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� senador pelo DEM-GO.
Escreve aos s�bados,
a cada duas semanas.
O desservi�o de Temer � democracia brasileira
Pedro Ladeira - 5.dez.17/Folhapress | ||
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O presidente Michel Temer durante cerim�nia em Bras�lia |
O ano de 2017 chega ao fim sem que a heran�a maldita do PT tenha sequer sido equacionada. Os problemas permanecem os mesmos de 2016, com um agravante: a desilus�o decorrente dessa in�rcia. Mais que isso, coniv�ncia com o governo anterior.
A pauta que levou o povo �s ruas naquela oportunidade n�o foi priorizada por Temer, cuja ascens�o � Presid�ncia deve-se apenas e t�o somente � rea��o popular que dep�s o governo petista.
O presidente n�o percebeu o momento hist�rico que o contemplou, nem a natureza da delega��o que recebeu. Em vez de se investir de institucionalidade, um clamor do povo, optou por governar como pessoa f�sica, nos termos daquilo que Ruy Barbosa classificava de "pol�tica com p� min�sculo".
Talvez pelos anos de conviv�ncia e participa��o nos governos petistas —e por ser conhecido como pol�tico, embora habilidoso, sem votos, expert na escola do "� dando que se recebe"—, Temer usa a institui��o Presid�ncia da Rep�blica para blindar amigos e apaniguados, garantindo-lhes foro privilegiado.
Mas n�o apenas: preserva a conduta petista de leiloar minist�rios, cargos, obras, libera��o de emendas, endossando um padr�o de governo que trai a pauta das ruas, diametralmente oposta a esta: combater a corrup��o e reduzir a m�quina p�blica.
Encurralado pelas den�ncias que atingem membros de seu governo e ele pr�prio, resolveu posar de "presidente reformista". � uma forma de desviar a aten��o do povo e buscar espa�o na m�dia para tentar explicar o inexplic�vel: a pr�tica continuada da corrup��o, do fisiologismo e das negociatas.
Da� a frustra��o da sociedade, que se sente usada diante da perman�ncia do modus operandi que rejeitou nas ruas. Sente-se por isso perdida, desorientada, sem saber em quem confiar para as verdadeiras mudan�as que precisam ser feitas, a come�ar pela reforma do Estado e a do pr�prio conceito de governar.
O desservi�o do governo Temer � democracia � enorme, pois fornece aos petistas o argumento que buscavam: o de que todos os pol�ticos s�o corruptos e a bandidagem do PT n�o era exce��o, sen�o regra. Mudou-se para n�o mudar.
N�o se pode esquecer que Temer era pe�a acess�ria do PT, seu segundo escal�o, eleito vice com os votos de Dilma.
Tudo isso repercutir� nas elei��es do ano que vem, que se prenunciam at�picas, com novas regras de financiamento e uma ferramenta nova, as redes sociais, que ter�o (j� t�m) influ�ncia muito maior que os hor�rios eleitorais do r�dio e da TV.
A pauta da sociedade n�o mudou. Ela quer uma reforma moral da pol�tica, cujo pressuposto � a redu��o do Estado a padr�es de efici�ncia, transpar�ncia e racionalidade.
Isso exige um estadista, que lhe fale com frequ�ncia, sem truques de marketing, sem teleprompter, olho no olho; que tenha vida pregressa que o credencie a tratar dos temas mais s�rios e complexos e a lhe pedir apoio para as mudan�as necess�rias, mesmo as impopulares, indispens�veis para corrigir distor��es cristalizadas.
Como um m�dico diante de um paciente politraumatizado —e � a tanto se assemelha hoje o pa�s—, ter� de compor uma equipe de profissionais competentes para salv�-lo, um primeiro escal�o em condi��es de resgatar a respeitabilidade da figura institucional de um ministro de Estado, hoje banalizada, escolhida para resolver n�o os problemas nacionais, mas os dos partidos e dos grupos de press�o.
A elei��o de 2018 ser� um grande divisor de �guas —e seus efeitos h�o de marcar o destino do pa�s pelas pr�ximas gera��es. Por isso, conclamo a todos que reflitam com crit�rio, patriotismo e responsabilidade antes de definir o seu voto.
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