exportações para um primeiro mês de ano desde 2014.
No acumulado desta safra, de outubro de 2023 a janeiro de 2024, as vendas externas somam 40,9 milhões de sacas, 14% a mais do que em igual período anterior.
A participação do café robusta cresce nas exportações. Nos quatro primeiros meses da safra 2020/21, representava 33,8% do volume exportado. Nesta, atingiu 39,3%, somando 16,1 milhões de sacas.
O café solúvel tem bom desempenho. Nos quatro primeiros meses desta safra, as exportações atingiram o correspondente a 4 milhões de sacas, com alta de 7% sobre o volume do período anterior.
O Brasil é o principal exportador de café solúvel e, em janeiro, colocou o correspondente a 310 mil sacas no mercado externo, segundo dados da Organização Internacional do Café.
O indicador médio de preços da OIC registrou US$ 1,82 por libra-peso no mês passado, 3,2% acima do valor de 2023 e o mais elevado em 17 meses. Os suaves subiram 2,7%, e o robusta ficou 3,2% mais caro, atingindo o maior valor em 30 anos.
O saldo entre a produção de 178 milhões de sacas e o consumo de 177 milhões será de 1 milhão nesta safra.
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