M�dico e ex-jogador, � um dos her�is da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve �s quartas-feiras
e aos domingos.
Temos de engolir
O Flamengo sonhou que, no Maracan�, no reencontro saudoso com sua apaixonada torcida, ganharia todas as partidas. Ainda n�o venceu um jogo. Acontece!
Enquanto o Palmeiras possui v�rias caras, estrat�gias, o que surpreende o advers�rio, o Flamengo faz sempre tudo igual. Os jogadores pelos lados quase s� atuam pelos lados, o centroavante n�o sai do centro do ataque, e o meia de liga��o ocupa sempre o mesmo espa�o. A repeti��o excessiva cansa, empobrece. Quando tenta algo diferente, como a entrada do armador Mancuello, ele fica perdido, sem saber seu lugar.
Antes da chegada de Diego, Willian Ar�o, marcava, armava e atacava. Era o meio-campista. Hoje, toda a arma��o est� com Diego. Ar�o passou a ser um volante burocr�tico. Ele e Diego poderiam se completar na organiza��o das jogadas. O fim da depend�ncia a um �nico cl�ssico meia de liga��o foi um avan�o no futebol. Essas cr�ticas n�o apagam os muitos m�ritos do jovem t�cnico Z� Ricardo, uma grande promessa.
O Santos, vice-l�der, �, das grandes equipes, a que gasta menos com o elenco. � tamb�m a que troca mais passes, pelo incentivo de Dorival J�nior e por ter bons armadores, como Renato e Lucas Lima. Renato raramente erra um passe. N�o erra porque tem boa t�cnica e, principalmente, por fazer a escolha do passe certo.
Hoje, come�a a decis�o da Copa do Brasil. As chances s�o iguais. O gol fora de casa n�o vale mais que em casa. Os dois times confiam muito na vit�ria em seu campo. O Gr�mio corre o risco de n�o ganhar o t�tulo e de ficar fora da Libertadores pelo Brasileir�o. O exibicionista Renato ficaria sem gra�a. Se o Atl�tico-MG n�o for campe�o e confirmar o quarto lugar no Brasileir�o, ser� tamb�m uma decep��o.
Disseram tanto que o Atl�tico-MG tinha um excepcional elenco, que acreditaram. Acharam que bastaria trazer bons meias e atacantes. Esqueceram dos reservas para a defesa. Pior, o sistema defensivo � desorganizado e sofre muitos gols.
Apesar da preocupa��o dos t�cnicos brasileiros em incentivar a troca de passes, para recuperar o longo tempo perdido de chut�es, persiste o excesso de jogadas a�reas. Essa � uma das caracter�sticas do Palmeiras.
Mas n�o � a �nica. O time faz muitos gols em triangula��es e em jogadas de contra-ataque em velocidade. Tem �timos jogadores para isso, Dudu e Gabriel Jesus. O repert�rio � muito maior que o de outros times.
Pelo fato de ainda persistirem os chut�es e da divis�o que houve no meio-campo, entre os volantes que marcam e os meias que atacam, existe, no Brasil e na Am�rica do Sul, muito mais bons jogadores que atuam pr�ximos � �rea que no meio-campo. Alguns times, como a sele��o uruguaia, funcionam muito bem com os chut�es e lan�amentos longos para os �timos Su�rez e Cavani.
A sele��o brasileira possui tamb�m mais talentos no ataque. Paulinho � um meio-campista discreto, que quase n�o aparece para receber a bola. Prefere avan�ar e chegar � �rea para finalizar. O armador do time � Renato Augusto, auxiliado por Fernandinho. Mais � frente, sentiremos falta de mais talento no meio-campo.
Quando h� um bom conjunto e a fase � boa, jogadores comuns passam a atuar muito bem. O Chelsea, l�der do Campeonato Ingl�s, vive uma situa��o parecida com a do Brasil, com seis boas atua��es e seis vit�rias seguidas. At� Pedro tem brilhado. E ainda temos de engoli-lo.
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