É assim mesmo, o título: no modo afirmativo. Porque mais de um ano pandemia adentro, tendo aguentado 15 meses de desprezo pelo governo, medo pela sua segurança, incertezas de origens variadas, seu cérebro precisa de um alento, um carinho, um gesto que lhe diga "está tudo bem!" —mesmo que não esteja. Consertar o mundo é opcional. Se a eleição ainda leva um ano, a sensação de alívio pode ser imediata, ainda que efêmera, mesmo com tudo vindo abaixo.
Você precisa de uma massagem.
Não precisa nem ser por um profissional (fisioterapeutas e profissionais variados, calma: já falo de vocês). Se você é daquelas pessoas sortudas que têm quem você goste que toque em você pelado, e que gosta de tocar em você, basta encontrar um lugar privado, calmo, trancar a porta para não ser interrompido, desligar o maldito telefone, e deixar seu parceiro passear os dedos por sua pele.
A mágica requer um pouquinho de trabalho: é preciso descobrir a combinação de pressão e velocidade que cada pessoa gosta, e se com as pontas dos dedos ou com a mão. O toque leve que é uma carícia deliciosa para um pode ser cosquinha torturante para outro. Uns gostam de pressão sobre a pele, outros preferem o toque quase imperceptível. Nada que um pouco de espírito científico não resolva, com experimentação sistemática e observação dos resultados.
Porque o que importa é descobrir o tipo de toque que ativa os receptores de contato social, antigamente chamados de "sensores de tato grosseiro". Tato grosseiro, uma ova. Chamados assim porque esses sensores têm resolução baixa demais para servir para discriminação tátil (pense na versão mais velha e mambembe das câmeras de telefone, que só davam aquela imagem borrada que deixava a gente achando a tecnologia o máximo), essas fibras são craques em detectar contato sobre uma área grande da pele de uma vez só, com uma certa pressão, e uma certa velocidade.
Se eu tivesse chamado de "sensores de carinho" lá em cima, você provavelmente teria torcido o nariz. Mas é o que essas fibras nervosas são: os detectores que informam ao cérebro quando você recebe a atenção daquela pessoa querida que você gosta de ter bem perto. A consequência é que o cérebro, ao menos por um pouquinho, desliga os alarmes, cancela as preocupações... e relaxa.
E se você não tem essa pessoa, a "massagem fisioterapêutica" faz exatamente a mesma coisa —com o bônus de relaxar diretamente músculos e tendões. Feche os olhos e deixe seu cérebro se sentir bem tratado. Você merece.
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