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� senador pelo DEM-GO.
Escreve aos s�bados,
a cada duas semanas.
Sem ren�ncia de Temer, resta o impeachment
Ueslei Marcelino - 18.mai.17/Reuters | ||
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O presidente Temer durante pronunciamento em que negou ren�ncia, na quinta (18) |
Os acontecimentos desta semana, que sepultaram o governo Temer, evidenciam o estado terminal da pol�tica brasileira —e devolvem a economia � UTI, para onde a gest�o desastrosa do PT a havia conduzido. Economia e pol�tica s�o, na verdade, indissoci�veis.
N�o � poss�vel que uma esteja s� quando a outra est� doente. A esperan�a de que o governo Temer representasse efetiva mudan�a no pa�s, depois de 13 anos de esc�ndalos e gest�o temerosa, fez com que a economia, ainda sem melhorar, parasse ao menos de piorar.
Mas o governo Temer frustrou essa expectativa. Perdeu a oportunidade hist�rica de atender o clamor da sociedade, que, em megamanifesta��es de rua, sem precedentes na hist�ria do pa�s, pedia justi�a, transpar�ncia e eleva��o do padr�o moral da pol�tica.
Temer, inversamente, optou por formar um minist�rio em que figuravam alguns personagens associados �s piores pr�ticas. Em vez de um governo de not�veis, optou por um governo de not�rios.
N�o podia dar certo. A cada ministro que sa�a, envolto em esc�ndalos, a reputa��o e a confiabilidade do governo derretiam. Se a economia, entregue � gest�o de t�cnicos competentes, continha a sangria herdada do desgoverno anterior, a credibilidade pol�tica, que deveria avaliz�-la, definhava. A melhora dos indicadores, anunciada com euforia, n�o tinha sustentabilidade pol�tica.
Dependia de reformas, sobretudo a da Previd�ncia, que o governo, mesmo antes das den�ncias desta semana, n�o estava em condi��es morais de impor � sociedade. Agora, muito menos.
Um governo desacreditado n�o pode pedir sacrif�cios � sociedade, sobretudo a uma j� suficientemente penalizada, com 14 milh�es de desempregados, perplexa diante do circo de horrores que a Lava Jato exibe h� mais de tr�s anos.
O pa�s s� ter� condi��es de retomar a agenda reformista —e com ela a restaura��o efetiva da economia— em outro ambiente pol�tico.
O governo Temer acabou. O presidente, pol�tico experiente e pragm�tico, sabe disso, mas insiste em desafiar a crise, em defesa de sua imunidade institucional. O cargo lhe garante foro privilegiado. Com isso, presta um desservi�o ao pa�s —e a si mesmo.
Ren�ncia, em prol de algo maior —no caso, o interesse p�blico—, � tamb�m ato de grandeza. Temer est� diante de um momento decisivo de sua biografia, em que definir� em que termos a hist�ria ir� trat�-lo. Se insistir em ficar, ser� supliciado.
N�o est�o em pauta suas chances de absolvi��o no campo jur�dico. Politicamente, ele j� foi condenado pelo conjunto da obra. Conv�m lembrar que Fernando Collor, condenado politicamente, foi absolvido pelo STF. O tribunal pol�tico tem r�gua pr�pria —e � implac�vel quando se quebra o cristal da confian�a.
� poss�vel ainda que o presidente caia em si e perceba que o melhor servi�o que pode prestar � recupera��o da economia � permitindo a salva��o da pol�tica.
N�o percebeu que reformas de tamanha profundidade —e a� destaco a da Previd�ncia, por sua profunda repercuss�o na vida de cada trabalhador— n�o se restringem � contagem de votos no Parlamento. � preciso que tenham a chancela do cidad�o, que s� a dar� mediante o fator confian�a, que inexiste.
Sem ren�ncia, resta o doloroso caminho do impeachment ou o (mais prov�vel) da cassa��o da chapa Dilma-Temer. S� elei��es diretas podem renovar e oxigenar o ambiente polu�do da pol�tica. Crise pol�tica se resolve com pol�tica. E a necess�ria mudan�a constitucional pode ser obtida por um pacto suprapartid�rio que contemple, enfim, a voz das ruas.
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