O Flamengo está contaminado pelo salvatite, agora rebatizado de flatite. Como todas as doenças "ite" (hepatite, cistite, otite, labirintite), trata-se de uma inflamação. No caso da flatite, a torcida já vive em estado inflamado, mas agora com doses de ansiedade e esperança.
Entretanto, os sintomas mais graves podem causar ilusão e quase dependência. Corintianos já passaram por essa epidemia e até queriam de novo, mas levaram um choque de realidade e estão sob o tratamento do doutor Mano, o ponderado.
Nesta semana, jogadores do Flamengo também ficarão inflamados de Tite, o professor, ainda mais agora, que estamos com a Data Fifa em curso. Em poucos dias, você, querido leitor, querida leitora, verá alguma notícia citando como os atletas estão curtindo o treino e como o clima ficou mais leve. Alguém dirá que o grupo está fechado.
Podemos inclusive chamar essa parada de Data Tite, já que a tal Data Fifa não serve para nada em termos de seleção brasileira —uma vez que a CBF diz que o técnico da Copa será aquele outro senhor simpático, que está em Madri.
Tite assume após espertamente enrolar as negociações por tempo suficiente para não passar pelo perrengue de ter que encarar o Corinthians em Itaquera (ou foi coincidência?). É bom lembrar também que o professor só está disponível porque o projeto Passaporte da Alegria para a Europa naufragou. Nenhum clube de grande ou médio porte das principais ligas correu atrás de Adenor —pelo menos, não que tenhamos conhecimento.
A última vez que Tite trabalhou à beira do gramado foi na triste eliminação para a Croácia, na Copa Vai te Qatar. Depois da derrota nos pênaltis, saiu de campo e deixou Modric para consolar os jogadores brasileiros. Sampaoli, o Jorge, foi condenado por atitude similar após perder a Copa do Brasil. Porém —excelente notícia para os flamenguistas que não gostaram do ocorrido— não há nenhuma final à vista para o rubro-negro. Aguardemos a Taça Guanabara.
Já o Botafogo parece curado da brunolagite, severa enfermidade que estava drenando pontos do líder do Brasileiro. A inflamação causava grave dor no cotovelo do míster, que queria a qualquer custo desmontar o time de Luís Castro para remontá-lo com o seu toque, sintoma conhecido como soberba.
Curioso como os números nem sempre traduzem a história. Quando Luís Castro pediu demissão, o Botafogo era líder com sete pontos de vantagem em 12 rodadas. Quando Lage foi demitido, a vantagem era dos mesmos sete pontos, mas o clima era de velório.
Lúcio Flávio, o interino, tirou o Putfire de John Textor da agonia. Agora é só fazer o básico e não colocar Tiquinho no banco (pelamor). Com os resultados da última rodada pré-Data Tite, o Botafogo abriu nove pontos para o Bragantino e 11 para Grêmio, Palmeiras e Flamengo —nenhum perseguidor venceu. Nem uma flatite aguda parece suficiente para evitar que o alvinegro conquiste o título.
Enquanto isso, o Palmeiras busca antídotos para sua bocatite, doença recorrente no clube que vem de uma frente fria argentina. O antídoto cada vez mais passa pelos jovens jogadores do time de Abel, ainda baqueado após a eliminação para o Boca Juniors na Libertadores.
Neste domingo (8), contra o Santos, Rony foi zagueiro rival e evitou um gol do Palmeiras; já Gustavo Gómez foi jogar de atacante e não entendia como funcionava a linha do impedimento do lado de lá. Foi esquisito.
Mas há uma forte disputa pela vice-liderança, com oito times separados por seis pontos. Como todos querem uma vaguinha na próxima Liberta, convém dar as mãos e torcer por Fluminense (contra o Boca) e Fortaleza (contra a LDU), assim o G6 dá uma inflada, não inflamada.
Em tempo, o Arsenal (uhu) não só venceu o Manchester City por 1 a 0 no clássico da Premier League como limitou o time de Pepito Guardiola a dar apenas quatro chutes a gol.
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