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� senador pelo DEM-GO.
Escreve aos s�bados,
a cada duas semanas.
Nenhuma economia se sustenta em ambiente de descr�dito institucional
Joel Silva - 8.fev.17/Folhapress | ||
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Soldados do exercito patrulham praia em Vila Velha, Esp�rito Santo |
As m�ltiplas facetas da crise brasileira –pol�tica, econ�mica, social, gerencial– convergem e se unificam em torno de um �nico ente: o Estado. A crise � dele e decorre, sobretudo, do deficit moral que ostenta. N�o � condi��o recente, mas, sem d�vida, agravou-se enormemente no per�odo em que teve o PT a conduzi-lo.
A hipertrofia agravou a inefic�cia e o custo, favorecendo, por tabela, a corrup��o. O que era latente tornou-se patente. As institui��es est�o, como nunca antes, desacreditadas perante a popula��o. Os fatos recentes levaram esse quadro de deteriora��o ao paroxismo. Assistimos em 2016 ao impeachment da presidente da Rep�blica e ao afastamento e � pris�o do presidente da C�mara dos Deputados, ambos acusados de delinquir no exerc�cio do cargo.
N�o bastasse, diversos outros agentes p�blicos (PT em maioria) e empres�rios ou est�o presos ou s�o r�us ou est�o denunciados. Ou as tr�s coisas juntas.
No Judici�rio, n�o s�o poucas as den�ncias de venda de senten�as, com puni��o desproporcional � gravidade do delito (aposentadoria com preserva��o dos proventos), e sal�rios que ultrapassam muitas vezes o teto constitucional.
Nenhum dos poderes escapa ao striptease moral em curso. O resultado � a crise institucional que presenciamos, sem precedentes.
O ano come�ou com duas crises agudas na �rea da seguran�a: uma, dentro dos pres�dios –em Manaus, Boa Vista, Natal–, e outra fora, nas ruas, no Esp�rito Santo. O saldo de mortes, na soma dos dois casos, ultrapassa duas centenas de pessoas.
�ndice de guerra civil. Em ambos os casos, ressaltam a impot�ncia e a omiss�o das for�as repressivas, o bra�o armado do Estado. A pol�cia n�o agiu nos pres�dios, optando por assistir � matan�a entre os presos. E, no Esp�rito Santo, a PM ausentou-se das ruas.
Em tr�s dias, 113 mortos. Somente no quarto dia, as for�as federais se apresentaram, quando os danos j� eram colossais.
Para que se tenha uma ideia da magnitude dessa trag�dia, basta lembrar que, segundo n�meros da Comiss�o da Verdade, morreram, ao longo dos 21 anos do regime militar –e na grande maioria dos casos em enfrentamento armado–, 434 pessoas, � m�dia de 21 pessoas por ano. A crise capixaba matou mais de 30 por dia.
Segundo o Mapa da Viol�ncia, levantamento sistem�tico do n�mero de v�timas da criminalidade no Brasil, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ci�ncias Sociais (Flacso), a m�dia anual, de uma d�cada para c�, � de 60 mil mortos por ano, contabilizados apenas os que morrem no local do crime.
S� para efeito de compara��o, os mortos civis na guerra da S�ria, de 2008 at� 2015, segundo levantamento do Observat�rio S�rio para Direitos Humanos, somam 71.781 civis.
� �bvio que � preciso mudar praticamente tudo em mat�ria de seguran�a p�blica. Mas � tamb�m �bvio que n�o se far� isso -n�o na plenitude necess�ria- dissociado de uma reforma em profundidade do Estado. Reforma moral e estrutural.
O gigantismo estatal gerou um monstro, que hoje tiraniza a sociedade; em vez de servi-la, serve-se dela, impondo-lhe uma das mais altas cargas tribut�rias do planeta. A corrup��o � um subproduto, que se soma � monumental inefic�cia dos servi�os e condena as institui��es ao mais profundo desprezo por parte da sociedade. N�o h� democracia que resista a isso por muito tempo.
A insurrei��o policial capixaba e os crimes da Lava Jato resumem, mas n�o esgotam, o quadro terminal da trag�dia c�vica brasileira. Nenhuma economia, ainda que conduzida com efici�ncia t�cnica, se sustenta em um ambiente de descr�dito institucional.
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