![ronaldo caiado](http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15184344.jpeg)
� senador pelo DEM-GO.
Escreve aos s�bados,
a cada duas semanas.
Estado oficial desconhece poder do Estado paralelo
O colapso do sistema penitenci�rio � a evid�ncia mais alarmante da fal�ncia do Estado brasileiro. Se n�o consegue garantir a seguran�a nos pr�prios pres�dios, que dir� no lado de fora. E seguran�a p�blica � insumo elementar e imprescind�vel em qualquer regime pol�tico.
A neglig�ncia de sucessivos governos, agravada e estimulada pelo PT, consolidou no pa�s um Estado paralelo, que reina nas periferias das cidades, fazendo da parcela mais vulner�vel da popula��o escudo humano involunt�rio contra a a��o repressiva da pol�cia.
O PT, em vez de combater esse quadro, deu-lhe contornos ideol�gicos, associando criminalidade � pobreza, como se uma decorresse da outra, premissa que a Opera��o Lava Jato desmente.
A ideologiza��o do crime, al�m de incrementar a impunidade, imp�s absurda invers�o de valores, vitimizando o bandido e vilanizando o policial. O cont�nuo abrandamento da legisla��o, sob a �gide do discurso esquerdista e dos direitos humanos pelo avesso, fez o resto.
Nesse contexto, o crime organizou-se, expandiu-se e lan�ou tent�culos sobre o pr�prio Estado.
Est�o a� den�ncias contra as mais diversas autoridades estatais -ju�zes, procuradores, parlamentares, governantes, funcion�rios p�blicos graduados. Atra�das pelos muitos milh�es do narcotr�fico e do contrabando de armas, a eles se associaram, permitindo que as coisas chegassem aos n�veis atuais.
Com a anu�ncia de autoridades corrompidas e/ou intimidadas, esse Estado paralelo comanda a a��o, sempre expansiva, da criminalidade, que hoje � urbana e rural e produz mais de 60 mil v�timas
por ano -�ndice de guerra civil.
Os recentes conflitos entre quadrilhas, em Manaus e em Boa Vista, evidenciaram, outra vez, que estar preso n�o significa estar fora de combate. Muito pelo contr�rio. Os pres�dios s�o fortalezas (e n�o o fim da linha) para o crime, onde funcionam como bunkers dos chefes desses grupos, que de l� planejam e comandam os seus asseclas. S�o hoje cerca de 20 corpora��es criminais (o termo "quadrilha" � modesto para as dimens�es adquiridas), em que pontificam os not�rios Comando Vermelho e PCC sempre em luta por hegemonia.
O Estado oficial desconhece o tamanho real e o poder destrutivo do Estado paralelo, em regra mais bem equipado e adestrado. O PCC, por exemplo, se gaba de possuir 200 mil adeptos, embora os �rg�os de seguran�a o avaliem na escala de 20 mil.
Essas fac��es criminosas, que governam parte do pa�s -e o infernizam por inteiro-, n�o se improvisaram. Est�o h� d�cadas no notici�rio, j� foram temas de filmes, livros, teses universit�rias.
Ao que parece, apenas o Estado oficial n�o os percebeu ou n�o lhes deu maior import�ncia -ou, ao contr�rio, viu neles, na fat�dica era PT, aliados essenciais para o projeto revolucion�rio bolivariano.
H� muito, a esquerda revolucion�ria constatou que a margin�lia, n�o os prolet�rios, como sup�s Marx, � que constitui o ex�rcito revolucion�rio por excel�ncia, pela aus�ncia de valores morais e pela falta de consci�ncia de classe.
Em decorr�ncia, tem-se hoje no Brasil um Estado impotente para combater o crime. Cobra uma das mais altas cargas tribut�rias do planeta e n�o tem meios de entregar uma das mercadorias mais b�sicas de um contrato social, que � a seguran�a p�blica.
Sem uma reforma em profundidade do Estado, que o desinche, d�-lhe transpar�ncia e governabilidade, os planos de seguran�a, embora indispens�veis, ser�o sempre paliativos. Tais como tamb�m, diga-se de passagem, os planos econ�micos e tudo o mais.
Sanear o Estado �, acima de imperativo pol�tico e econ�mico, fundamento moral, sem o qual n�o teremos futuro.
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