Morreremos nossas mortes nas florestas tropicais,
fertilizando e florescendo nosso corpo-território,
Flor do mato, correnteza do rio, fruto grudado no pé,
Macaco, tamanduá, árvore barriguda
Somos a natureza
Me apaixono pelo moço mais bonito da aldeia
enquanto conversamos sobre os astros e as estrelas
Conto pra ele histórias ancestrais
Sinto o vento forte nos tocar
"fuuuuuuuuuuuuu"
Conversamos sobre o tempo em que ainda não tínhamos nascido
sobre resistência e revolução
Falamos sobre um tempo e lugar que ainda não existe
de autonomia e libertação
Ele toca a flauta
e eu bato meu pé com chocalho no chão
Nós pintamos
para nossa proteção
Ele me lembra ao me questionar
que nunca podemos permitir deixar
que eles nos convençam que não existe outra opção
Mostramos para eles que neste mundo
cabem tantos outros mundos
E morreremos nas florestas amazônicas,
reflorestando e cultivando o amor e a cultura nos corações
de todo aqueles que ouvirem nossas canções
Lutaremos e defenderemos cada bicho e cada espírito
Seremos o muro contra a destruição
Na verdade somos nós a fenda contra esse muro
que chamam de civilização
mas na verdade é a colonização
Seremos a transformação
Voaremos como pássaros
que carregam sementes em seus bicos
para os 4 cantos do mundo
Plantando e cultivando
esperando colher os frutos de uma diferente cosmovisão
Seguirei traficando flores para vê-lo sorrir
Vai Governo
Vem Governo
e eu ainda prefiro declarar meu originário amor
Com a paciência de um pescador
Me enfeito e coloco minhas penas
com as cores mais vibrantes
E espero sua desatenção me notar
Poderiam nossos sonhos se realizar?
Como se diz na sua língua "quero te beijar?"
Sonhar, lutar e te amar!
Olho de novo pro seu rosto
e reconheço seus traços nos meus
Volto a falar dos planetas
Sobre as matas
E de tudo que ainda não aconteceu
Floresta protegida
Muita vida
Um banho gelado no rio
em um dia de verão
Te amo e te amo
Enquanto cantam essa canção
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.