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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Diferença do City para o Fluminense não é apenas individual

É também coletiva, estratégica, está na capacidade de avançar em bloco

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A enorme diferença técnica do Manchester City sobre o Fluminense e as outras grandes equipes sul-americanas não é apenas individual, porque o time inglês é mais rico e contrata os melhores jogadores. É também coletiva, estratégica. A longa permanência de Guardiola no City e de outros treinadores europeus ajuda bastante na eficiência do trabalho.

Se o Fluminense tivesse sido campeão mundial por situações surpreendentes, a mídia do exagero, do espetáculo, das manchetes, diria que Fernando Diniz deu um nó tático em Guardiola e que o Fluminense seria o time mais revolucionário do mundo.

O que funciona muito bem no Fluminense, assim como no City, é a troca de passes desde a defesa, o prazer de ter a bola, comandar o jogo e, no momento certo, priorizar a ousadia, a criatividade e o talento dos jogadores.

Walker dá passe no tranquilo triunfo do City em Jidá - Amr Abdallah Dalsh - 22.dez.23

A diferença principal da maneira de jogar entre as duas equipes não é posicional, como gostam de dizer, pelo fato de que o City usar pontas fixos enquanto o Fluminense adota variações nas posições e funções dos jogadores. Isso é o menos importante.

A grande superioridade e diferença coletiva do City está na pressão para recuperar rapidamente a bola, na marcação e nos avanços em bloco sem deixar espaços entre os setores. Quando a pressão é vencida, o goleiro e os defensores adiantados se posicionam muito bem e são rápidos para receber o contra-ataque. O goleiro brasileiro Ederson dá um show de passes precisos e de posicionamentos fora do gol.

O Fluminense, quando avança e perde a bola, deixa enormes espaços na defesa. O Al Ahly, contra o Fluminense, criou sete chances de gol. O Inter, quando foi eliminado na semifinal da Libertadores, teve mais oportunidades de gol do que o Fluminense.

A superioridade do Manchester City e das principais equipes europeias sobre as brasileiras não é somente individual e pela capacidade técnica de Guardiola e de outros treinadores. Ocorre também na formação dos jogadores desde as categorias de base, na estruturação profissional dentro e fora de campo, na maior valorização do espetáculo, na qualidade dos gramados e na ação dos árbitros e auxiliares.

Diniz diz que perder abrindo mão das convicções é perder duas vezes. Não é tanto assim. O técnico Guardiola do Bayern não é idêntico ao Guardiola do City. Ele evoluiu.

Os europeus, cada vez mais, formam jogadores que unem talento e intensidade, criatividade e disciplina, arte e técnica. Não existe mais o mito de que só o Brasil produz jogadores hábeis, fantasistas, artistas da bola. Não basta ter uma ótima estrutura profissional e treinar bastante. É preciso saber ensinar, separadamente. Não é produção em série, como se fosse uma fábrica de parafusos. Cada um tem seu jeito de fazer.

Repito, pela milésima vez, que o Brasil, há décadas, forma um grande número de bons e excelentes jogadores, espalhados pelo país e pelo mundo, mas faltam craques nas laterais, no meio-campo e na posição de centroavante, no nível dos melhores do mundo. Pior, não podemos contar com Neymar, ainda mais quando ele recua para começar as jogadas no próprio campo, como passou a fazer nos últimos anos.

O futebol não é apenas entretenimento. É também um negócio que precisa ser bem executado para dar lucros. Grandes clubes brasileiros aproveitam as benesses do governo, como ocorre em outras atividades comerciais, contratam jogadores caríssimos e pagam salários astronômicos a vários técnicos e jogadores como se eles fossem os melhores do mundo. Há uma grande farra.

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