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� senador pelo DEM-GO.
Escreve aos s�bados,
a cada duas semanas.
Um novo pa�s emerge da crise
Moacyr Lopes J�nior/Folhapress | ||
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Avenida Paulista durante as manifesta��es de 2013 |
Quando a sociedade brasileira come�ou a se manifestar nas ruas, a partir de 2013, n�o se tratava, como alguns pensaram, de protestos pontuais contra a corrup��o e a m� governan�a.
Se assim fosse, tudo se encerraria com o impeachment de Dilma, cujo governo, sob a �gide do PT, mesclou administra��o temer�ria com roubalheira sist�mica, em magnitude sem precedentes, levando o pa�s � ru�na econ�mica, moral e pol�tica.
Ali, no entanto, apenas se inaugurava uma nova e irrevers�vel fase na hist�ria do pa�s, ao que parece ainda n�o devidamente percebida pelos agentes p�blicos. E a� reside o cerne da atual crise, que �, sobretudo, de representatividade.
A sociedade n�o se reconhece no Estado, que, por sua vez, continua a v�-la como se nada houvesse mudado. As manifesta��es, no entanto, mostram que a sociedade descobriu o poder transformador das ruas. E de l� n�o mais sair�.
Organiza-se para tornar efetivo o par�grafo �nico do artigo 1� da Constitui��o, segundo o qual "todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente (...)".
Esse termo "diretamente" est� deixando de ser letra morta. As redes sociais s�o extens�es digitais da vida p�blica, que banem de vez a figura do Estado torre de marfim.
O recado � claro: o papel passivo da sociedade, como mera provedora de um Estado caro e inoperante, chegou ao fim.
O governo Temer, se n�o se der conta disso, n�o ter� �xito nas reformas que precisa realizar. N�o o conseguir� se continuar supondo que lhe basta obter maioria no Congresso.
H� 28 partidos no Congresso, nenhum com v�nculos efetivos na popula��o. Em tal contexto, cogitar voto em lista, uma reforma para esconder a cara dos maus pol�ticos, � aumentar o fosso que separa o pa�s oficial do pa�s real.
Foi-se o tempo em que o povo terceirizava seus problemas. Hoje, cobra l�gica e coer�ncia dos governantes; quer retorno de seus impostos. Reforma da Previd�ncia, sim, desde que extensiva a todos, sem privil�gios —e desde que devidamente explicada e debatida. E debate n�o � propaganda.
Aumento de impostos, sem que o Estado contenha os seus gastos, n�o. E assim por diante.
A agenda de temas em discuss�o no Congresso mostra a dist�ncia que o separa da sociedade. Neste momento, em que h� cerca de 14 milh�es de desempregados, a recupera��o da economia exige sua desregulamenta��o e medidas de incentivo ao emprego, n�o reforma pol�tica e medidas defensivas contra a a��o da Justi�a na Lava Jato, entre as quais a preserva��o do foro privilegiado.
O pa�s est� atento, de olho nos pol�ticos. Isso � bom. H� futuro e esperan�a e j� se v� crescente parcela de jovens imunes � doutrina��o esquerdista, em busca de projeto de prosperidade, baseado no est�mulo ao empreendedorismo e � meritocracia, sem os quais n�o h� justi�a social.
O Brasil possui reservas minerais estrat�gicas incompar�veis. Com todas as dificuldades que j� viveu e as que ainda vive, � o segundo maior exportador de alimentos, com uma das agriculturas mais sofisticadas e produtivas.
Mas possui potencial para ir muito mais longe. O pa�s tem sido ref�m de uma mentalidade pol�tica retr�grada, calcada no paternalismo estatal, que o debilitou ainda mais nesses 13 anos de desastrosa hegemonia petista. A cada elei��o, sob o est�mulo do marketing pol�tico, ansiava por um salvador da p�tria.
Lula prestou este servi�o: sepultou o ciclo messi�nico. O pa�s que emerge da crise se despoja de mitos e equ�vocos do passado, disposto a refundar a rep�blica em bases morais e racionais.
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