Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí

Racismo ambiental precisa ser combatido com políticas públicas

Em catástrofes como a do RS, comunidades historicamente marginalizadas são as que mais sofrem

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O termo racismo ambiental é usado para descrever os efeitos das catástrofes climáticas que impactam em maior proporção negros, indígenas e povos tradicionais em vulnerabilidade.

A falta de saneamento básico, de coleta de lixo, de acesso à água potável e de aterros sanitários atinge mais intensamente as comunidades mais vulneráveis, como os territórios indígenas e quilombolas, que sofrem ainda com desmatamento, garimpo, assassinatos de lideranças e o pouco avanço nas demarcações de terra.

Moradores de Sinimbu limpam as ruas após águas baixarem - Gustavo Mansur/Divulgação/Palácio Piratini

Quando ocorrem catástrofes como a do RS, áreas e comunidades historicamente marginalizadas enfrentam maiores riscos e têm mais dificuldade para se reestruturar. Um exemplo é a aldeia guarani Pekuruty, destruída por ação do Dnit em meio ao desastre no RS, quando a comunidade indígena tinha sido evacuada por causa das enchentes. São mais de 80 comunidades afetadas no estado.

Chuva destruiu moradia de guaranis
Comunidade Pekuruty, de indígenas guaranis, em Eldorado do Sul, que foi atingida pelas chuvas; ao fundo, tratores do Dnit que os indígenas dizem terem destruído suas casas - Claudio Acosta/Arquivo pessoal

Por isso, 17 entidades civis publicaram carta direcionada a toda a sociedade do RS e do Brasil —especialmente aos órgãos públicos das três esferas administrativas— e à comunidade internacional. Na carta, apresentam o contexto real, fundamentado e atual da situação indígena do estado frente à calamidade climática.

Salientaram o papel da sociedade civil organizada no atendimento emergencial às comunidades afetadas e reivindicaram uma maior atuação e comprometimento dos governos, por meio de seus braços operacionais, para ampliar urgentemente o suporte aos territórios e estabelecer um núcleo multi-institucional de atuação de emergência, reconstrução e consolidação de assistência às famílias indígenas.

"Quando as águas começarem a baixar e a solidariedade que move as ações de apoio não for suficiente para atender todas as demandas, será imprescindível que o poder público tenha ocupado o seu devido lugar, assumindo suas obrigações.

Se faz necessário, então, que as demandas emergenciais das aldeias passem a ser tratadas como parte das políticas assistenciais e de gestão ambiental e territorial, visando atender todos os territórios, com recursos financeiros e estrutura física e de pessoal.

O coletivo enfatiza a responsabilidade do poder público em implementar medidas concretas e duradouras para garantir a segurança e o bem viver das comunidades indígenas na região", afirma o documento.

Os povos indígenas, maiores agentes de enfrentamento das mudanças climáticas e os mais impactados por seus efeitos, necessitam de políticas públicas que levem em conta o racismo ambiental, as desigualdades sociais e econômicas, incluindo políticas de clima, escuta, respeito e reparação para comunidades afetadas.

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